Como parecia absolutamente lógico, o dirigente de Boca Juniors, conservador, Mauricio Macri venceu ontem (24) as eleições para a prefeitura de Buenos Aires, superando o candidato do presidente Néstor Kirchner, centro-esquerdista , Daniel Filmus. No segundo turno Marci obteve 60% dos votos, comunica o jornal El Tribuno.
Enquanto o Boca se tornou, com 17 títulos internacionais, o maior campeão do mundo, Macri se posicionou claramente como o nome forte da oposição a apenas quatro meses das eleições presidenciais no país.
Após descartar a possibilidade de concorrer em 28 de outubro, o empresário reiterou hoje que pretende formar uma "alternativa" ao Governo do peronista Kirchner na Prefeitura, segundo as informações da Efe.
Macri pertence à coalizão Proposta Republicana (PRO), cujo possível candidato à Presidência é o ex-ministro da Economia Ricardo López Murphy. Esta mesma noite, Murphy se apressou em dizer que o apoio do dirigente do Boca "acontecerá naturalmente".
A vitória em Buenos Aires transformou o PRO em um ímã para vários setores de centro, de direita e até peronistas contrários a Kirchner.
Por ora, Macri tem o compromisso de governar a capital do país por quatro anos a partir de dezembro. Ele derrotou hoje o ministro argentino da Educação e candidato "kirchnerista", Daniel Filmus, por mais de 20 pontos de diferença.
No entanto, a fórmula presidencial da "alternativa" de Macri está tão pouco definida quanto a dos governistas, que há meses resistem a confirmar se Kirchner tentará a reeleição ou se apoiará a esposa, a senadora Cristina Fernández.
Recentemente, em uma das rarísimas entrevistas que concedeu desde que chegou ao poder, Kirchner disse que na Argentina "tem que haver uma grande força de centro-esquerda e uma grande força de centro-direita que possam expressar as matizes da sociedade".
Embora nunca tenha deixado de se definir como peronista, Kirchner chegou à Presidência como candidato da Frente Para a Vitória, coalizão de centro-esquerda que ele criou à margem do heterogêneo Partido Justicialista, que abriga a uma variada gama de ideologias sob a bandeira do peronismo.
Quem já lançou a candidatura para a eleição de outubro foi o centrista Roberto Lavagna, que, como ministro da Economia de Kirchner, foi artífice da recuperação da Argentina após a crise de 2002, mas passou para a oposição após renunciar ao cargo.
Lavagna se aliou à União Cívica Radical (UCR), segundo maior partido do país, que recentemente sofreu uma sangria de dirigentes que emigraram para outros partidos, incluindo os de Kirchner e Macri.
Também está na briga pela Presidência a esquerdista Elisa Carrió, que há vários anos deixou a UCR para formar a Afirmação para uma República Igualitária (ARI). Aliás, o partido ganhou sua primeira eleição para governador hoje na província da Terra do Fogo.
Enquanto o pequeno e afastado distrito será governado por uma mulher, tudo indica que Cristina Fernández tentará se transformar na primeira representante do sexo feminino a ser eleita presidente deste país.
Apesar de Isabelita Perón (María Estela Martínez) ter sido presidente entre 1974 e 1976, ela chegou ao cargo como vice do marido Juan Perón (1946-1955/1973-1974), que morreu no posto.
Por enquanto, as pesquisas dão claramente Kirchner e sua esposa, nessa ordem, como os maiores índices de intenções de voto para a votação de outubro. Agora é preciso esperar o que vão dizer as pesquisas feitas a partir desta segunda-feira.
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