Irã vive o momento de maior agitação desde a revolução islâmica de 1979. Com milhões de pessoas nas ruas contestando o resultado das eleições presidenciais, supostamente ganhas pelo atual presidente Ahmadinejad, os protestos já dividem o regime e as consequências são imprevisíveis.
O líder supremo, ayatollah Ali Khamenei
O grande ayatollah Sayyid Ali Hoseyni Khamenei é o Líder Supremo do Irão desde 1989, sucedendo ao ayatollah Khomeini depois da morte deste. O cargo de Líder Supremo, criado pela Constituição da República Islâmica, é o mais alto cargo político e a mais alta autoridade religiosa da Nação, superior, portanto, ao de Presidente da República. Aliás, é ele que nomeia seis dos 12 juristas que compõem o Conselho dos Guardiães, que decide quem pode se candidatar à Presidência.
Khamenei foi presidente do Irão entre 1981 e 1989, sendo eleito com mais de 95% dos votos e posteriormente reeleito com 85%. Meses antes, foi vítima de um atentado que terá sido perpetrado pela Organização Mujahedin Khalq, tendo sido ferido no peito e na mão.
A sua presidência foi marcada pela repressão contra os "desvios, o liberalismo e a esquerda" e pela guerra Irão-Iraque (1980-88). Durante quase todo o seu mandato, o primeiro-ministro foi Mir Hussein Moussavi, até que em 1989 esse cargo foi extinto.
Confirmou a validade das últimas eleições e disse que Ahmadinejad é "o presidente de todos os iranianos"
Site oficial: http://www.leader.ir/langs/en/
Mahmoud Ahmadinejad
Engenheiro civil formado pela Universidade de Teerão, Mahmoud Ahmadinejad foi fundador da Associação Islâmica de Estudantes da Universidade de Ciência e Tecnologia. Durante a guerra Irão-Iraque, participou das forças voluntárias em diferentes frentes de batalha.
Governou as cidades de Makd e Khoy durante quatro anos e foi conselheiro do governador-geral da província de Curdistão. Tornou-se governador da província de Ardabil, em 1993, sendo destituído em 1997 pelo presidente Mohammad Khatami.
Em Junho de 2005, foi eleito presidente, obtendo cerca de 62% dos votos e derrotando na 2ª volta Hashemi Rafsanjani. Disse na campanha que pretendia criar "um governo exemplar para os povos do mundo" e definiu a sua política dentro dos princípios islâmicos e revolucionários. Um dos seus proclamados objectivos foi "pôr o rendimento do petróleo na mesa das pessoas".
Apesar de ser profundamente religioso, foi um dos primeiros não integrantes do clero a ser eleito presidente do Irão desde 1981.
São conhecidas as suas posições linha-dura, opondo-se às reformas das instituições políticas.
Site oficial: http://www.president.ir/en/
Mir Hussein Moussavi
Arquitecto formado pela Universidade de Teerão, é especialista em arquitectura islâmica tradicional e preside à Academia Iraniana de Artes. Foi o quinto e último primeiro-ministro do Irão, de 1981 a 1989. O cargo foi extinto, na mudança constitucional de 1989.
Nos primeiros anos da revolução, foi editor do jornal oficial do Partido Republicano Islâmico, o Jomhouri-e Eslami ("República Islâmica").
Manteve-se fora da política depois de 1989, mas voltou para concorrer à Presidência, contando com o apoio dos ex-presidentes Mohammad Khatami e Hashemi Rafsanjani. A sua candidatura despertou uma onda de entusiasmo e desencadeou a revolta quando foi anunciada a vitória de Ahmadinejad, denunciada como fraudulenta. Moussavi pediu a repetição das eleições e chamou a sucessivas manifestações de protesto.
Mohammad Khatami
Formado em Filosofia ocidental na Universidade de Isfahan, estudou Ciências Islâmicas em Qom, até o mais alto nível, Ijtihad. Foi depois para Alemanha, onde dirigiu o Centro Islâmico de Hamburgo, cargo que ocupou até a Revolução iraniana. Foi deputado de 1980 a 1982 e Ministro de Cultura (de 1982 a 1986, e por um segundo período de 1989 até o 24 de maio de 1992, data em que renunciou).
Em 1997, Khatami foi eleito presidente com cerca de 70% dos votos, e reeleito para um segundo mandato em 2001. O centro da sua campanha foi o império da Lei, a democracia e a inclusão de todos os iranianos no processo de tomada de decisões políticas.
Khatami concorreu inicialmente às eleições de 2009, mas depois retirou-se da disputa e apoiou Hussein Moussavi.
Ali Akbar Hashemi Rafsanjani
Estudou teologia em Qom junto com o ayatollah Khomeini, tornando-se muito próximo deste. Foi presidente do Parlamento de 1980 a 1989. No último ano da guerra com o Iraque, foi nomeado por Khomeini comandante em-chefe das Forças Armadas.
Rafsanjani foi o presidente do Irão entre 1989 e 1997. Em 2005 candidatou-se outra vez, venceu o 1º turno, mas perdeu no segundo turno para Ahmadinejad.
É considerado o homem mais rico do Irão. A sua família possui um vasto império empresarial na área do comércio externo (é o maior exportador de pistácio do país), possui vastas propriedades fundiárias e é dona da maior rede de universidades privadas do país, com 300 campi em todo o país e 3 milhões de estudantes.
Apoiu Moussavi e foi acusado de corrupção por Ahmadinejad. Os seus filhos foram impedidos desair do país durante a actual crise.
Guarda Revolucionária
O Corpo da Guarda da Revolução Islâmica do Irã foi criado logo após a revolução para defender o sistema islâmico do país e para oferecer um contrapeso às Forças Armadas. Desde então, tornou-se uma importante força militar, política e económica no Irão, com fortes vínculos com o Líder Supremo e com o presidente Mahmoud Ahmadinejad, um de seus ex-membros. Calcula-se que tenha 125 mil tropas activas.
A guarda também tem uma presença poderosa em instituições civis e, acredita-se, controla cerca de um terço da economia do Irão por meio de uma série de subsidiárias.
Milícias Basij
A Guarda Revolucionária também controla a Força de Resistência Basij, uma milícia voluntária islâmica com cerca de 90 mil homens e mulheres e capacidade adicional de mobilizar quase um milhão de pessoas.
Em tempos de crise, a Basij, ou Mobilização dos Oprimidos, é chamada com frequência às ruas para acabar com a discórdia por meio da força. Possui núcleos em todas as cidades do país.
Fonte: http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=12457&Itemid=121
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