A Infraero vai propor o início da desmilitarização nas torres dos aeroportos sob seu comando ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva segundo o presidente da empresa, brigadeiro José Carlos Pereira.
Diziz que se a empresa puder operar o controle de vôo nas 22 torres sob a sua administração, pode liberar até 1,5 mil militares que trabalham no controle de vôo para que eles possam ser transferidos para os Cindactas, onde há falta de contingente. Dentre esses 1,5 mil homens estão controladores de vôo, técnicos de manutenção e especialistas em clima.
A proposta será feita para o presidente na semana que vem, quando o ministro da Defesa, Waldir Pires, apresenta um relatório completo a Lula com sugestões da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da Infraero e da Aeronáutica para solucionar a crise aérea. Esses órgãos entregam seus relatórios amanhã para Pires e eles serão compilados no final de semana para que na segunda-feira possam estar à disposição do presidente.
Cada área terá que apontar quais as soluções para a crise e especificar em quanto tempo essas propostas podem ser implementadas. No caso da Infraero, o brigadeiro acredita que se sua sugestão for aceita é possível transferir para a empresa o controle de três torres ainda esse ano e que em 2008 outras oito torres ficariam sob a sua gestão. Ou seja, metade dos aeroportos controlados pela Infraero. "Se isso acontecer, pelo menos 900 militares podem ser remanejados para os Cindactas pela Aeronáutica. Desses, 110 são controladores", revela o brigadeiro. Esse seria o primeiro passo para a desmilitarização do controle aéreo, mesmo que mantendo o sistema híbrido.
Essa é parte das respostas às exigências feitas na terça-feira pelo presidente Lula, quando ele disse que queria "data e hora" para encerrar os transtornos aéreos. O brigadeiro ainda acha difícil mensurar um tempo para o fim da crise, mas os relatórios dos órgãos cobrados por Lula apontam em quanto tempo cada solução pode ser posta em prática.
O relatório da Infraero, por exemplo, deve mostrar a necessidade de priorizar os investimentos no complexo de aeroportos de São Paulo. Nas contas do brigadeiro, é possível concluir a reforma das pistas em Congonhas até julho, desde que a empresa consiga fazer as obras da pista principal sem licitação. O pedido já foi feito à Casa Civil. "Se pudermos dispensar a licitação, podemos concluir todas as obras até julho e daí poderemos começar a reforma da pista de Guarulhos. Essa precisa licitar e só fica pronta em 2008, porque as obras atravessarão um período de chuvas", comenta.
A empresa vai se comprometer a fazer uma parceria com a Eletrobrás e revisar os sistemas elétricos de 16 aeroportos ainda nesse semestre. O brigadeiro quer evitar o que aconteceu em Brasília há duas semanas quando a manutenção inadequada de um quadro de energia tirou o aeroporto do sistema.
Segundo ele ainda, em um mês entrarão em operação dois equipamentos VOR em São Paulo. Esses aparelhos de transmissão auxiliam os pousos de aeronaves e facilitam o trabalho dos controladores, que precisam interagir menos com os pilotos.
O relatório da Infraero vai apontar ainda a necessidade de reforçar o sistema que garante mesmo com clima adverso os pousos e decolagens. "Hoje, isso é muito precário no aeroporto de Curitiba. Temos que resolver isso", comenta Pereira.
Para ele, a mudança de comando na Aeronáutica está facilitando o diálogo entre Infraero, Defesa e FAB e o relatório a ser entregue ao presidente pode pôr um fim à crise.
Fonte Terra
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