Rússia exige explicações dos Estados Unidos pelos ataques perpetrados do solo turco contra o norte sírio, alegando que Turquia é membro da coalizão antiterrorista. Nas primeiras 24 horas do cessar-fogo, monitoramento russo registrou nove violações à trégua - seis por parte dos "rebeldes", apoiados por Ancara e Washington
Edu Montesanti (Diário Liberdade, Galiza) http://www.diarioliberdade.org/
O Exército turco, estacionado na fronteira com a Síria, lançou uma série de ataques contra a cidade síria de Tal Abyad (norte) na madrugada de 27 para 28 de fevereiro, menos de 24 horas após o início do cessar-fogo em solo sírio acordado por Moscou e Washington, cujo acordo contava com a participação de todas as partes envolvidas na guerra síria, com exceção dos grupos terroristas Estado Islamita e Frente Al-Nusra.
O ministro de Defesa da Rússia, general Serguei Kuralenko, declarou que o Centro Russo de Reconciliação na Síria solicitou ao Centro Norte-Americano explicações pelos ataques já que Damasco é membro da coalizão antiterrorista liderada por Washington, que combate em território sírio em meio ao conflito armado.
Segundo o Centro Russo, nas primeiras 24 horas do cessar-fogo pelo houve nove violações ao cessar-fogo: seis delas se deram a partir das áreas suburbanas da capital de Damasco, controlada por grupos de "rebeldes moderados" listados pelo lado norte-americano como comprometidos a respeitar a trégua. Tais fatos têm sido confirmados pela base aérea russa de Hmeimim, na cidade de Latakia (litoral sírio),
Por Que a Versão Russa É Confiável?
As agências de notícias internacionais, sabidamente tendenciosas pró-Washington, tampouco têm reportado a versão russa neste caso, de que uma série de ataques nas primeiras 24 horas de cessar-fogo partiu dos turcos. Tudo indica que o monopólio da informação global seguirá em silêncio neste sentido, pautando assim os grandes meios de desinformação das massas nos próximos dias.
Mas não há motivos para duvidar da veracidade das informações russas, como nunca houve desde que eclodiu a Guerra Civil na Síria em 2011, incentivada secretamente pelos Estados Unidos conforme atesta este cabo secreto (https://wikileaks.org/plusd/cables/09DAMASCUS306_a.html) emitido pela Embaixada norte-americana em Damasco (intitulado Próximos Passos para uma Estratégia de Direitos Humanos, tal telegrama evidencia como os EUA enviaram, secretamente de 2005 a 2010, 12 bilhões de dólares à oposição síria e financiou instalação de canal de TV via satélite, transmitindo dentro do país programas contra o regime de Bashar al-Assad).
Vale recordar que o próprio primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, havia reconhecido em entrevista (http://www.aljazeera.com/programmes/talktojazeera/2016/02/turkish-pm-attack-pay-price-160223073208847.html) à rede de TV catarense Al-Jazeerano último dia 23, que seu governo estava apoiando grupos armados no país vizinho. Para isso, ao longo de todos estes anos o regime turco tem recebido apoio exatamente dos regime de Obama (leia reportagem doNew York Times de 24 de março de 2013, que comprova participação secreta inclusive da CIA no apoio a Ancara a fim de armar "rebeldes"
Enquanto Moscou tem obtido significativos êxitos no combate ao autodenominado Estado Islamita, bem ao contrário de Washington, vale fazer-se ainda uma breve revisão histórica da Guerra Civil síria envolvendo os Estados Unidos em outras mentiras, cujos documentos governamentais e outras comprovações, falam por si só em contraposição à omissão da mídia predominante - que em alguns poucos casos, quando não há mais como negar, veiculam determinadas informações - jamais contidas em suas linhas editoriais - para logo fazê-las se perderem no ar, entre uma torrente de notícias destinadas muito mais a confundir a opinião pública.
Por Que Não Acreditar no Silêncio Omisso dos EUA?
"Podemos atacar [a Síria] quando quisermos [grifo nosso]", havia declarado unilateralmente o Prêmio Nobel da Paz, Barack Obama, nos idos de 31 de agosto de 2013, quando a América ainda se julgava absolutamente sem concorrentes no planeta a fim de realizar seus caprichos, atrás da histórica política coercitivo-expansionista de Tio Sam.
A isto, respondeu o presidente venezuelano Nicolás Maduro, considerado ditador pela mídia internacional em contraposição ao bom moço Barack Obama: "É muito grave que Obama pretenda substituir aos organismos da ONU (...). Ninguém no mundo pode assumir o poder de ser tribunal, juiz e polícia de uma vez só porque, então, estaríamos falando de um mundo sem lei. Rechaçamos qualquer ataque militar contra a Síria. Em qualquer cenário que se estivesse sendo planejado, seria um ataque de carácter criminoso. Se todos os governos do mundo se dedicassem a julgar e condenar outros governos por suas diferenças, prevaleceria a guerra"
Pois bem: conforme aponta este documento (http://www.state.gov/r/pa/prs/ps/2012/12/201759.htm) emitido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos em 11 de dezembro de 2012, a Casa Branca sempre teve plena consciência que os tais "rebeldes insurgentes" financiados e armados por ela pertenciam à Al-Nusra, filial da Al-Qaeda na Síria. Três dias antes, o próprio The New York Times reportava (http://www.nytimes.com/2012/12/09/world/middleeast/syrian-rebels-tied-to-al-qaeda-play-key-role-in-war.html?pagewanted=all&_r=0) tal fato.
A Comissão Independente da ONU, encarregada de inspecionar armas químicas na Síria, boicotada justamente pelos EUA, confirmou em maio de 2013 o uso de armas químicas pelos "rebeldes" da Al-Qaeda dentro do território sírio. Enquanto isso, a administração de Barack Obama não conseguiu jamais provar o uso dessas bombas por parte das forças de Al-Assad. "Estas [bombas químicas] foram usadas por parte da oposição, os rebeldes, e não pelas autoridades governamentais", afirmou a investigadora Carla del Ponte, membro da Comissão da ONU (leiareportagem (http://articles.chicagotribune.com/2013-05-05/news/sns-rt-us-syria-crisis-unbre94409z-20130505_1_chemical-weapons-sarin-syria) do jornal The Chicago Tribune, de 5 de maio de 2013).
Em dezembro de 2012, a CNN já havia informado que forças norte-americanas estavam treinando os rebeldes a manejar armas químicas, na reportagem EUA Ajudando Rebeldes no Treinamento na Segurança de Armas Químicas (http://security.blogs.cnn.com/2012/12/09/sources-defense-contractors-training-syrian-rebels-in-chemical-weapons/). "Os Estados Unidos e alguns aliados europeus estão usando empreiteiros da defesa para treinar rebeldes sírios na proteção dos estoques de armas químicas na Síria, disseram à CNN um alto oficial dos EUA e vários diplomatas", diz a reportagem.
Não apenas nas origens desta Guerra Civil síria, que até agora matou mais de 250 mil pessoas, estão contidos os interesses econômicos e estratégicos dos Estados Unidos na região mais rica em petróleo do planeta. Não é e nem nunca foi possível crer na sinceridade dos Estados Unidos, e muito menos no silêncio omisso que, agora e uma vez mais, engole a seco diante das novas declarações do Kremlin com exigência de explicação junto ao Império em decadência.
A "Guerra ao Terror" iniciada oficialmente em outubro de 2001 (arquitetada já em programa de campanha presidencial de George Bush filho, bem antes dos atentados do 11 de Setembro), a Guerra Irã-Iraque (mais sangrenta pós-II Guerra Mundial, por questões fronteiriças acirradas por Washington), a invasão secreta da CIA ao Afeganistão em 1979 a fim de empurrar a ex-União Soviética a um confronto naquele inóspito país do ponto de vista militar ("O envolvimento dos EUA no Afeganistão antecedeu ao da União Soviética, contrariando a versão oficial de que a ajuda da CIA aos mujahidin começou de 1980", conforme declarações de Zbiegniew Brzezinski, funcionário do Conselho Nacional de Segurança dos EUA de 1977 a 1981), e o próprio golpe da CIA, reconhecido em 2013 por ela mesma contra o primeiro-ministro iraniano Mohammad Mosaddeq, em 1953, somam-se a inúmeros fatos que não deixam dúvidas em relação ao Estado mais terrorista da história.
Vitórias Russas sobre os Terroristas
Os próprios políticos norte-americanos mais conservadores dizem que com terrorista, nem sequer se dialoga. O mundo pacífico (que, em geral, deve deixar de ser passivo por mais que ambos os termos coincidam não apenas foneticamente, como também no falso conceito de serem indissociáveis) lamenta o excesso de cinismo esbanjado pelos moribundos xerifes do planeta.
A Rússia está vencendo, dia após dia, a guerra suja perpetrada pelos Estados Unidos nas mais diversas frentes - inclusive na esfera midiática.
O Império está ruindo - na era da Internet e da proliferação da mídia alternativa sabe bem disso, e se desespera tanto quanto a agonizante mídia que o representa com sucessivas derrotas.
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