Campo de Tupi inicia produção de petróleo no pré-sal
Campo de Tupi inicia produção de petróleo no pré-sal
O Brasil deu início, na última sexta-feira (1º de maio), feriado do Dia do Trabalho, à produção de óleo no polo pré-sal da Bacia de Santos. Presente às duas cerimônias, na plataforma e na Marina da Glória, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, testemunhou a retirada do primeiro óleo de Tupi, ao lado do presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, e de outros representantes da empresa e do consórcio.
Lobão se declarou emocionado com o momento em que viu surgir o primeiro óleo do pré-sal, no navio-plataforma Cidade de São Vicente. O ministro também saudou, em discurso na Marina da Glória, todos os trabalhadores da Petrobras, por intermédio dos diretores da empresa.
Pela manhã, Lobão foi um dos presentes à retirada da amostra do petróleo do pré-sal. À tarde, participou da cerimônia de entrega da miniatura de barril em que estava o óleo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O óleo foi conduzido, como nos Jogos Olímpicos, por ex-funcionários da Petrobras, líderes de entidades civis, representantes da música, do futebol e do cinema até chegar às mãos do presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, que a repassou a Lula.
As duas solenidades da última semana marcam o início do desenvolvimento da maior reserva de petróleo descoberta pela Petrobras no país, se confirmadas as expectativas. Tupi tem volume de óleo equivalente (petróleo e gás) recuperável estimado entre 5 e 8 bilhões de barris. A plataforma Cidade de São Vicente, que operará no Teste de Longa Duração (TLD) de Tupi, tem capacidade de processamento de 30 mil barris de petróleo diário. O navio ficará ancorado em águas ultraprofundas, a 2,14 mil metros.
Tupi - Ao longo de 15 meses, o TLD recolherá informações técnicas para o desenvolvimento dos reservatórios descobertos pela empresa na Bacia de Santos. Essas informações serão decisivas não só para definir o modelo de desenvolvimento da área de Tupi, como também das outras acumulações do pré-sal daquela bacia sedimentar, que configuram uma das maiores descobertas já feitas pela indústria do petróleo.
Com o início do TLD de Tupi a Petrobras inaugura o desenvolvimento de uma nova fronteira exploratória, constituída por reservatórios de petróleo em rochas carbonáticas do tipo microbiais, localizados a cerca de cinco mil metros de profundidade a partir do leito marinho e sob lâmina dágua de mais de dois mil metros. Um desafio tecnológico inédito, não só por exigir a construção de poços que atravessarão cerca de dois mil metros de sal, como também reservatórios formados por rochas ainda pouco conhecidas na indústria. Além disso, são jazidas localizadas a grande distância da costa. Isso exigirá novo e complexo modelo logístico para transporte de pessoas e equipamentos, assim como para armazenamento e escoamento da produção.
A importância do TLD - A área de Tupi, que acumula óleo de médio a leve de boa qualidade (28º API), é o ponto de partida para que se conheça melhor o pré-sal. Ela subsidiará o corpo técnico da Petrobras para os futuros projetos de desenvolvimento da produção dessa gigantesca província, descoberta depois que, em 2003, a Petrobras diversificou seus trabalhos exploratórios em mar para norte e sul do núcleo central da Bacia de Campos.
No TLD inaugurado agora serão analisadas diversas características do pré-sal, como: o comportamento dos reservatórios em produção de longo prazo; a movimentação ou drenagem dos fluidos durante a produção; o escoamento submarino; além de estudos para a melhor geometria dos poços definitivos, que poderão ser verticais, horizontais e/ou desviados.
O TLD de Tupi também proverá os profissionais da Petrobras com informações sobre os reservatórios de petróleo carbonáticos encontrados no pré-sal, que são rochas de origem microbial, inéditas nessas condições. Será mais um passo tecnológico. Em março último, a empresa inaugurou, na indústria, a produção em reservatórios carbonáticos em águas profundas, no campo de Marlim Leste, na Bacia de Campos. Em Tupi esse feito terá de ser repetido, mas em águas ultraprofundas e em condições ainda mais complexas.
O teste é mais uma etapa dos estudos que a Empresa vem desenvolvendo sobre o pré-sal. No ano passado, a Petrobras colocou em produção o primeiro poço da camada pré-sal, apenas dois anos após a descoberta da nova província exploratória. O primeiro óleo do pré-sal, extraído no campo de Jubarte, serviu de projeto piloto e fonte de informações para mostrar o que deveria ser feito em Tupi. As diferenças entre os dois campos estão relacionadas basicamente à profundidade (menor que 1.500m na Bacia do Espírito Santo e maior que 2.000m na Bacia de Santos), profundidade do reservatório e, principalmente, à cobertura de sal. Em Jubarte a espessura da camada de sal é de menos de 300m, em Tupi é de 2.000m. A distância da costa também mostra que o desafio em Tupi é maior. Jubarte está bem mais próximo da linha da costa, a 77 km, contra os 290 km de Tupi.
O FPSO instalado para o TLD estará ligado a dois poços, um de cada vez, por aproximadamente seis meses cada um. O tempo restante será para remanejamento das linhas de produção e análises complementares.
No final de 2010, concluído o TLD, entrará em operação o Projeto-Piloto de Tupi, que terá capacidade para produzir e processar diariamente 100 mil barris de óleo e 4 milhões de metros cúbicos de gás. O primeiro módulo definitivo do projeto de desenvolvimento da área poderá ser uma extensão do projeto-piloto.