O escândalo desencadeado nos EUA envolveu três venezuelanos, acusados de "conspirar como agentes ilegais" da Venezuela nos Estados Unidos, e um uruguaio com supostas ligações com o chamado "caso da mala", como ficou conhecido na Argentina.
Os quatro foram presos anunciou na quarta-feira o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. A acusação formalizada na Justiça americana diz que "nem a verdadeira fonte nem o possível receptor do dinheiro foram revelados", segundo BBC.
Mas segundo investigações do FBI os US$ 800 mil apreendidos em agosto com o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson em Buenos Aires eram uma contribuição do governo de Hugo Chávez à campanha presidencial de Cristina Fernández de Kirchner, escreve The Miami Herald citado o procurador federal Thomas Mulvihill.
"Os acusados: Carlos Kaufman, Franklin Durán, Moises Maionica e contra o uruguaio Rodolfo Wanseele Panciello, foram orientados a manter silêncio sobre o papel da Venezuela no assunto", teria dito Mulvihill, segundo reportagem do diário americano The Miami Herald.
Hoje o governo argentino comentou a situação . É uma canalhada , sentenciou o ministro da Justiça ,Anibal Fernández , em declarações a radio América. Atribuiu a acusação ao bom vínculo que une o governo argentino com Hugo Chávez . Que não metam a Argentina, nem envolvam a Presidente nisso , disparou Fernández. Segundo Fernández o governo analisa os passos a seguir frente . O ministro não excluiu a possibilidade de enviar uma nota de protesto aos EUA. Já o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que o caso é "parte da guerra política dos Estados Unidos contra o governo da Venezuela".
Os quatro presos em Miami e Antonio Chancica Gómez, que está foragido, seriam acusados de pressionar o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson - todos radicados no sul da Flórida - a transportar o dinheiro à Argentina, ameaçando seus filhos, segundo o Miami Herald.
Conversações entre Wilson e os acusados, comprovando as acusações, teriam sido gravadas por agentes do FBI, a polícia federal americana, com a anuência do próprio Wilson.
A alfândega argentina flagrou a mala com dinheiro quando Wilson e autoridades do governo argentino chegavam em um jato particular à Argentina no dia 8 de agosto deste ano, dois dias antes do desembarque do presidente Hugo Chávez no país.
Na ocasião, o governo do presidente Néstor Kirchner pediu que o caso fosse investigado e que Wilson fosse extraditado à Argentina para dar explicações sobre o caso, que gerou demissões nos dois governos. O episódio ficou conhecido, durante a campanha eleitoral, como "o caso da mala" e provocou a demissão do presidente da petroleira estatal venezuelana PDVSA na Argentina e vice-presidente geral da empresa, Diego Uzcategui Matheus.
O filho dele, Daniel Uzcategui Spetch, de 18 anos, foi acusado de ter convidado Guido Antonini Wilson a embarcar no jatinho alugado pela estatal argentina Enarsa, na viagem realizada entre Venezuela e Argentina, dois dias antes da chegada do presidente venezuelano a Buenos Aires. Quando surgiu o escândalo, o presidente Chávez disse que era "caso de polícia" e destacou tratar-se de mais uma ação "conspirativa" do "império americano".
O escândalo provocou também a demissão de Cláudio Uberti, um dos homens fortes da equipe do ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido. Uberti estava a bordo do jato particular em que o empresário venezuelano embarcou. De Vido foi ministro de Néstor Kirchner e continua no governo da presidente Cristina Kirchner.
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