Por Jolivaldo Freitas
Veja só. No primeiro semestre de 2023 o Brasil registrou 20 mil mortes violentas, o que dava quase 110 por dia. No mesmo período em 2023 foram 21 mil mortes, ou seja, registrou-se uma queda, mesmo que leve, mas essa leveza significa muitas vidas preservadas. A queda do semestre seguia a tendência de 2022, quando o Brasil registrou baixa de 1% nos assassinatos. Mas, mas, mas, chegamos no último trimestre com a volta do crescimento no número de mortes violentas.
Tem chamado a atenção, por força da incessante atuação da mídia, a questão da violência na Bahia onde até este fim se setembro já foram 54 mortos em confronto dos bandidos contra a polícia e vice-versa. Nessa história de bang-bag nosso de todo dia morreram policial federal, outros ficaram feridos, morreram quatro PMs e a chamada “galera do mal”. Esse número que cito se refere-se apenas ao confronto direto. Outras mortes ocorreram entre as facções rivais do tráfico, sendo que o tráfico é o maior responsável pelos índices.
A violência é um dos temas que mais preocupam os brasileiros. Quando se olha em direção ao futuro o que se vê é algo como uma distopia, dessas que a gente vê Bollywood produzindo e criando o tempo todo ou que passa na Netflix. O futuro parece sombrio seja na incerteza sobre o que pode ocorrer tanto em termos da criminalidade violenta quanto em relação às políticas públicas. Estamos num ambiente instável e turbulento. Os tempos atuais trazem desafios, mas, também, oportunidades.
Saiba que nas três últimas décadas o Brasil registrou mais de um milhão e meio de assassinatos. Somos campeões mundiais em homicídios. Voltamos à barbárie. Vivemos uma época parecida com aquela que se vivenciava nos séculos XIII e XVI na hoje Europa. Na Bahia a situação está pior que durante as lutas pela independência. Estamos num processo de violência cada vez maior e daí para pior. Vi que a Anistia Internacional pede menos mortes e que o governador Jerônimo disse que não quer que a polícia traga corpos.
Mas a pergunta pragmática que se faz é: será que fica melhor a polícia recuar? Deixar que os bandidos se espalhem como baratas e levem o caos ao estado? Não sei dar uma fórmula, mas acho que neste momento em que os traficantes baianos dão guarida àqueles parceiros que fogem da ação policial no Sudeste e se homiziam no Nordeste trazendo suas submetralhadoras e fuzis de longo alcance - é uma espécie de outro risco. A polícia recuar também é perigoso para o cidadão. Três conhecidos meus foram assaltados esta semana na Pituba, no Comércio e Stiep. Uma amiga levou uma porrada e está com os olhos inchados. Levaram apenas os tênis dela. Um outro amigo, faz algum tempo, saiu de casa para comprar pão no Nordeste de Amaralina e levou um tiro no queixo. Pior é que não dá nem para assistir o bang-bang da varanda pois pode levar uma bala perdida. Ou uma "bean bag".
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Escritor e jornalista. Acaba de lançar o romance “A Peleja dos Zuavos Baianos Contra Dom Pedro, os Gaúchos e o Satanás”. Nas livrarias.
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