IBGE divulga estrutura industrial e regional do país - Base: Ano de 2007 - Pesquisa Industrial Anual - Empresa Fonte IBGE
De 2003 a 2007, o número de empresas industriais no país (com cinco ou mais trabalhadores) cresceu de 139 mil para 164 mil e o contingente de trabalhadores passou de 5,9 milhões para 7,3 milhões de pessoas. Nesse período foi verificado também um aumento no salário médio pago em termos nominais (de R$ 1 073 para R$ 1 410), o que corresponde a um ganho real da ordem de 8,8% . Em 2007, o melhor desempenho em termos de capacidade de absorção de pessoal ocupado, foi verificado no setor de alimentos (18,6%), seguido por vestuário e acessórios (7,8%), máquinas e equipamentos (6,9%), produtos de metal (6,1%), fabricação e montagem de veículos automotores (5,6%) e calçados e artigos de couro (5,5%) que completam o conjunto de setores que empregaram aproximadamente 50% do pessoal ocupado na indústria.
As informações da Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa e Produto 2007 mostram ainda que, em 2007, as empresas industriais apresentaram receita líquida de vendas da ordem de R$ 1,5 trilhão (uma média de R$ 9,2 milhões por empresa) e registraram custos, entre gastos com pessoal e custos diretos de produção, de R$ 196 bilhões e R$ 114 bilhões, respectivamente.
Em 2007, os gastos de pessoal representaram 13,1% do total dos principais componentes da estrutura de custos e despesas. Os dispêndios realizados com consumo de matérias-primas atingiram 46,6% e a aquisição de mercadorias para revenda foi de 4,4%. Os custos diretos de produção atingiram 7,6%, sendo 2,7% vindos do consumo de combustíveis e compra de energia elétrica e 4,9% do pagamento de serviços prestados por terceiros e consumos diversos para manutenção e reparação de máquinas e equipamentos. Nos outros custos e despesas, que representaram 28,3% do total, as despesas com depreciação, amortização e exaustão de ativos imobilizados ficaram com 3,2%, os gastos destinados ao pagamento de royalties e assistência técnica com 1,3% e as despesas com propaganda, 1,2%. Os demais custos e despesas somados representaram 22,6%.
Os principais componentes na estrutura dos investimentos realizados em ativos imobilizados, no ano de 2007, foram as aquisições de máquinas e equipamentos industriais, que representaram 50,9% do total, outras aquisições (móveis, microcomputadores, etc.) que atingiram 29,4%, e as aquisições de terrenos e edificações que alcançaram 13,5% do total das aplicações dos recursos.
No âmbito setorial, em termos do valor da transformação industrial (VTI), em 2007, as atividades com maior destaque foram: refino do petróleo e produção de álcool (15,3%), alimentos (12,2%), produtos químicos (10,3%), fabricação e montagem de veículos automotores (8,5%), metalurgia básica (7,9%) e máquinas e equipamentos (6,0%) que concentraram aproximadamente 60% do total da indústria. Com exceção de alimentos (13,0%) e máquinas e equipamentos (6,3%), nenhum dos setores que lideram, em termos de valor da transformação industrial, enquadra-se na categoria dos que concentram o maior número de empresas. Assim, os destaques foram as seguintes atividades: vestuário e acessórios (14,7%), produtos de metal (10,2%), produtos de minerais não-metálicos (7,6%), mobiliário (5,7%), edição e impressão (5,7%), madeira (5,2%) e borracha e plástico (5,2%).
Em termos regionais1, em 2007, as empresas localizadas principalmente nas regiões Sudeste (52,9%) e Sul (27,4%) também concentraram as maiores participações no total do pessoal ocupado, 53,7% e 25,2%, respectivamente. As duas regiões registraram, respectivamente, 62,7% e 18,5% do valor da transformação industrial. Estes resultados podem ser explicados pela maior densidade e diversificação da estrutura industrial nessas regiões.
As regiões Nordeste e Centro-Oeste mostram maior importância relativa no total do pessoal ocupado e no número de unidades locais do que nas demais variáveis (receita líquida de vendas, valor da transformação industrial e gastos com pessoal), refletindo a maior presença de empresas tradicionais e mais intensivas em mão-de-obra.
Com as informações regionalizadas, segundo um corte setorial, da PIA-Empresa 2007 também é possível identificar a concentração das empresas nas grandes regiões do país. Na maioria das regiões tem destaque o setor de fabricação de alimentos e bebidas, mas somente no Centro-Oeste registra-se uma forte presença deste setor tanto no valor da transformação industrial (49,5%) como no pessoal ocupado (45,6%), reflexo das grandes plantas processadoras e exportadoras de produtos agropecuários. Na Região Sudeste, em função da maior diversificação de sua indústria, o setor de alimentos e bebidas atinge relativamente a menor participação regional, 11,9% do valor da transformação industrial e 14,6% do pessoal ocupado.
No Nordeste, embora tenha uma participação de 17,7% do total do valor da transformação industrial, este setor perde a liderança para o ramo de refino de petróleo e produção de álcool (20,3%), mas prossegue como o primeiro em termos de pessoal ocupado, com cerca de 32% do pessoal ocupado. Na Região Sul, o segmento de alimentos e bebidas, com 19,0% de participação no total do valor da transformação industrial, possui representatividade participação superior ao somatório dos ramos de máquinas e equipamentos (9,4%) e fabricação e montagem de veículos automotores (9,2%). Por outro lado, na Região Norte, o setor de alimentos e bebidas e as indústrias extrativas lideram em termos de valor da transformação industrial, ambos com 16,1%. Esta participação é bastante distinta quando se observa o total de pessoal ocupado e o número de unidades locais, em que o setor de alimentos e bebidas é mais importante que a indústria extrativa.
Setor de alimentos se destaca na capacidade de absorção do pessoal ocupado
Em relação a 2003, além do avanço no número de empresas (de 139 mil para 164 mil) e do pessoal ocupado no setor industrial (de 5,9 milhões para 7,3 milhões), para o universo de empresas com 5 ou mais pessoas ocupadas, também houve aumento no salário médio pago em termos nominais (de R$ 1 073 para R$ 1 410), o que corresponde a um ganho real da ordem de 8,8%.
Na estrutura setorial, o melhor desempenho em termos de capacidade de absorção de pessoal ocupado, no ano de 2007, veio do setor de alimentos (18,6%), seguido por vestuário e acessórios (7,8%), máquinas e equipamentos (6,9%), produtos de metal (6,1%), fabricação e montagem de veículos automotores (5,6%) e calçados e artigos de couro (5,5%) que completam o conjunto de setores que empregaram aproximadamente 50% do pessoal ocupado na indústria em 2007.
As atividades que mais ganharam em participação no total do pessoal ocupado entre os dois períodos foram: alimentos, que passa de 17,7% em 2003 para 18,6% em 2007, produtos de metal (de 5,3% para 6,1%), refino de petróleo e produção de álcool (de 1,6% para 2,3%). Por outro lado, os segmentos de calçados e artigos de couro (de 6,9% para 5,5%) e madeira (de 4,2% para 3,1%) são os que registraram as maiores perdas entre os dois períodos.
No total dos salários e retiradas pagos, em 2007, poucos ramos de atividade responderam por mais da metade do total pago na indústria, cerca de 52%, com destaque para as participações de alimentos (13,0%), fabricação e montagem de veículos automotores (9,6%), produtos químicos (9,6%), máquinas e equipamentos (8,5%), refino de petróleo e produção de álcool (6,0%) e metalurgia básica (5,3%).
Por outro lado, os setores mais tradicionais, ou seja, mais intensivos em mão-de-obra, como calçados e artigos de couro (2,7%) e vestuário e acessórios (3,4%) e que se destacam em termos de pessoal ocupado, possuem pequena participação no total dos salários pagos na indústria. Ainda nesta variável, o ramo de alimentos também ganha participação na estrutura setorial entre 2003 (11,9%) e 2007 (13,0%) e segue como o mais importante nestes períodos.
Ramo de refino de petróleo e produção de álcool registra maiores salários e produtividade
No ano de 2007, os principais destaques no salário médio mensal, em termos de salários mínimos, ficaram com os ramos de refino de petróleo e produção de álcool (9,8), seguido por fumo (7,0), produtos químicos (7,0), fabricação e montagem de veículos automotores (6,5); outros equipamentos de transporte (6,4), metalurgia básica (6,3) e material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações (5,7). Entre estas atividades, destaca-se o comportamento da indústria fumageira que, embora com pequena participação (0,5%) no total de salários e retiradas, paga salários elevados refletindo sobretudo a presença das grandes empresas processadoras e exportadoras de fumo.
O indicador de produtividade do trabalho sinaliza que cada pessoa empregada nas empresas investigadas gerou em média R$ 83,4 mil de valor em 2007, apresentando um comportamento bastante diferenciado entre os setores. Em geral, a produtividade do trabalho tende a ser elevada em setores considerados de alta tecnologia ou capital intensivo. Em 2007, os segmentos que assinalaram os resultados acima da média industrial foram: refino de petróleo e produção de álcool (R$ 550 mil), fumo (R$ 226 mil), metalurgia básica (R$ 209 mil), indústrias extrativas (R$ 168 mil) e produtos químicos (R$ 167 mil). Por outro lado, os setores mais tradicionais, ou seja, os mais intensivos em mão-de-obra, possuem produtividade abaixo do total da indústria, com destaque para vestuário e acessórios (R$ 19 mil), calçados e artigos de couros (R$ 23 mil), mobiliário (R$ 27 mil), reciclagem (R$ 29 mil), têxtil (R$ 35 mil) e madeira (R$ 35 mil).
O indicador que mede o custo do trabalho, razão entre as despesas com pessoal e o valor da transformação industrial, é de 32,4% para o total da indústria no ano de 2007 e mostra comportamento distinto entre os setores. Os segmentos com menor custo do trabalho são exatamente aqueles com maior produtividade, indicando uma vantagem competitiva destes ramos no que se refere ao fator trabalho.
Diminui diferenças entre Sudeste e Sul em relação às demais regiões
Entre 2003 e 2007, observa-se a manutenção da clara predominância das regiões Sudeste e Sul, considerando o pessoal ocupado, salários e retiradas, salários médios, receita líquida de vendas e valor da transformação industrial. Contudo, entre esses períodos há uma redução das diferenças entre o Sudeste e o Sul e as demais regiões. No período, o Nordeste foi o que mais ganhou em participação no total do pessoal ocupado, passando de 11,7% para 12,7%, enquanto a Região Sul, que passou de 26,4% para 25,2%, mostrou a maior perda. Nas demais regiões, as participações foram as seguintes: Sudeste (de 54,0% para 53,7%), Norte (de 3,4% para 3,6%) e Centro-Oeste (de 4,5% para 4,7%).
O salário médio, que em termos nacionais é de 3,8 salários mínimos em 2007, é diferenciado entre as regiões, com o Sudeste pagando o salário mais elevado (4,6). Esta região mostra uma diferença de 21,1% frente ao salário médio pago no total da indústria, enquanto que nas demais áreas os salários ficaram abaixo do resultado nacional: Norte (3,1), Sul (3,0), e Nordeste e Centro-Oeste (ambos com 2,5). Em 2003, o salário médio pago na Região Sudeste era 23,4% superior à média nacional e que ao longo destes quatro anos houve redução na diferença entre o salário médio pago no total da indústria frente aos das demais regiões: na Região Sul o salário médio em 2003 estava 23,4% inferior da média nacional e em 2007 ficou 21,1% abaixo, no Centro-Oeste, era 42,6% menor e ficou 34,2% abaixo, Norte (de -23,4% para -18,4%) e Nordeste (de -38,3% para -34,2%).
Em relação às unidades da federação, em 2007, observa-se que o Rio de Janeiro, com 6,2 salários mínimos, paga os salários médios mais elevados entre os estados do Sudeste, refletindo sobretudo os salários mais altos registrados nas indústrias extrativas e em refino de petróleo e produção de álcool. São Paulo, com 4,9 salários mínimos, também fica com resultado acima da média da região (4,6), só que influenciado pelos ramos de produtos químicos, outros equipamentos de transporte, fabricação e montagem de veículos automotores e material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações.
Na Região Norte, o Amazonas é o que paga os salários mais altos (4,0) e o único acima da média da região (3,1), resultado explicado pelos salários dos setores de refino de petróleo e produção de álcool e indústrias extrativas. No Sul (3,0), os três estados mostram salários médios muito próximos entre si: Rio Grande do Sul (3,3), Paraná (3,0) e Santa Catarina (2,8).
Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, que pagam em média 2,5 salários mínimos, os principais destaques foram Bahia (4,1) e Sergipe (3,6) na primeira região, e Distrito Federal (3,2) na segunda. Na Bahia, destacam-se os ramos de refino de petróleo e produção de álcool, fabricação e montagem de veículos automotores, produtos químicos e indústrias extrativas, enquanto em Sergipe a principal contribuição fica com as indústrias extrativas. Entre 2003 e 2007, não se observa alteração na relação de importância entre os estados dentro de cada região.
Norte registra maior produtividade devido a setores intensivos em tecnologia e economias de escala
O indicador de produtividade do trabalho também mostra comportamento diferenciado entre as regiões, com o principal destaque vindo da Região Norte, que gerou, em média, R$ 139 mil de valor em 2007, explicados principalmente pelo desempenho dos setores intensivos em tecnologia e com economias de escala, como por exemplo: refino de petróleo e produção de álcool; indústrias extrativas; metalurgia básica; outros equipamentos de transporte; equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, cronômetros e relógios; e material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações. A Região Sudeste (R$ 99 mil) também mostrou em 2007 produtividade acima da média nacional (R$ 84,5 mil), enquanto nas demais, os resultados ficaram abaixo da média: Sul (R$ 62 mil), Centro-Oeste (R$ 62 mil) e Nordeste (R$ 63 mil). Entre 2003 e 2007, a Região Norte se manteve como a de maior produtividade, seguida pelo Sudeste, ambas acima da média da indústria.
Em síntese, na comparação dos anos 2003 e 2007, além do avanço no número de empresas e do pessoal ocupado no setor industrial, também houve aumento no salário médio pago em termos nominais e reais. As atividades que mais ganharam em participação no total do pessoal ocupado foram: alimentos, produtos de metal, refino de petróleo e produção de álcool e máquinas e equipamentos. No mesmo sentido, no total dos salários e retiradas pagos, destacaram-se as atividades de alimentos, máquinas e equipamentos, refino de petróleo e produção de álcool e outros equipamentos de transporte.
O segmento de fabricação e montagem de veículos automotores e de produtos químicos perdeu participação, mas se mantém como segundo e terceiro em importância na estrutura setorial. Em termos de salário médio mensal, os ramos mais intensivos em tecnologia e os que se estruturam em grandes plantas industriais com elevadas escalas de produção continuaram pagando os maiores salários, com destaque para refino de petróleo e produção de álcool que mantém a liderança entre os setores tanto em 2003 e 2007. Vale destacar que este ramo industrial também permanece entre estes dois períodos como o de maior produtividade e o de menor custo do trabalho.
Em termos regionais, não se observa uma modificação significativa entre 2003 e 2007 nas variáveis como pessoal ocupado, salários e retiradas pagos, salário médio, produtividade e custo do trabalho. Mesmo a perda de importância das regiões Sudeste e Sul em favor do Nordeste, Centro-Oeste e Norte na estrutura do pessoal ocupado, e salários e retiradas pagos já vinha sendo observada em anos anteriores. No que se refere ao salário médio mensal, vale destacar o maior ganho vindo das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, que diminuem consideravelmente a diferença frente a média nacional, influenciados principalmente pelo ganho real vindo dos reajustes no salário mínimo no período considerado (cerca de 31%).
Nota:
1 As informações consideradas até aqui, em nível nacional, dizem respeito à empresa industrial. Na regionalização dos dados, passam a ser consideradas, para o caso de empresas com atuação em mais de um local, informações obtidas a partir de suas unidades locais produtivas industriais.
Prof. Ricardo Bergamini
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