Colômbia: Uribe Narcotraficante

Miguel Suárez *]

Logo após a ordem de captura ditada pela Corte Suprema de Justiça, no passado 8 de novembro (2006) contra três parlamentares uribistas, testas-de-ferro do narcotráfico e, em seguida de que, no último 18 de outubro (2006), a pedido do Pólo Democrático Alternativo, se desse um debate parlamentar sobre o mal chamado "Processo de Paz" com os narcotraficantes, um temor generalizado se estendeu no meio da narco-oligarquia colombiana.

Todos querem lavar as mãos e aparentam ser gente honorável, em muito baixa voz e, em termos muito gerais, se atrevem a condenar a infiltração pela máfia do que eles chamam classe dirigente.

Ameaças vão e vêm e, até pelas rádios, se tem escutado em meio ao desespero dos narcotraficantes e seus testas-de-ferro.

O narcotraficante Diego Vecino, em nome de seus sócios do cartel de Medellín, ameaçou diretamente a oligarquia colombiana dizendo que "Quando respondamos ante a justiça, vamos dizer toda a verdade, porém, a Colômbia deve estar preparada."

Outra ameaça, e desta vez direta contra o narcotraficante Álvaro Uribe Vélez, proveio de um dos testas-de-ferro mais importantes dos narcotraficantes e a quem, segundo a imprensa internacional, os narcotraficantes haviam escolhido como o próximo presidente da Colômbia, o senador Álvaro Araujo, um dos congressistas mais próximos de Uribe, e testa-de-ferro do narcotraficante Jorge 40, que sentenciou, numa reunião secreta na Casa de Nariño, a sede de governo na Colômbia:

"Se vêm por mim, vem pela ´Conchi´(sua irmã, a chanceler María Consuelo Araujo) e pelo presidente Uribe".

O atual ministro do Interior e da Justiça Carlos Holguín, visivelmente nervoso, confirmou a ameaça de Araujo.

Ante o pânico generalizado apareceu o Messias, quem, paradoxalmente, num ato de homenagem nos 120 anos da Corte Suprema de Justiça, totalmente descomposto e com voz ameaçadora disse que "Se alguém tem algo contra mim, que o diga".

Pois bem, aqui vamos repetir.

O pai de Álvaro Uribe Vélez, Alberto Uribe Sierra, foi um narcotraficante detido com fins de extradição para os Estados Unidos, em 1982, porém, graças às manipulações de Álvaro filho, foi deixado em liberdade, logo, segundo o relata o mesmo Álvaro Uribe, foi dado de baixa pelas FARC-EP, dizem isso, por suas ações narcoparamilitares.

O jornalista Joseph Contreras, em seu livro El señor de las Sombras - Biografía de Álvaro Uribe, diz que "é muito conhecido que o helicóptero que transladou o cadáver de Álvaro Uribe, pai do atual Presidente da oligarquia colombiana, da fazenda familiar a Medellín, era uma aeronave que pertencia ao Cartel de Medellín e a Pablo Escobar", especificamente.

Ao enterro do fazendeiro, segundo o jornalista Fabio Castillo, assistiu o então presidente da República, Belisario Betancourt Cuartas, e boa parte do creme e da nata da sociedade antioquenha, em meio a velados protestos dos que conheciam os vínculos de Uribe Sierra com a cocaína.

Algum tempo depois, o helicóptero Huges 500, de matrícula colombiana HK 2704X, de propriedade da família de Álvaro Uribe, foi encontrado no maior laboratório de cocaína descoberto na Colômbia, chamado Tranquilandia. Ao ser perguntado sobre o caso, Uribe, visivelmente alucinado, respondeu com a infantil desculpa de que o "aparelhinho" se havia perdido e se esqueceram de denunciar a perda.

Por parte de sua mãe, a senhora Laura Vélez, tem Álvaro Uribe Vélez relação familiar com o conhecido "clã dos Ochoa".

Segundo o parlamentar Gustavo Petro, Santiago Uribe Vélez, irmão de Álvaro Uribe Vélez, coordenava as ações do grupo denominado "Os Doze apóstolos", desde 1994 ou antes, e durante suas ações permanecia no carro, com uma metralhadora Ingram e pendente dos informes que recebia por rádio. O grupo paramilitar tem em seu haver 50 assassinatos cometidos entre 1993 e 1994. Santiago mantinha estreitos vínculos com Pablo Escobar Gavíria.

Em março de 1980, o presidente desse período Julio Cesar Turbay o nomeou como diretor do Departamento de Aeronáutica Civil, e sua administração se distinguiu por entregar autorizações de vôo e permissões para construir aeroportos aos narcotraficantes, segundo relata o investigador Fabio Castillo, no livro Los jinetes de la cocaína.

Por outra parte, as relações de Álvaro Uribe com os grandes capos do cartel de Medellín, como Pablo Escobar, estão bem documentadas.

Em fins de 1982, Uribe foi descartado da prefeitura de Medellín pelo presidente da época, Belisario Betancourt, devido a suas relações com os chefes do cartel de Medellín, especialmente com Pablo Escobar, os irmãos Ochoa e Geraldo Rodríguez Gacha.

Durante seu curto período como prefeito desta cidade, dedicou-se abertamente a promover atividades publicitárias do capo Pablo Escobar.

O jornalista Fernando Garavito, que foi obrigado a sair do país por contar a verdade ao mundo sobre Uribe e suas relações com a máfia, conta que, numa ocasião, estando Fabio Ochoa Vásquez, o capo do narcotráfico conhecido como "el caballista", numa exposição cavalar na cidade de Armênia, em companhia do narcotraficante Gonzalo Rodríguez Cacha, se acercou um indivíduo desalinhado, com óculos escuros, a quem o narcotraficante Fabio Ochoa chamou em voz alta como "Varito" e que, logo após, os capos do narcotráfico conversaram animadamente com o indivíduo, que era nada mais nada menos que Álvaro Uribe Vélez.

José Obdulio Gaviria, primo-irmão de Pablo Escobar, atua como assessor pessoal de Uribe e de quem se diz que é o ideólogo do governo de Uribe. Atendendo a qualidade de delinquente de Obdulio, Ramiro Bejarano, ex-diretor do aparato militar denominado Das, que, por esta razão, deve conhecer muito o passado de seus sócios, em público e logo após uma acalorada discussão com Obdulio, lhe disse "Mande me matar que para você isto é fácil".

William Vélez Meca, amigo pessoal de Pablo Escobar, para quem pediu vivas em manifestações públicas, que foi presidente da Câmara, fundou um movimento político de fachada para o narcotraficante Pablo Escobar. William Vélez é primo de Álvaro Uribe Vélez e chefe com Mário Uribe de um dos grupos de testas-de-ferro do narcotráfico que respaldou a reeleição de Uribe, denominado "Colômbia Democrática'.

Pedro Juan Moreno Villa, amigo pessoal de Álvaro Uribe Vélez, que foi secretário de Governo quando Álvaro Uribe desempenhou como governador de Antioquia e assessor presidencial, esteve vinculado à importação de insumos para o processamento de cocaína e, segundo o jornalista Joseph Contreras, entre 1997 e 1998, agentes da DEA (agência estadunidense antinarcóticos), expropriaram 50.000 quilos de um precursor químico para o processamento da cocaína e essas substâncias químicas haveriam sido adquiridas por uma companhia pertencente a Pedro Juan Moreno.

Quando Pedro Juan saiu do governo por problemas de como repartir-se o que se roubam, começou a denunciar intimidades da máfia de Uribe e, um dia, em plena campanha eleitoral, o helicóptero onde viajava explodiu num acidente que, se comenta, foi provocado pela máfia do governo.

Quando Uribe foi governador de Antioquia, em 1994, foi o principal impulsionador das denominadas Associações Comunitárias "Convivir", base dos grupos paramilitares que hoje assegura combater.

Outro indivíduo de sobrenome Uribe, que atuou como ministro de guerra do narcotraficante, foi Jorge Alberto Uribe, que foi desmascarado pelo Nuevo Herald, de Miami, quando denunciou que este mantinha relações amorosas com uma mulher que se havia dedicado a levar cocaína para os Estados Unidos.

Sabas Pretel de la Vega, anterior ministro do Interior e da Justiça, esteve envolvido num processo conhecido como "o caso 8000", porque nos talões de cheque do cartel de Cali foi encontrado um vultoso cheque em seu nome; ao ser perguntado o "honorável" ministro sobre o fato, disse que ele não sabia que os irmãos Rodríguez Orejuela fossem narcotraficantes.


Um homem muito questionado na Colômbia, já que, segundo investigações, foi o autor intelectual do assassinato do candidato presidencial Luis Carlos Galán, é Alberto Santofimio Botero, que trabalhava para o cartel de Medellín. Álvaro Uribe, como sinal de reconhecimento aos serviços prestados por este bandido, nomeou a seu filho Alberto Santofimio Hernández como primeiro-secretário e agregado comercial da Embaixada da Colômbia em Paris.

Carlos Nader Simmonds, congressista liberal de Córdoba, que foi capturado pela DEA, em maio de 1983, quando pretendia vender 10 quilos de cocaína nos Estados Unidos e que enviou ameaças de morte à filha do jornalista Daniel Coronel, é, segundo o próprio Álvaro Uribe Vélez, um amigo muito chegado a sua família e sua casa é visitada frequentemente por seus filhos e sua esposa.


Numa lista de pessoas ameaçadas por Simmonds, figurava o ex-presidente Cesar Gaviria, de quem os narcotraficantes posteriormente assassinaram sua irmã.

Mario Uribe Escobar, outro primo de Uribe, foi o proponente do projeto de lei de Justiça e Paz que outorga o perdão e o esquecimento aos crimes de Lesa-Humanidade cometidos por terrorista de estado e narcotraficantes.

Mario Uribe foi visto numa Exposição Eqüina em Pereira, no palco de honra rodeado de reconhecidos testas-de-ferro do narcotráfico. Devido a seu passado, a embaixada imperial ameaçou a este com retirar-lhe o por eles apreciado "visto Usa".

Cinco primos de Álvaro Uribe Vélez foram investigados por nexos com o paramilitarismo, segundo revelação feita pelo advogado Daniel Prada. A investigação se adiantou em 1999. Segundo publicação feita pelo diário El Nuevo Siglo, Prada assegurou que a causa criminal com o número 18095 foi adiantada pela Fiscalía Regional de Antioquia, contra os irmãos Germán e Jorge Iván Fernández Posada, familiares de Álvaro Uribe por parte de sua mãe.
Emilio Vence, ex-diretor seccional em Barranquilla do Departamento Administrativo de Seguridade, Das, a polícia política da oligarquia colombiana, que depende diretamente da presidência, que foi nomeado por Uribe no cargo, foi testa-de-ferro do narcotraficante Fidel Castaño e o anterior Diretor nacional do DAS, Jorge Noguera Cotes, também nomeado no cargo por Uribe, está sendo investigado pela corte suprema de justiça por ser testa-de-ferro dos narcotraficantes.
Como se todo este entorno Uribista ligado ao narcotráfico fosse pouco, a revista Newsweek denunciou, em agosto de 2004, que Álvaro Uribe estava incluído numa lista dos 102 colombianos mais perigosos para os Estados Unidos,por suas relações com o narcotráfico.

Segundo o documento, onde aparece no posto 79 o narcotraficante Pablo Escobar, e em 82 Álvaro Uribe Vélez, este é um "político colombiano que colaborava com o cartel de Medellín, que tinha negócios de narcotráfico no território norte-americano e que trabalhava para o cartel de Escobar, de quem era amigo pessoal".
Se o narcotraficante que atua como presidente quer que lhe digam a verdade sobre seu passado criminal, aqui lhe recordamos e lhe recordaremos quantas vezes seja necessário.

O atual escândalo, entre outras coisas, confirma que Uribe foi reeleito pelos narcotraficantes, os quais, com seu dinheiro e pistola, obrigaram a votar povoados inteiros por todos estes delinqüentes, incluído Álvaro Uribe Vélez, cuja primeira campanha presidencial foi financiada pelo narcotraficante conhecido como Jorge 40, através de seu testa-de-ferro La Gata.

* Diretor de Radio Café Stéreo
www.ajpl.nu/radio
E-mail: [email protected]

Conflicto armado
19.11.2006

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey