O Brasil é um país gigante em praticamente todos os aspectos que queiramos analisar. É extremamente rico em recursos naturais, de excelentes condições climáticas e portador de um povo alegre, inteligente e trabalhador.
Por Laerce de Paula Nunes
Então o que nos fez ser assim tão pobres? A conclusão a que chegamos é que sempre nos faltou uma visão de futuro da nação e que os esforços e os recursos fossem canalizados no sentido de construir uma pátria igualitária para todos os brasileiros.
Quando comparamos o nosso desenvolvimento com outros países com situação inicial similar à nossa, particularmente os Estados Unidos da América, vê-se claramente que eles esbanjaram visão de futuro, enquanto nós não tivemos nenhuma preocupação com o futuro da nação.
No livro O Brasil e a visão de futuro - A miopia de uma nação efetuamos uma análise fundamentalmente centrada na visão histórica e como esta impactou os aspectos geográficos, econômicos e políticos. Analisamos também os reflexos na educação, na cidadania e nos aspectos de planejamento e organização e por consequência na visão de futuro. É óbvio que todos estes aspectos também impactaram a vertente histórica e, portanto a análise deve ser olhada no conjunto destas diferentes e diversas disciplinas.
Sabemos que o comportamento humano não depende tão somente da sua história, mas certamente o contexto histórico-social cria parâmetros e padrões de comportamento que orientam o pensamento coletivo de um povo, criando uma cultura, que no nosso caso se constituiu em cultura exploratória e sem visão de futuro e que também condicionou os aspectos econômicos, políticos, educacionais e de cidadania do povo brasileiro.
Muitos analistas já fizeram análises semelhantes, o nosso propósito é agregar a todo este conjunto existente uma visão a mais, especialmente voltada para o processo histórico e como esta vertente influiu nas demais.
A conclusão a que chegamos é que se quisermos ser grandes e desenvolvidos temos que pensar no futuro e ter uma visão clara do que queremos e será este um primeiro passo nesta longa caminhada.
Ao planejar o futuro devemos desenvolver todas as classes, fazendo um país mais equitativo, não há como estarmos entre as dez maiores economias do planeta e termos padrões de educação, saúde, distribuição de renda e cidadania referente aos países mais atrasados.
Teremos também que descobrir as nossas vocações e transformarmos regiões hoje problemáticas no país com soluções inteligentes. A título de exemplo, o nordeste do país que é uma região sofrida com as secas, com milhões de brasileiros em permanente dificuldade pela falta de água poderá se transformar em um polo gerador de energia solar e eólica, limpa e disponível o ano todo. Dispondo desta forma de energia para dessalinização de águas e ainda considerando o solo fértil em várias partes do nordeste, é possível produzir alimentos em grande quantidade.
Devemos investir em pesquisas tecnológicas aproveitando nossas vocações e a nossa biodiversidade, de modo a criar uma indústria inovadora, competitiva e protetora dos recursos naturais.
Devemos olhar o Brasil com os olhos de brasileiros, valorizando as nossas potencialidades e a nossa gente.
Precisamos rever alguns vícios antigos de dar "um jeitinho", buscar facilidade, caminhar nas falhas das leis, porque esta forma não é nada cidadã e é de cidadania que mais precisamos.
Qual será o caminho? O mais certo é que tenhamos que iniciar tudo isto com um projeto consistente e sério de educação e de alteração da nossa consciência social. Sabemos que quem diz não ter recurso para educação não sabe o custo da ignorância.
*Laerce de Paula Nunes é engenheiro metalurgista pela UFF, com curso de Engenharia de Equipamentos pela PETROBRAS, onde trabalhou durante 25 anos. Autor dos livros "Pintura industrial", "Proteção catódica", "Materiais: Aplicações de Engenharia, Seleção e Integridade" e "O Brasil e a visão de futuro - A miopia de uma nação".
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