O Dalai Lama está de visita a Portugal. Nem o presidente da República nem o Governo vão receber oficialmente o líder espiritual budista. No site da embaixada da República Popular da China em Portugal não existe referência a esta visita. Mas o Dalai Lama é o maior inimigo da China por esforços para encontrar autonomia e independência para o Tibete. Ontem a posição do Governo foi criticada pelo CDS-PP.
«O facto de ser um líder espiritual relevante deveria fazer com que o Estado português procurasse a melhor forma de não passar ao lado desta visita», afirmou, em declarações à Lusa, o secretário-geral do CDS-PP João Almeida.
Apesar de reconhecer que «a diplomacia tem as suas condicionantes», o dirigente democrata-cristão considerou que «o Estado português deveria encontrar formas - oficiais ou informais - de dignificar a presença do Dalai Lama».
Apesar de não manter qualquer encontro com representantes do governo português, o Dalai Lama, que se desloca a Lisboa entre 12 e 16 de Setembro, será recebido na quinta-feira pelo presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e na quarta-feira pela comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros.
«É muito pouco comparado com a forma como foi recebido Fidel Castro ou com a eventual recepção que terá o presidente [do Zimbabwe] Mugabe», criticou João Almeida.
Para o secretário-geral do CDS-PP, o comportamento do Estado português nesta visita do Dalai Lama contrasta com o que aconteceu em 2001, quando o então Presidente da República Jorge Sampaio, não recebendo oficialmente o líder tibetano, se encontrou com ele no Museu Nacional de Arte Antiga.
João Almeida sublinhou quer a dimensão de líder espiritual do Dalai Lama quer, sobretudo, a sua dimensão política.
«Não podem ser ignorados os problemas dos direitos humanos no Tibete e a ausência de liberdade religiosa na China. São fenómenos que o CDS valoriza e que o Estado português não pode ignorar», disse.
Questionado se estas críticas se dirigem ao Governo ou também ao Presidente da República, Cavaco Silva, o dirigente do CDS-PP sublinhou que, dos representantes dos órgãos de soberania, apenas Jaime Gama irá receber o líder tibetano no exílio.
Lhamo Dhondrub nasceu a 6 de Julho de 1935 no seio de uma família de camponeses. Com dois anos foi reconhecido como sendo a reencarnação do XIII Dalai Lama e levado de casa dos pais para a residência dos Dalai Lama onde recebeu formação. Aos quatro anos foi entronizado e recebeu o nome de Tenzin Gyatso. Aos 15 foi aclamado líder espiritual do Tibete.
O Dalai Lama, Prémio Nobel da Paz em 1989 pela sua dedicação não-violenta pela causa do Tibete, partiu para exílio na Índia em 1959 quando o exército chinês ocupou a região.
Desde 1993 que o Dalai Lama não tem contactos directos com Pequim, que considera o líder tibetano como um separatista, devido à sua posição inicial que reclamava a independência do Tibete.
Desde então, o Dalai Lama abandonou as exigências inicias de independência e o objectivo é agora uma «autonomia real e significativa» que preserve a cultura, língua e ambiente do Tibete.
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