Para quem pensava que o álcool produzido através da cana-de-açucar já era um ouro retirado da lavoura, uma novidade: em 2010, o Brasil será capaz de produzir diesel. Não é biodisel, é diesel, enfatiza o biológo Fernando Reinach, diretor executivo da Votorantim Negócios, que financiou parte da pesquisa. A notícia está no Estadão desta quarta.
A nova tecnologia é desenvolvida pela empresa norte-americana Amyris, e as brasileiras Votorantim Novos Negócios e Usina Santa Elisa (de Sertãozinho). Os frutos destes experimentos podem fazer com que o Brasil não precise mais importar diesel no futuro. Atualmente, o País consome cerca de 45 bilhõesde litros de diesel por ano, dos quais 5 bilhões advém da importação.
A perspectiva dos responsáveis pelo projeto é de produzir 400 milhões de litros no primeiro ano e elevar este número para 1 bilhão de litros, em 2012. A idéia é que a produção aumente e ganhe mercado gradativamente, com um custo igual ou inferior ao do diesel de petróleo. O custo inicial previsto é de US$ 60 o barril, já bastante competitivo.
São duas as principais vantagens deste tipo de diesel. A primeira delas é que é um produto renovável, diferente do diesel que advém do petróleo. Além disso, é menos poluente, pois é livre de enxofre e o gás carbonico liberado na queima é reabsorvido (via fotossíntese) pela nova cana que brota no campo.
Se a matéria-prima é a cana, porque não é álcool combustível ? Na prática, a diferença está na genética. Para a produção do álcool é necessária a utilização de um fungo microscópico para fermentar os açúcares presentes na cana e secretar o etano. Para a produção de diesel, é utilizado mesmo fundo, mas com uma crucial diferença: o DNA da levedura é modificado geneticamente para produzir diesel no lugar de etanol. O segredo não será revelado pela empresa até que o produto seja patenteado, mas sabe-se que a espécie usada no processo é a mesma da fermentação do álcool (Saccharomyces cerevisiae).
O resultado da fermentação é uma molécula conhecida por farneceno, com 12 átomos de carbono, que tem todas as propriedades do diesel de petróleo, garantem os cientistas envolvidos na pesquisa.
O disel da cana surge como mais uma opção de energia renovável que o mundo procura para substituir pelos combustívels fósseis, principais responsáveis pelo aquecimento global. Até agora, a cana oferece duas opções de uso : o álcool combustível (etanol) e o bagaço que é queimado para a produção de energia elétrica.
Em 2010, serão três, com a introdução do diesel. Mas os planos da empresa norte-americana Amyris são de espantar qualquer um. Pela teoria deles, é possível fazer com que a levedura produza qualquer tipo de molécula através da genética. Sendo assim, eles planejam produzir gasolina a partir da cana.
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