5 de agosto tornou-se um dia sombrio para o mercado mundial de petróleo. As cotações dos futuros mais próximos de petróleo Brent na Bolsa de Londres caíram para abaixo do importante nível psicológico de $120 dólares o barril - $118,36 o barril. A redução de preços continuou durante todo o dia nas principais bolsas do mundo, para todos os tipos do ouro negro.
A redução de ontem seguiu-se a outra queda de preços em 4 de agosto, quando o contrato para setembro do petróleo Brent na Bolsa Intercontinental caiu em $3,50 e fechou a $120,68 o barril. Na Bolsa Mercantil de New York o preço do contrato de futuros de petróleo WTI para embarques de petróleo em setembro reduziu-se em $3,69 para $121,41 o barril. Nem o incêndio na refinaria da Valero Energy Corp. em Houston, nem ameaças de corte nos suprimentos de petróleo do Irã puderam impedir o desabamento dos preços.
O mercado não teve reação positiva aos eventos favoráveis acima mencionados. Isso faz pensar que o mercado abandona todas as suas especulações e concentra sua atenção na correlação entre procura e oferta. Isso pode indicar o início de uma nova tendência de queda de longo prazo.
Quanto ao suprimento do mercado, transpirou recentemente que os países da OPEP já vinham aumentando a produção de petróleo havia três meses. O que dificilmente pôde ser notado contra o plano de fundo da intensificação especulativa dos meses recentes. Os especuladores gradualmente vão saindo do mercado, o que torna o aumento da oferta mais óbvia.
A situação é ainda mais alarmante no campo da procura. O consumo de produtos de petróleo na Europa e nos Estados Unidos vem declinando contra o plano de fundo do revés econômico geral. Os europeus agora preferem o transporte público a seus carros pessoais. Percursos diários de carro tornam-se cada vez mais caros para muitas famílias européias.
Sérias mudanças ocorrem também nos Estados Unidos. Muitos estadunidenses estão deixando de comprar os carros com grandes motores que tradicionalmente gozam de imensa popularidade naquele país. Espera-se que, em decorrência, o consumo de combustível caia. Os consumidores dos Estados Unidos provavelmente não retomarão suas atividades anteriores, levando-se em consideração o fato de que a economia dos Estados Unidos ainda enfrenta perigo de recessão . Se ocorrer recessão, o consumo de petróleo sofrerá outro grande golpe.
A situação do mercado chinês de petróleo também deixa muito a desejar. A economia chinesa vem perdendo o impulso recentemente. Além disso, a China e a Índia podem produzir o efeito de uma grande explosão no mercado em termos do consumo de petróleo. O aumento da procura por petróleo nesses dois países determinou, em grande medida, a situação do mercado de combustível, devido ao contínuo aumento do número de carros. Entretanto, a avalanche de carros que vem inundando os dois gigantes asiáticos recentemente pode pregar uma peça no mercado mundial de petróleo.
Milhões de famílias chinesas e indianas vivem em condições de renda extremamente precárias. Elas dependem totalmente do inacreditável crescimento econômico de suas nações. A maior parte dessa renda não é consolidada por meio de poupança real. Uma redução, mesmo que pequena, do crescimento econômico ou na China ou na Índia levará inevitavelmente a cortes de empregos e diminuição da renda da população. Se isso acontecer, milhões de proprietários de carros novos terão que andar a pé ou pedalar bicicletas novamente. As maiores companhias de petróleo do mundo puxarão então o mercado para baixo.
Autor do post : Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
[email protected]
[email protected]
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter