Dois Fatores recentes e de repercussão internacional o anúncio de que o Brasil alcançou a auto-suficiência em petróleo e os desdobramentos da crise com a Bolívia colocam o Espírito Santo em escala de prioridade nas planilhas de investimento da Petrobrás nos três próximos anos, alterando as projeções anteriores da empresa em termos da província petrolífera estadual.
As descobertas de óleo leve e gás de excelente qualidade na bacia capixaba justificam o reposicionamento dos investimentos da empresa, disposta a acelerar e aproveitar as perspectivas da produção do Espírito Santo, que já projeta, preliminarmente, uma produção estimada para 2010 de 380 a 400 mil barris de petróleo-dia e uma produção de gás para 2008 da ordem de 24 milhões de metros cúbicos/dia, o equivalente hoje ao que o Brasil vem importando da Bolívia.
Ao lado da importância daqueles eventos o Espírito Santo se identifica, oficialmente, como possuidor da segunda maior reserva de petróleo e, também, segundo maior produtor, logo abaixo do Rio de Janeiro. Na área do gás, com os investimentos que acabam de ser anunciados, priorizando novos gasodutos e a aceleração das obras nos já existentes, o Espírito Santo surge como a grande bacia estratégica que garantirá o abastecimento do país. É bom ter presente, portanto, que a Petrobrás já anunciou que investirá no Estado US$ 1,3 bilhão por ano até 2010.
As boas e seguras perspectivas da produção de gás no Espírito Santo ganham maior expressão quando compradas com o gás da bacia de Santos. A reserva santista está situada em campo de lâmina d´água muito profunda, em torno de 6 mil metros, dificultando e encarecendo a exploração e produção. Estes aspectos transformam o gás da bacia capixaba num produto economicamente mais rentável e de rápida utilização.
A crise com a Bolívia hoje revela que a viabilidade do fornecimento de gás natural no país sempre esteve condicionada a falta de investimentos em nossa infra-estrutura e em gasodutos, aspectos que não estiveram na escala de prioridade voltada para os interesses internos. Citam-se, apenas, que os altos investimentos feitos pela Petrobrás no gasoduto Brasil-Bolívia, a partir do ano 2000, sem dúvida, podem ser considerados um dos fatores de risco dentro do quadro de nossa atual e difícil dependência externa.
Na esteira das necessidades nacionais de petróleo e gás o Espírito Santo se afirma como possuidor de uma província que será a grande prioridade em termos de investimentos gasodutos, plataformas e infra-estrutura valendo dar destaque de imediato à próxima conclusão do gasoduto Cacimbas-Vitória e no prosseguimento estratégico do segundo trecho do gasene (nordeste-sudeste) que permitirá a ligação Vitória-Macaé, viabilizando a chegada do gás capixaba ao Rio de Janeiro e São Paulo.
Com esta profunda mudança no seu planejamento a Petrobrás avaliza toda a pujança produtiva do Estado, o que empresta, por outro lado, maior dose de tranqüilidade quanto à dependência que o País está enfrentando e gerada pela prioridade concedida pela Petrobrás aos seus negócios na Bolívia.
A divulgação, portanto, destas novas perspectivas do petróleo e gás do Espírito Santo darão maior tranqüilidade e autoridade à Petrobrás para enfrentar o longo processo de discussões com os bolivianos.
J.C. Monjardim Cavalcanti
jornalista e ex-Secretário de Comunicação do Estado.
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