25 de Março de 1807 a escravatura foi abolida na Grã-Bretanha, por ser contrário aos princípios de justiça, humanidade e política correcta. Porém, 200 anos depois, a escravatura ainda existe.
Charles Fox, William Wilberforce e Lord Grenville foram os pioneiros da lei que aboliu a escravatura, que passou na Câmara dos Comuns por 144 votos a favor e 15 contra, tornando a prática de traficar ou transportar escravos ilegal.
Foi o primeiro passo para colocar fim a uma das práticas mais cruéis na história da humanidade, e outras nações iriam seguir o exemplo ao longo do século XIX.
A documentação não providencia cifras exactas sobre o número de vítimas, mas existe um consenso que cerca de 10 milhões de pessoas foram esforçados a sair dos seus lares na África Ocidental, foram vendidas aos traficantes, mantidas em condições deploráveis nos navios, e depois vendidas aos donos das plantações nas Américas. Dado que cerca de metade dos escravos morriam na travessia do oceano, pode estimar-se que o número total de pessoas traficadas como escravos entre meados do século XVI e o início do século XIX foi cerca de 20 milhões de homens, mulheres e crianças.
Deplorável é uma palavra que não serve para descrever as condições de pesadelo em que estas pessoas se encontravam. Esforçadas a estarem deitados ou sentados, sem quaisquer condições sanitárias ou higiénicas, chegavam ao seu destino até seis meses depois, quanto melhor, num mar de excremento. Ou pior, mortos.
Contudo, a escravatura continua a existir hoje, 25 de Março de 2007. Estima-se que existem até 10 milhões de crianças a trabalharem como escravos sexuais. Existem cerca de meio milhão de crianças soldados. Existem 27.000.000 de pessoas esforçados a trabalhar sem salário, ou por salários simbólicos. E existe a escravatura na União Europeia, onde cada ano 400.000 pessoas caem vítimas ao tráfico em seres humanos.
Como podemos celebrar este dia hoje, dia 25 de Março de 2007, se na Mauritânia, um escravo negro é negociado por 11 Euros, no Sudão, custa 64 Euros, e se na Índia, Paquistão e Bangladesh, o negócio esclavagista continua a render 25 milhões de Euro por ano?
Timothy BANCROFT-HINCHEY
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