Um dos soldados envolvidos no escândalo causado pelas fotografias de militares alemães manipulando um crânio humano contou hoje ao jornal Bild que os restos humanos profanados por soldados no Afeganistão vieram de um atoleiro ou lodaçal nos arredores de Cabul, onde a população local coletava barro para fazer tijolos e que estava cheio de restos humanos.
"Não era um cemitério nem um local de culto", afirma um dos soldados que aparecem nas polêmicas fotos. Ele ressalta que o tradutor afegão que acompanhava a sua patrulha não se incomodou e nem sequer se interessou pelo que eles faziam.
O militar acrescenta que os próprios afegãos "cavavam e revolviam a terra para tirar barro que usavam para fazer seus tijolos de adobe". "Como eles não pareciam se importar, nós da patrulha também não pensamos muito", disse.
O soldado contou que a patrulha parou no local, provavelmente uma vala comum clandestina, por ordem do chefe. Ninguém foi obrigado a manipular um crânio nem brincar com ele, mas se não participasse da brincadeira pareceria um covarde, explicou.
Após reconhecer que um de seus companheiros mostrou o pênis para fazer o gesto de urinar sobre uma caveira, ele se mostrou arrependido e admitiu que foi uma tolice.
Além disso, lembrou que a vida no Afeganistão era dura, devido à tensão e ao medo de ataques. A visita ao local era uma distração que "todas as categorias inferiores conheciam".
Já são sete os suspeitos de participar de supostos atos de violação de túmulos e profanação de cadáveres.
A rede de televisão alemã "RTL" mostrou ontem à noite imagens de outra patrulha alemã, um ano depois, também no Afeganistão. Nelas, um militar aparece com um crânio sobre o ombro e, em outra foto, beijando uma caveira.
A promotoria de Potsdam, cidade sede do comando geral do Exército, está investigando o caso, que pode ser punido com multa ou até três anos de prisão.
O caso da profanação de cadáveres no Afeganistão por parte de soldados alemães provocou uma onda de indignação na Alemanha.
O Bundestag (Câmara baixa do Parlamento) condenou ontem energicamente o desrespeito. A chanceler Angela Merkel já tinha considerado, quarta-feira, este incidente "inadmissível", prometendo que serão tomadas medidas duras para punir os culpados.
O ministro da Defesa, Franz-Josef Jung, ressaltou que "comportamentos dessa índole não são aceitáveis no Exército Federal".
EFE
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