O Corinthians vai homenagear a Chapecoense jogando contra o Cruzeiro com uma camiseta improvisada do clube catarinense - mas, apesar de todo o estarrecimento pela morte trágica da equipe praticamente inteira da Chape, nada de verde!
por Edu Montesanti
O debate foi intenso dentro do clube paulista se se deveria usar camiseta verde na homenagem da próxima e última rodada do Campeonato Brasileiro deste ano, a ser jogada no estádio do Mineirão.
No Corinthians, o verde é proibido até mesmo em chuteiras, luvas e outros acessórios dos atletas. Se um sócio aparecer dentro do clube com uma vestimenta, um boné que seja que contenha detalhe verde, provavelmente apanhará - no mínimo, levará à casa exaltações nada memoráveis à mãe.
Foi por isso que, apesar de ter jogado futebol nas equipes de base brasileiras com curtas passagens pelo futebol argentino e paraguaio (3ª e 1ª divisão, respectivamente), e ser até hoje amante da prática esportiva, decidi desde os primeiros dias da faculdade de Jornalismo e mesmo antes, no cursinho pré-vestibular não atuar no jornalismo esportivo.
Lamentavelmente, o futebol é tratado como brincadeira, ópio do povo necessário aos poderes corruptos, e que se ofendam os jornalistas esportivos, mas é praticamente impossível atuar na área e não entrar em "debates" imbecis como o que envolveu as entranhas do Corinthians nos últimos dias.
Enquanto as torcidas, desde as elites até o povão, atêm-se a rivalidades artificiais baseadas em estupidez (torcedores do Corinthians possuem aversão aos animais denominados porcos, enquanto já se viu palmeirense morder impiedosamente um cachorro nas arquibancadas do Morumbi momentos antes de um Palmeiras contra o Corinthians), e a superstições alienadores, a farra da cartolagem esportiva e da própria política nacional passa desapercebida. Além da própria idiotização do indivíduo, nos mais diversos segmentos, gerada por esse tipo de universo.
O jornalismo esportivo também é, neste cenário, muito mais de entretenimento. Fato este constatado nas entrevistas e "debates" de horas e horas que não leva a lugar nenhum, e o telespectador não é acrescentado em absolutamente nada do ponto de vista crítico e cultural.
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