Economista Welinton dos Santos
A economia mundial, em outubro de 2012, está em processo de leve desaceleração, em virtude da aplicação de políticas de austeridades fiscais implantadas por vários governos pelo mundo, ou ainda nos erros estratégicos de alocação de recursos nas atividades de fato produtivas a realidade econômica mundial.
A elevação dos preços dos alimentos provocados pelos efeitos ambientais está impactando na inflação mundial e tenderá ser ainda maior em 2013.
Fatores despercebidos que reverteriam parte do processo de desaceleração das economias estão concentrados na: economia criativa, com base sustentável; recuperação ambiental; incentivos a mais políticas de economia verde, como propostos pela UNESCO e vários países no encontro Rio + 20; além da falta de créditos a pequenos empreendedores em vários países no momento. O crédito é o motor da economia, sem ele as economias entram em estado de desaceleração.
A inflação é um dos indicadores da economia, neste quesito a China, uma das principais economias do mundo, atingiu uma inflação anual ao consumidor em julho de 2%, baixo, pesando nesta balança inflacionária o preço dos alimentos que subiram 3,4% ante 14,8% de julho de 2011, mas com projeções de aumento para o próximo ano. Baseado nesta trajetória inflacionária e incentivando a sua economia o BPC - Banco do Povo da China cortou as taxas de juros de depósitos e empréstimos de um ano às instituições financeiras, fixando em 3,0% e 6,0% respectivamente, não alterando o depósito compulsório dos bancos que está na ordem de 20% para os grandes bancos e 18% para os pequenos bancos.
No Japão a inflação anual ao consumidor (IPC) atingiu - 0,4% em julho ante - 0,1% em junho, o BoJ - Comitê de Política Monetária do Banco do Japão, manteve a taxa básica de juro no intervalo fixado do mês de outubro entre 0 e 0,1% com um programa de compra de ativos da ordem de ¥ 70 trilhões, a ser concluído em junho de 2013.
Nos EUA, a inflação ao consumidor (IPC) o índice acumulado nos últimos 12 meses é de 1,7% em agosto, com ênfase para o declínio de 0,6% no preço da energia, já o deflator das despesas pessoais de consumo (DPC), índice de condução da política monetária, atingiu 1,3% em julho, menor patamar desde outubro de 2009. Isto mostra sinais de recuperação da economia americana. A taxa dos Fed funds se mantém na mínima histórica entre 0% e 0,25% a.a. (ao ano) desde dezembro de 2008, com sinalização do Fed (Federal Reserve) de permanecer neste patamar até pelo menos o final de 2014.
Na Zona do Euro, houve uma variação anual do Índice de Preços ao Consumidor Harmonizado (IPCH) da ordem de 2,6% em agosto, análise feita nos últimos 12 meses, que exclui alimentos, energia, bebidas e tabaco, o destaque é o aumento do preço da energia que subiu 8,9% em agosto. Segundo informações do Banco Central Europeu (BCE), considerando as atividades econômicas da região a inflação irá declinar no decorrer do ano e permaneça abaixo de 2% em 2012, para tal reduziu as taxas de juros das principais operações de refinanciamento para 0,75% a.a.. Com os atuais problemas políticos nesta região será que a inflação irá recuar? O cenário político influenciará o cenário econômico.
O Banco da Inglaterra (BoE) ampliou o programa de compra de ativos com emissão de reservas, em £50 bilhões, para £375 bilhões, devendo integralizá-lo nos próximos três meses, e manteve a taxa bancária oficial em 0,5% a.a., nível praticado desde março de 2009. A inflação dos últimos doze meses estava no patamar de 2,6% em julho. As emissões de reserva afetam várias economias como a brasileira, com aumento da valorização do real, dificultando as exportações do Brasil, da Rússia, da Índia e de outros países.
A recuperação do mercado acionário no último trimestre nos países emergentes, de modo geral, como o Istanbul Stock Exchange National 100 Index, da Turquia, cresceu 22,3%; na IBOVESPA do Brasil, 4,7%; no Bombay Stock Exhange Sensitive Index (Sensex), da Índia, valorização de 7,5%, a exceção do recuo de 13,7% no índice Shangai Composite, da China, provocado pela redução do ritmo de crescimento da economia chinesa.
O dólar em comparação as moedas dos países emergentes ficou estável frente ao real e ao renminbi, depreciação de 3,3% frente ao rublo russo e 1% à rúpia indiana.
As incertezas com referência a Grécia e a possibilidade de aumento da fragilidade fiscal e econômica de outros países na zona do Euro ainda preocupam.
O Brasil mantém um cenário de inflação da ordem de 5,2%, conforme pesquisa realizada pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) com um conjunto significativo de instituições, apontando leve queda para 2013. Para o COPOM, apesar do viés inflacionário no curto prazo, no médio prazo o cenário internacional é de desinflação, no mercado doméstico brasileiro, o Comitê aponta um horizonte de risco neutro.
Este cenário demonstra de forma clara uma desaceleração da atividade econômica global, com leve tendência de alta para os próximos trimestres.
O momento é de aumentar investimentos em setores estratégicos sustentáveis para auxiliar nas perspectivas de recuperação do desenvolvimento econômico global.
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