A Guarda Civil espanhola deteve ontem (15) em em várias localidades de Navarra 17 pessoas , entre eles 13 portugueses suspeitos de angariação de mão-de-obra para trabalho escravo na agricultura. Foram libertados de um regime de escravatura encoberta 91 trabalhadores, a maioria portugueses, segundo Lusa.
Os recrutadores actuaram nas estações de transportes públicos e albergues de Lisboa e Porto, procurando desempregados, sem-abrigo e pessoas que viviam em situações de miséria. Em Espanha, os intermediários cobravam aos trabalhadores 300 euros por semana. Quando os trabalhadores recebiam os salários, os detidos obrigavam-nos a entregar de imediato o dinheiro ou a visar os cheques para que estes os depositassem no banco.
Entre os 91 trabalhadores contam-se, além dos portugueses, oito espanhóis, dois angolanos, um moçambicano e um polaco, descritos como pessoas com profunda marginalização social e uma cultura reduzida.
Além de não receber os seus salários, os trabalhadores viviam em condições penosas, sendo obrigados a ter, por exemplo, que fazer as suas necessidades fisiológicas na via pública porque as residências disponibilizadas pelos intermediários não tinham condições.
Vicente Ripa, delegado do governo em Navarra, disse aos jornalistas que além dos 17 detidos, foram ainda imputados sete empresários alegadamente envolvidos na exploração dos trabalhadores.
Falta ainda confirmar, segundo Ripa, se os empresários tinham ou não conhecimento que os trabalhadores não recebiam o dinheiro.
«Em alguns casos, as próprias empresas meteram dinheiro nas contas do empregador-intermediário que deveria corresponder aos salários dos trabalhadores, pelo que se presume que tenha havido essa colaboração» , afirmou.
As empresas pagavam aos trabalhadores um salário de seis euros por hora (nove horas diárias, com uma hora para almoço, de segunda a sábado), mas o intermediário só deixava que os trabalhadores recebessem por semana entre 10 e 15 euros, mais o alojamento, alguma comida e um volume de tabaco.
O intermediário ficava assim com mais de 300 euros por semana por cada trabalhador explorado, que carecia ainda de contratos com a Segurança Social.
Fonte policial disse que a operação foi dificultada por receio dos próprios trabalhadores, que temiam a intervenção policial, possivelmente devido a ameaças.
Fonte : Sol
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