O 23 de junho de 2016 será relembrado pelas gerações futuras como o dia histórico em que nasceu a Paz para nossa martirizada sociedade, depois de ter vivido e sofrido décadas inteiras de violência e guerras políticas, onde a morte apoderou seus reais de extremo a extremo de nossa geografia. Os fatos vividos fizeram recordar, novamente, as datas lutuosas de quando o partido liberal perdeu a Guerra dos Mil Dias e obrigado pela derrota firmou os dois tratados históricos, pondo fim a esta conflagração fratricida.
Por Alonso Ojeda Awad
Fonte pacocol.org
O primeiro foi a firma do Tratado de Neerlandia subscrito pelo general Rafael Uribe Uribe, na famosa fazenda do mesmo nome, localizada na zona bananeira do estado do Magdalena, perto do povoado de Ciénaga, a 24 de outubro de 1902, e posteriormente foi firmado o Tratado de Wisconsin, pelo general Benjamín Herrera, no buque insígnia da armada norte-americana que levava esse nome, no porto da cidade de Panamá em 21 de novembro de 1902. Este último tratado pôs fim à confrontação violenta e abriu passagem à hegemonia conservadora até o ano de 1930, quando ganha a presidência o liberal Enrique Olaya Herrera, quem, com Alfonso López Pumarejo, dá início à significativa "Revolução em marcha".
Porém, as condições da firma da Paz se deram em circunstâncias diferentes. Hoje, a organização insurgente mais significativa e emblemática durante estes últimos cinquenta anos, as FARC-EP, dando demonstração de coesão política e mando centralizado, firmaram em Havana, junto ao presidente Juan Manuel Santos, um Acordo que põe fim à guerra. Este emocionante ato solene de firma entre o presidente Santos e o Comandante "Timochenko", presidido pelo presidente de Cuba, Raúl Castro Ruz, com a honrosa companhia na mesa do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, do chanceler da Noruega, Borge Brende, do presidente da Assembleia das Nações Unidas, Mogens Lykketoft, do presidente do Conselho de Segurança da ONU e do embaixador da França François Delattre, dos presidentes dos países acompanhantes do Chile Michelle Bachelet e da Venezuela Nicolás Maduro, do enviado especial do presidente dos EUA Bernard Aronso, da União Europeia Eamon Gilmore e dos presidentes latino-americanos Salvador Sánchez de El Salvador, Danilo Medina da República Dominicana e presidente da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos [CELAC], junto com o presidente do México Enrique Peña Nieto.
Há que reconhecer que nunca, em nossa longa vida republicana, havíamos conseguido tanto êxito diplomático, colocada nossa nação como o ponto mais importante do mundo nessas 24 horas que selaram nossa sorte como nação democrática e em Paz, exemplo imperecível para todas as nações do mundo. Um novo movimento político aparece no firmamento democrático colombiano ao desaparecerem as FARC, como sigla de Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, para transformar-se num partido político que lutará dentro dos parâmetros da Constituição política para chegar ao poder. Segundo manifestaram seus comandantes guerrilheiros, o que muda são os métodos de luta porque sua plataforma e seus sonhos políticos de justiça social e desenvolvimento popular continuarão tendo a vigência que mantiveram nesses 52 anos de luta armada nos campos e nas montanhas colombianos.
Os quatro pontos vitais para o fim do conflito armado são os seguintes:
Assim as coisas, os amantes da Paz estamos de parabéns e queremos felicitar ao presidente Juan Manuel Santos e ao Comandante "Timochenko" por este belo presente que brindam hoje em dia à sociedade colombiana. Deus os ilumine!
NOTA: Conheço o compromisso profundo que com a Paz têm os dirigentes sociais Carlos Velandia e Francisco Galán. Sou testemunha dos múltiplos esforços que desenvolveram para pôr fim à guerra e iniciar a construção de uma nova nação, longe da dor da violência e da morte. Participaram ativamente como conferencistas no "Programa Pedagogia de Paz" que durante 16 anos mantive aberto na Universidade Pedagógica de Bogotá. Clamamos por sua imediata Libertade.
Ex-Embaixador da Colômbia na Europa
Vice-presidente do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos.
27 de Junho de 2016.
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