Segundo inquérito publicado pela Imprensa das Ciências Sociais - Mais de 90% dos portugueses nunca participou em acções cívicas em defesa do ambiente ou da saúde pública
Inquérito revelou:
Falta de oportunidade, de tempo e informação insuficiente são as razões apontadas para a fraca participação cívica
A poluição, os incêndios e a destruição da camada de ozono entre os problemas ambientais mais temidos
Portugueses consideram alarmista a abordagem dos media aos riscos ambientais mas procuram sobretudo a TV para obter informações
Para os inquiridos, a opinião dos cientistas é mais credível do que a do Estado
Os problemas ambientais são uma das maiores preocupações dos portugueses e, entre estes, a poluição, os incêndios e a destruição da camada de ozono merecem especial atenção. Uma larga maioria (84%) considera que estes riscos tendem a aumentar no futuro mas, ainda assim, só pouco mais de metade (55%) tem o hábito de procurar informação sobre o assunto e 90,5% nunca participou em acções de protesto perante riscos ambientais ou de saúde pública.
Estas são algumas das conclusões retiradas de um inquérito realizado em Portugal no âmbito de um projecto de investigação que decorreu entre 2003 e 2006 e que acaba de ser publicado pela Imprensa das Ciências Sociais editora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) - com o título Os Portugueses e os Novos Riscos.
Grupos desfavorecidos revelam mais ansiedade perante os riscos
Segundo as respostas apuradas neste inquérito, a passividade generalizada dos portugueses face aos riscos ambientais tem a ver com falta de oportunidade (38,5%), de tempo (23,7%) e a falta de informação (9,6%). Entre os que participaram em movimentos cívicos, 36,3% optaram por fazê-lo em manifestações e 22,6% através da assinatura de uma petição ou abaixo-assinado.
Os portugueses que têm o hábito de procurar informação sobre riscos procuram fazê-lo através dos meios de comunicação (86%), especialmente da televisão. Ainda assim, 42,4% classificam de alarmista a abordagem mediática a esta temática. Mais credibilidade merecem os cientistas: 21,2% dos portugueses demonstra um alto índice de confiança na Ciência e 48,3% reconhece confiar muito pouco no Estado. Outro dado importante revelado neste inquérito é o de que a ansiedade perante os riscos ambientais e de saúde pública é mais notória nos grupos sociais mais vulneráveis como as mulheres, os idosos, os menos escolarizados, os desempregados, os reformados e as domésticas.
Da obra Os Portugueses e os Novos Riscos constam também três estudos de casos emblemáticos ocorridos recentemente em Portugal o surto da BSE, a polémica em torno da co-incineração de resíduos industriais e o urânio empobrecido desenvolvidos por uma equipa de investigadores coordenada por Maria Eduarda Gonçalves e composta por Ana Delicado, Cristiana Bastos, Hélder Raposo e Mafalda Domingues.
Fonte: Imago
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