Estamos muito mais para 50 tons de cinza que para preto no branco, em se tratando da sustentabilidade.
Por Vilmar Sidnei Demamam Berna*
A natureza desde sempre nos ofereceu "serviços" ambientais de forma livre e gratuita, de grande valor, e que até agora não tinham preço! A água que bebemos, o ar que respiramos, a biodiversidade que nos alimenta, os ciclos da natureza que mantém o clima como conhecemos, tudo de grande valor, mas sem preço, por que nem tudo é mercadoria.
Não cabe ao Mercado estabelecer o que terá preço ou não, por que quem estabelece as regras e as políticas públicas, são os poderes públicos.
O Mercado aproveita as oportunidades.
Entretanto, o mundo não é bem frequentado apenas por anjos. Existe uma tensão permanente entre os interesses públicos e os privados.
A corrupção, o financiamento de campanha, o controle dos meios de comunicação fazem a balança dos interesses privados pender mais para o lado do Mercado que para o lado dos interesses públicos, e aí quem perde é a sociedade.
E como a sociedade não é um bloco homogêneo, perde mais quem pode se defender menos, e são os pobres, invariavelmente, os que mais sofrem todas as vezes que o Mercado ganha.
O Mercado pressiona para que os poderes públicos diminuam o tamanho das Unidades de Conservação; para que transforme a água em mercadoria; para que permita o congelamento de áreas de biodiversidade preservada para compensar áreas destruídas; para tornar mais permissivas regras de produtos geneticamente modificados; para que o meio ambiente possa receber cargas maiores de poluição, etc.
É uma luta surda, em que mentir, dar rasteiras, manipular informações, é mais comum do que se imagina.
Os que lutam pelo meio ambiente precisam estar o tempo todo muito atentos, pois nem tudo o que se diz e tenta parecer sustentável, é sustentável de verdade.
Referência:
EL KHALILI, Amyra. O que está em jogo na "economia verde"?
https://pt-br.facebook.com/REBIA.org.br/posts/1623426667672104
http://port.pravda.ru/busines/12-03-2017/42864-economia_verde-0/
*escritor e jornalista, fundou a rebia - rede brasileira de informação ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a revista do meio ambiente (que substituiu o Jornal do meio ambiente), e o Portal do meio ambiente (portaldomeioambiente.org.br). em 1999, recebeu no Japão o Prêmio global 500 da ONU para o meio ambiente e, em 2003, o Prêmio verde das américas.
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