A massiva solidariedade internacional da Cuba

Uma história que nunca se vai ler na mídia internacional é a massiva ajuda prestada por Cuba aos países em desenvolvimento, sempre sem qualquer retorno económico para Havana, sempre disponibilizada na condição que é entregue aos mais necessitados e gratuitamente. Ao contrário de outros países, Cuba não anda a gabar-se daquilo que faz, preferindo trabalhar conscientemente, com humildade…solidariedade sem interesse próprio.

Entrevista com Sua Excelência Ana Maria Diaz Canel. Embaixatriz da República da Cuba em Lisboa, conselheira cultural e do desenvolvimento.

PRAVDA.Ru: Em que áreas a Cuba presta ajuda humanitária aos países em desenvolvimento?

A Cuba trabalha em várias áreas dependendo da necessidade de cada caso.

Podemos dizer que Cuba entregue ajuda humanitária/programas de cooperação e solidariedade nas áreas de saúde, educação, assessoria, programas de cooperação energética e esporte.

PRAVDA.Ru: Quando começou a ser entregue esta ajuda humanitária?

No início da década dos anos 60, pouco depois da Revolução Cubana em 1959. Concretamente, as primeiras acções foram em Chile (terremoto) e Argélia (inundações). Desde o início, as “regras” foram bem traçadas – o apoio humanitário cubano é entregue em áreas necessitadas onde existe precariedade, é sempre gratuita para os beneficiados e o quê é importante, Cuba faz grandes esforços não só para entregar a ajuda mas também ensinar e apoiar projectos de desenvolvimento, de maneira que estes países possam ajudar a si próprios.

A ideia de Fidel Castro era desde o início entregar ajuda aos necessitados não só em Cuba mas no mundo inteiro, seguindo a linha de José Martí “La ignorância mata los pueblos” e

“Pátria é Humanidad”!

PRAVDA.Ru: Então a área da educação tem primeiro lugar…

Tem um lugar muito importante. O programa cubano “Yo sí, puedo!” reconhecido pela UNESCO, implementou programas de alfabetização específicos, talhadas para as populações, para erradicar o analfabetismo. Beneficiaram mais que 3.200.000 pessoas em mais que 20 países. Sob este programa, Venezuela já foi declarada livre do analfabetismo e em 2008, assim será também a Bolívia.

Cuba aborda as necessidades com uma iniciativa multi-facetada: por exemplo, Operación Milagre foi lançada na Venezuela, depois de averiguar que muitas pessoas não podiam aprender a ler porque não conseguiam ver, por isso antes de iniciar o programa de alfabetização, foram enviados médicos para diagnosticar e operarem as cataratas. Por isso muitas das iniciativas cubanas não incidem só na área de educação ou saúde, mas sim, pertencem a um conjunto de áreas e os programas de apoio são talhados conforme as necessidades mas repito, sempre, sempre são entregues com base gratuito e nas áreas onde as pessoas são mais necessitadas.

Em várias outras iniciativas, Cuba concede 2.000 bolsas de estudo por ano em diversas áreas.

PRAVDA.Ru: Poderia dar-nos alguma ideia da escala desta cooperação?

Sim, até hoje 270.000 colaboradores trabalharam em 123 países entregando programas de desenvolvimento gratuito, 15 0 .000 destes na área da saúde. Seria difícil alistar todos os programas num artigo, mas para dar só uma ideia muito geral, por exemplo 1.270.000 pessoas em 33 países foram operadas aos olhos, metade destas nos seus países de origem.

Há também programas de colaboração com outros países, por exemplo ALBA (Alternativa Bolivariana para América Latina, nomeadamente Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Dominica, Honduras e Cuba) em que Venezuela garante a transportação para os cidadãos destes países e Cuba fornece o alojamento e tratamento, gratuito.

Cuba estabeleceu 37 centros oftalmológicos em vários países da América Latina, Caribe e África…e 38.000 profissionais na área da saúde trabalham em 70 países, não só entregando serviços de saúde mas trabalhando como docentes, ensinando aos cidadãos locais os métodos da escola cubana de medicina, mais prática.

Neste momento, está a ser implementado o programa Assistência Médica Domiciliária para tratar as pessoas nos seus lares e mais uma vez, os técnicos cubanos empenham-se em ensinar como estabelecer estas redes – o mais importante recurso de Cuba é seu tecido humano mas Cuba não tem a possibilidade de satisfazer as necessidades de todos os necessitados, quanto mais com esse bloqueio imposto pelos Estados Unidos da América.

PRAVDA.Ru: Mesmo assim faz muito…

Sim, não só na assistência prestada como também na construção de escolas, centros de assistência, universidades, prestação de medicina de emergência (há 3 anos na altura do furacão Katrina Cuba disponibilizou 1.000 médicos e profissionais de saúde para irem imediatamente a Nova Orleans…o regime de Bush preferiu não aceitar a ajuda e morreram 1.200 pessoas), hoje Cuba conta com mais de 10 000 professionais de saúde organizados em Brigadas Médicas de Emergência. Também doou centros de diagnostica integral, com equipamento de todo o tipo.

A Escuela Latino Americana em Cuba forma, neste momento está implementando a nova técnica pedagógica, disseminando mais a escola prática cubana de medicina. Na disseminação do conhecimento há a chave da abordagem da Cuba nas suas iniciativas. Neste momento Cuba forma 49.000 médicos, 22.000 em Cuba e 27.000 nos seus países de origem em faculdades de medicina apoiadas por Cuba.

PRAVDA.Ru: Referiu outras áreas, como a de energia?

Sim, na altura da Cimeira de Rio em 1992, Fidel Castro já estava, de forma visionária, prevendo a crise energética e alimentar e já naquela altura, Cuba estava programando iniciativas nesse sentido para ajudar os povos mais necessitados.

Há várias iniciativas – por exemplo o Plano Energético em Cuba em que jovens vão às casas com lâmpadas económicas, substituindo as que as pessoas tiverem. Cuba também presta apoio logístico e de assessoria e opera neste momento em 12 países no campo energético.

Entrevista conduzida por

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey