Comunidades de índios guaranis, guiados pela Assembléia do Povo Guarani (APG), na segunda-feira outra vez ocuparam as reservas de gás e petróleo na região do Chaco (700 quilômetros ao sul de La Paz) e ameaçam interromper a produção e as exportações para o Brasil.
Segundo o líder da APG , Wilson Changaray, a decisão foi tomada devido ao fracasso nas negociações com a Transierra (sociedade formada pela Petrobras, pela Repsol YPF e pela francesa Total Fina Elf).
Os índios guaranis da Bolívia exigem o repasse de cerca de US$ 9 milhões que a Transierra teria prometido, em um acordo firmado em julho de 2005. Porém, a Transierra divulgou que pretende investir a quantia ao longo de 20 anos, e não apenas de uma só vez, como querem os guaranis.
"Hoje (28) estamos entrando nos campos produtores e vamos paralisar toda a atividade e suspender as exportações para o Brasil", disse Changaray à rádio boliviana Fides.
No entanto, o gerente comercial da Transierra (empresa da Petrobras, Total e Repsol-YPF), Jorge Boland, disse que o abastecimento está normal. "É possível a interrupção, mas desde que eles invadiram a estação de controle em 15 de agosto, eles têm dito isso e nada foi interrompido", afirmou.
O Governo boliviano ainda não tem um posicionamento sobre a situação na região do Chaco, segundo a Reuters. Os índios guaranis já haviam ocupado, ha cerca de dez dias, a Estação Operacional de Parapetí, da Transierra, no município de Charagua (leste do país).
A associação ameaçou então fechar uma válvula de passagem do gasoduto que serve para a exportação de gás natural da Bolívia para o Brasil desde 2004 se a reivindicação não for atendida.
A interrupção das atividades na região do Chaco afetaria cerca de 60% das exportações do produto para o Brasil.
"Não estamos pedindo um aporte das empresas, mas apenas uma compensação pela riqueza que extraem de nossas terras e pelo dano que causam", afirmou Changaray.
Sobre as negociações a respeito da ocupação na estação de Parapetí, Changaray disse que "resultou em nada, porque a empresa (Transierra) não compareceu à reunião na sexta-feira passada, por isso nosso protesto agora é maior".
Fonte : La Paz
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