À primeira vista o presidente e o primeiro-ministro da Ucrânia conseguiram encontrar uma saída para a crise política, desencadeada pela dissolução do Parlamento no início de abril: eleições parlamentares antecipadas a 30 de setembro . Mas há dúvidas quanto à realização destes decisões.
Horas depois de chegar a um acordo com o presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, o primeiro-ministro Viktor Yanukovich ameaçou neste domingo (27) voltar atrás e boicotar a votação "se algumas exigências não forem atendidas".
As declarações de Yanukovich agora não são cosideradas sérias nem por seus aliados. O premiê era contra a antecipação das eleições, e sua ameaça foi entendida apenas como uma forma de marcar posição, mas tudo irá depender do presidente ucrâniano que tem a reputação de uma pessoa impevisível.
Yushchenko e Yanukovich decidiram a data das eleições após quase oito horas de tensas negociações a portas fechadas na sede do Executivo, em Kiev.
Em entrevista coletiva conjunta, o presidente ucraniano deu por encerrada definitivamente a crise iniciada em 2 de abril - quando Yushchenko dissolveu o Legislativo e convocou eleições antecipadas, decreto contra o qual se rebelaram tanto o premiê Yanukovich como a maioria dos deputados.
Na semana passada, um decreto presidencial demitindo o procurador-geral, que se recusou a deixar o cargo, agravou a tensão política.
No sábado, Yushchenko assinou outro decreto assumindo o controle das tropas do Ministério do Interior em Kiev. O objetivo era desalojar o procurador demitido - apoiado pelo premiê e pelo ministro do Interior - de seu gabinete, na sede do ministério.
Presidente do Parlamento discorda
O presidente da Rada Suprema, Alexandre Moroz, tambem tem dúvidas em relação às eleições parlamentares, ele declarou que as eleições parlamentares antecipadas são uma saída possível para a crise na Ucrânia, mas não é a melhor.
Há outras opiniões. Desta vez, o acordo irá ser cumprido, pois o país já estava cansado de tão longa crise política, disse Vladimir Dolin, jornalista do canal de televisão ucraniano ICTV. Yanukovitch e Yuschenko há muito que estavam dispostos a avançar para as eleições, mas a pressão dos aliados dificultava a marcação da data, sublinhou Vladimir Dolin. Yúlia Timochenko, aliada de Iuschenko, queria a realização mais rápida de eleições antecipadas, porque a sua popularidade desce e os votos fogem para a Nossa Ucrânia, partido do Presidente, sustentou.
Para Vladimir Dolin, Alexandre Moroz, bem como os comunistas, que apoiam Yanukovitch, não queriam a realização de eleições pois poderão sair vencidos. Os socialistas de Moroz, provavelmente, nem sequer conseguirão, talvez, superar a barreira dos 3 por cento para eleger deputados. E claro que Moroz não será reeleito presidente do Parlamento, acrescentou.
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