O governo brasileiro concluiu a demarcação das terras indígenas Trombetas-Mapuera, que abrange os estados do Pará, Amazonas e Roraima. A área tem cerca de quatro milhões de hectares de floresta amazônica, que agora será mais facilmente protegida e preservada. A demarcação faz parte do Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal (PPTAL), da Fundação Nacional do Índio (Funai). A iniciativa tem apoio do governo alemão, por meio do KFW - Banco de Desenvolvimento da Alemanha.
As terras estão localizadas nos municípios de Faro e Oriximiná (no Pará); Urucará e Nhamundá (no Amazonas); Caroebe e São João da Baliza (em Roraima). Ali habitam povos das etnias Karapawyana, Wai-Wai, Katuena, Hixkaryana, Mawayana, Xereu, Cikiyana, Tunayana, Yapîyana, Pianokoto e Waimiri-Atroari, além de grupos indígenas ainda não contatados. O próximo passo para esses povos é a homologação da terra indígena, que deverá ser assinada pelo presidente da República.
A mata fechada, característica da região, era o principal obstáculo para demarcar fisicamente os limites da terra. Outra dificuldade era delimitar as regiões hidrográficas, pois Trombetas-Mapuera é cercada por mais de 80 cachoeiras. Conhecedores das áreas mais densas, os indígenas foram imprescindíveis para a concretização da demarcação, que durou dois anos.
A parceria entre a Funai e o governo alemão criou condições para a participação dos indígenas no acompanhamento da demarcação e na fiscalização da terra. Foram realizadas capacitações em legislação ambiental e indígena; noções de cartografia e uso de GPS; mecânica e radiofonia e registro visual em filmagem. Para tanto, foram adquiridos barcos, motores, radiofonias, ferramentas e combustível.
O cacique geral de Mapuera (que totaliza 11 aldeias), Eliseu Wai-Wai, disse que a demarcação foi uma festa grande e significativa. "Conquistamos uma demarcação unindo forças. O futuro dos nossos filhos e netos agora está garantido", afirmou o líder indígena. Para o presidente da Funai, Márcio Meira, a conclusão da demarcação das terras representa a conquista de um patrimônio e de um legado a todos os povos indígenas brasileiros. "Este é um complexo de terras que garante a diversidade cultural e ambiental não só para o Brasil, mas para o mundo", afirmou Meira.
A oficialização da demarcação das terras indígenas Trombetas-Mapuera foi concluída com assembléias realizadas no início de dezembro, nas aldeias Kassawá (AM) e Mapuera (PA), com a presença do presidente da Funai. Um representante da Embaixada Alemã em Brasília, Michael Grewe, e mais uma comitiva de representantes do governo alemão - formada, também, pela Agência de Cooperação GTZ - celebraram a entrega da terra com entusiasmo."Estamos convencidos de que a demarcação é um passo importante para a gestão e segurança das terras", declarou Grewe. Para ele, que pela primeira vez pisou em uma aldeia, a parceria entre os governos alemão e brasileiro é de muito êxito. "Queremos, no futuro, continuar a cooperação técnica e financeira com o Brasil", declarou o representante do governo alemão.
Patrimônio cultural
Os povos indígenas de Trombetas-Mapuera têm agora novo desafio, além de preservar e ajudar na fiscalização da área. Para o presidente da Funai, Márcio Meira, a conquista mais importante, depois da garantia do direito ao uso da terra, é assegurar a manutenção do patrimônio cultural indígena, preservando os diversos costumes tradicionais. Falando aos indígenas, o presidente da Funai destacou:
"Vocês não podem esquecer as músicas, as danças, as flautas, os artesanatos. Não podem esquecer dos antepassados e da língua. Os mais novos têm que escutar os mais velhos. Têm que manter a tradição e o conhecimento antigo. Têm que manter firme a memória dos povos. É isso que garante que vocês tenham a terra."
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
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