Destaque da nova geração do atletismo brasileiro, a saltadora Fabiana Murer participou pela primeira vez de um Mundial em 2005, em Helsinque. Mais do que buscar resultado, ela aproveitou a oportunidade para observar as atletas mais experientes, em especial Yelena Isinbayeva. Com a russa, as intenções iam além da pura observação. Fabiana queria estabelecer contato com o maior nome do salto com vara desde Sergei Bubka, escreve a edição Vol Esporte.
"Eu levei um presente para ela. Era um chaveiro com um cara saltando. Ela não entendeu o que era a figura, eu tive de explicar. Mas ela usa o chaveiro. Ela costuma usar todos os presentes que recebe", conta a brasileira.
Desde o primeiro contato, a relação entre as duas tornou-se mais estreita, principalmente depois que Isinbayeva passou a treinar com Vitaly Petrov, no ano passado. Fabiana já era, desde 2001, uma das pupilas do respeitado técnico, que orientou Bubka.
Os treinamentos em conjunto fizeram com que a brasileira se aproximasse da russa, campeã olímpica e mundial, e que já bateu o recorde mundial 20 vezes. Para muitos, a jovem de 24 anos parece imbatível. Não para Fabiana.
"No Mundial, ela contou como foi a prova, disse que ficou nervosa antes de saltar, foi bem legal. Ali eu vi que ela é normal, que não é impossível alcançá-la. Afinal, se ela salta bem, eu também posso saltar", diz Fabiana.
Em Helsinque, Isinbayeva bateu o recorde mundial ao ar livre pela última vez, alcançando 5,01m. As duas treinam juntas periodicamente, mas nem tudo é trabalho no cotidiano da dupla, que também vai a festas, passeia por Nova York e joga boliche com o treinador. A partida de boliche foi na Argentina, em outubro do ano passado, quando Isinbayeva foi convidada para um festival de saltos.
"Ela achou Santa Fé meio parado, sem muita coisa pra fazer. Eu disse pra ela vir pra São Paulo, pra ver o que era se divertir", conta Fabiana.
A brasileira aproveitou a oportunidade para presentear novamente o ídolo, desta vez com um par de Havaianas. "Ela adorou, não tirava de jeito nenhum, e disse que elas fizeram sucesso em Mônaco, onde ela mora."
Apesar da rivalidade nas competições, a brasileira diz que as atletas se ajudam bastante, principalmente porque a maioria viaja sem a companhia de um técnico e por isso, é preciso contar com a generosidade alheia.
"É normal uma olhar a marca do salto para a outra, quando não há um treinador por perto. Em Mônaco, foi o técnico da Monica quem me ajudou", conta. Na prova, em agosto do ano passado, a brasileira saltou 4,66m, estabeleceu novo recorde sul-americano, e deixou para trás exatamente a polonesa cujo técnico deu uma força para Fabiana.
Foi depois desse salto que a paulista de Campinas passou a ser reconhecida pelas adversárias. "Elas viram que se dessem bobeira, eu passaria à frente, com certeza. Mas já em Helsinque, comentaram com o Petrov que tinha uma brasileira saltando bem. E ele respondeu "eu sei, eu estou ajudando ela", conta.
Na Finlândia, Fabiana registrou um recorde brasileiro, mas acabou fora da final. Nesta temporada, Fabiana terá várias oportunidades de encontrar Isinbayeva em competições, como a Golden League (circuito com seis eventos) e o Mundial de Osaka. Em um dos eventos mais importantes do ano, contudo, a brasileira tem como objetivo brilhar sozinha. Nos Jogos Pan-Americanos, suas principais adversárias serão as norte-americanas, principalmente Jennifer Stuczynski, que já saltou 4,72m este ano.
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