Por ANTONIO CARLOS LACERDA
BRASILIA-BRASIL - O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi diagnosticado com câncer de laringe. A doença é pouco frequente e representa apenas 2% de todos os tipos de tumores malignos no Brasil.
O ex-presidente Lula está incluso justamente no principal grupo de risco deste tipo de câncer, já que consome bebidas alcoólicas, é fumante - embora ele próprio diga que parou de fumar - e faz uso frequente da voz.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), fumantes têm 10 vezes mais chances de desenvolver o câncer de laringe. Quando o fumo é associado ao consumo de bebidas alcoólicas, as chances são 43 vezes maiores. Uso constante da voz e alimentação irregular também são fatores de risco.
A Cancer Support Community, instituição americana que apóia pessoas com câncer e seus familiares, aponta os principais sintomas do câncer de laringe: dor de garganta que não cessa, dificuldade ou dor para ingerir alimentos, mudanças na voz e dores de ouvido.
Segundo declarações do médico Luiz Fernando Correia à Globo News "Geralmente, esse tipo de câncer é descoberto de maneira oportuna, sem desconfiança prévia. Surge de uma reclamação de rouquidão crônica ou dores nas articulações próximas da laringe. Como o diagnóstico divulgado pelo Sírio e Libanês indica o uso de quimioterapia, fica claro que se trata de um tumor maligno, o que caracteriza o câncer".
Como integra mais de uma parte do corpo, o câncer de garganta requer acompanhamento constante de médicos de várias especialidades. Os mais indicados são otorrinolaringologista e oncologistas. A estimativa é a de que o câncer de Lula, que não está espalhado por outras áreas do corpo, seja curado com quimioterapia.
Entenda o Câncer de Laringe
O câncer de laringe é um dos mais comuns a atingir a região da cabeça e pescoço, representando cerca de 25% dos tumores malignos que acometem esta área e 2% de todas as doenças malignas. Aproximadamente 2/3 desses tumores surgem na corda vocal verdadeira e 1/3 acomete a laringe supraglótica (ou seja, localizam-se acima das cordas vocais).
Fatores de risco
Há uma nítida associação entre a ingestão excessiva de álcool e o vício de fumar, com o desenvolvimento de câncer nas vias aerodigestivas superiores. O tabagismo é o maior fator de risco para o desenvolvimento do câncer de laringe.
Quando a ingestão excessiva de álcool é adicionada ao fumo, o risco aumenta para o câncer supraglótico. Pacientes com câncer de laringe que continuam a fumar e beber têm probabilidade de cura diminuída e aumento do risco de aparecimento de um segundo tumor primário na área de cabeça e pescoço.
Sintomas
O primeiro sintoma é o indicativo da localização da lesão. Assim, odinofagia (dor de garganta) sugere tumor supraglótico e rouquidão indica tumor glótico e subglótico.
O câncer supraglótico geralmente é acompanhado de outros sinais e sintomas como a alteração na qualidade da voz, disfagia leve (dificuldade de engolir) e sensação de um "caroço" na garganta.
Nas lesões avançadas das cordas vocais, além da rouquidão, pode ocorrer dor na garganta, disfagia, dispnéia (dificuldade para respirar ou falta de ar).
Tratamento
O tratamento dos cânceres da cabeça e pescoço pode causar problemas nos dentes, fala e deglutição. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior é a possibilidade de o tratamento evitar deformidades físicas e problemas psicossociais.
Além dos resultados de sobrevida, considerações sobre a qualidade de vida dos pacientes entre as modalidades terapêuticas empregadas são muito importantes para determinar o melhor tratamento.
Entretanto, mesmo em pacientes submetidos à laringectomia total, é possível a reabilitação da voz através da utilização de próteses fonatórias tráqueo-esofageanas.
De acordo com a localização e estágio do câncer, ele pode ser tratado com cirurgia e/ou radioterapia e com quimioterapia associada à radioterapia, havendo uma série de procedimentos cirúrgicos disponíveis de acordo com as características do caso e do paciente.
Em alguns casos, com o intuito de preservar a voz, a radioterapia pode ser selecionada primeiro, deixando a cirurgia para o resgate quando a radioterapia não for suficiente para controlar o tumor.
A associação da químio e radioterapia é utilizada em protocolos de preservação de órgãos, desenvolvidos para tumores mais avançados. Os resultados na preservação da laringe têm sido positivos. Da mesma forma, novas técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas permitindo a preservação da função da laringe, mesmo em tumores moderadamente avançados.
ANTONIO CARLOS LACERDA é correspondente internacional do PRAVDA.RU
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