"Os Verdes lastimam as declarações proferidas hoje por Freitas do Amaral à Rádio Renascença, pois consideram que, mesmo diluídas num discurso diplomaticamente correcto, estas abrem a porta à hipótese do uso da força no Irão, ainda que como última solução.
Sabendo o Ministro dos Negócios Estrangeiros das consequências dramáticas que o potencial uso da força sobre este país traria, podendo vir a desencadear um conflito nuclear que afectaria de forma irremediável, tanto do ponto de vista humano como ambiental, esta região em particular e o mundo em geral; sabendo das tensões existentes no Médio Oriente, e como as palavras proferidas pelos governantes deste mundo podem ser achas ou bálsamos nas relações internacionais; conhecendo ainda o profundo sentido pacifista do povo português que se manifestou claramente aquando da guerra no Iraque - estas declarações (o uso da força devia ser considerada como a última das últimas soluções) nunca deveriam ter sido pronunciadas e são inaceitáveis.
Os Verdes consideram ainda que estas afirmações traduzem uma lamentável cedência às pretensões bélicas dos Estados Unidos da América, pretensões estas que se verificaram profundamente erradas na intervenção e ocupação do Iraque. São também um mau auguro no empenho que o Governo português
pretende ter na defesa de uma resolução pacífica para a questão do Irão.
Os Verdes estranham que o Professor Freitas do Amaral se tenha esquecido tão rapidamente da sua faceta pacifista, esquecimento este que surge no momento em que desempenha o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, cargo no qual as suas antigas preocupações seriam, mais do que nunca, úteis, para, no quadro da União Europeia, ser um porta-voz activo daqueles que defendem a paz no mundo e usar da sua influência junto dos EUA no sentido de demover as intenções bélicas deste país.
Relembramos que o Professor Freitas do Amaral foi um dos subscritores do manifesto Pela Paz, Contra a Guerra lançado a 10 Janeiro de 2003, manifesto este que afirmava a necessidade da via pacífica para a resolução de conflitos.
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