O presidente cubano Fidel Castro rompeu o silêncio no primeiro editorial desde há oito meses, quando foi submetido a uma cirurgia.
No jornal Granma, o líder cubano assina um artigo crítico da política norte-americana sobre os combustíveis alternativos. No texto publicado no Granma - órgão oficial do Partido Comunista Cubano -, Fidel não faz referência ao seu estado de saúde, nem a temas de política interna, mas sugere que está a seguir de perto a actualidade internacional.
Com o título "Mais de três mil milhões de pessoas no mundo condenadas à morte prematura por fome e sede", o artigo aborda a estratégia de Washington de incentivo ao uso de combustíveis alternativos, como o etanol, e as suas repercussões nos países pobres.
"Meditei bastante depois da reunião do Presidente (George W. Bush) com os fabricantes norte-americanos de automóveis", escreve Fidel, aludindo ao que chama " ideia sinistra" de "converter alimentos em combustíveis", estabelelecida como "política externa dos Estados Unidos.""
Fidel Castro refere-se à reunião da passada segunda-feira, entre Bush e os principais fabricantes de automóveis, na qual foi defendida a ideia de incentivar a produção de etanol - proveniente, sobretudo, do milho. Bush pretende, assim, reduzir a dependência externa de petróleo.
Fidel estima que para tal seria necessária uma produção gigantesca de milho, uma empresa ao alcance apenas dos mais poderosos, diz.
" Aplique-se esta receita aos países do Terceiro Mundo e verão quantas pessoas deixarão de consumir milho, entre as massas esfomeadas do nosso planeta", escreve o líder cubano, que insiste:
"Ou algo pior: dê-se financiamento aos países pobres para produzir etanol de milho ou de qualquer outro tipo de alimento, e não restará uma árvore para defender a Humanidade das alterações climáticas" .
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