A União Europeia é a mais antidemocrática das instituições que só existe para servir aos interesses daqueles que por algum motivo não conseguiram entrar na hierarquia política nos seus próprios Estados-membros e que vivem para servir de lacaios aos interesses de um bando de intrigantes e sonhadores que vivem nas nuvens, alimentados por alguma ilusão demente de uma quimera quixotesca: uma Europa Unida.
Eu nasci fora da União Europeia, num país cujo governo teve a brilhante idéia de entrar, sem realização de um referendo. Eu mudei para outro país europeu, mas fora da União Europeia - Portugal. Novamente, o Governo deste país decidiu aderir. De repente encontrei-me com liberdade de movimento e de residência. Outra vez, ninguém me pediu a minha opinião. Ninguém me perguntou onde ou como o dinheiro dos fundos estruturais deveria ser gasto, ou se estava a ser bem aplicado, apesar de eu ver há vinte anos que estava a ser pessimamente empregue.
O economista Michael Porter E.U. foi convidado a escrever um relatório, que foi recebido com um sorriso de escárnio pelo Governo do então primeiro-ministro Aníbal Silva (actual Presidente de Portugal), o homem que alegou humildemente que raramente se engana e costuma ter razão, o homem por cujas mãos passaram milhares de milhões de Euros.
Para quê? O resultado imediato foi uma política de obras públicas que tem continuado ininterruptamente em Portugal desde meados da década de 1980, sem produzir qualquer resultado tangível do que indicadores sócio-económicos que se tornam cada vez mais deprimentes enquanto países como Chipre e Malta sobem na tabela e Portugal s e afunda cada vez mais.
É irônico que, hoje, um grupo de ex-ministros das Finanças de Portugal visite o presidente Silva, quando foi justamente ele que foi o pai do gasto público maciço em Portugal.
Ninguém me perguntou se eu queria Maastricht, ninguém me perguntou se eu queria Nice, ninguém me perguntou se eu queria que o Tratado de Lisboa. Ninguém me perguntou se eu queria aderir ao Euro e prontamente ver os preços a triplicar enquanto os salários permaneceram os mesmos.
Ninguém me disse em nenhum manifesto político que aqueles que realmente controlam a minha pensão de reforma, o meu nível de vida, os que realmente controlam os impostos que eu pago no final do dia são anónimos que eu nunca elegi, trabalhando em alguma agência de rating do outro lado do oceano Atlântico chamado Moody's ou Standard and Poors ou Fitch.
Eles são aqueles que de forma unilateral e antidemocrático anexam taxas de crédito para a dívida da Grécia, Rep. Irlanda, Itália, Portugal ou Espanha (GRIPE não demonstra mais respeito do que PIGS (porcos)?) E esta notação de crédito tem um efeito directo sobre os cupões (juros) ligados às obrigações ou dívida nacional, tanto na data de vencimento (quando o prazo para o rembolso expira) e também sobre a capacidade de vender novos títulos (que afeta o rendimento).
Ninguém me perguntou se eu queria que esse regime ridículo, ninguém me disse que o sistema financeiro que está sendo criado era insustentável e sujeito a ataques especulativos. Nem um único governo ou instituição europeia me protege apesar de eu ter passado décadas cumprindo cada e todo o pré-requisito que tenha sido colocado pelas autoridades no país onde eu escolhi viver, como foi meu direito.
Agora que eu estou perto da idade para me reformar, por causa da estranha e maravilhosa anti-democrática União Europeia e os seus iluminados eurocratas, eu nem sei se vou ter uma pensão. Só sei que apesar de ter trabalhado mais do que qualquer pessoa que eu conheço, com certeza o cálculo vai ser bastante mais pesado contra mim. Depois de uma vida inteira de sacrifícios, e de ter cumprido a letra de todas as exigências que foram feitas cada vez que sucessivos governos pediram mais sacrifícios aos portugueses, nem sei se vou receber o meu subsídio de férias ou meu subsídio de Natal. Sei, sim, que o Primeiro Ministro José Sousa está pensando em aumentar o IVA e incrementar os impostos.
Se esta é a União Europeia, então eu acredito que está na hora de mudar de rumo pela terceira vez, saindo fora dela e nunca mais voltar, mesmo que isso envolve a perda de todos os meus direitos acumulados. Porque ao fim e ao cabo, vivendo em Portugal e na União Europeia, quase não tenho direitos nenhuns.
John WHITEHOUSE
PRAVDA.Ru
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