Organização Mundial do Comércio conta seus últimos dias

A Organização Mundial do Comércio continua a perder o fôlego. A administração da organização e ministros do comércio dos estados líderes do mundo têm feito tentativas de salvar a organização dentro do escopo das atuais negociações em Genebra.

Entretanto, o milagre poderá não acontecer. O comércio tornou-se, no curso da história humana, sinônimo de racionalidade. A organização será salva se o bem representado por sua existência superar os prejuízos que acarrete. A não ser assim, pensar-se-á em alguma outra coisa.

Tecnicamente, a OMC atualmente é a encarregada da rodada de negociações de Doha. Essa rodada começou de modo otimista em novembro de 2001, mas o tempo mostrou que fazia muito pouco progresso. Em 2003, tornou-se claro que não seria possível chegar-se a um acordo a respeito das fórmulas de cortes de subsídios.

A conferência em Cancún, no México, terminou em completo fracasso em setembro de 2003. Resultado semelhante verificou-se em quase dois anos em Hong Kong: participantes das negociações concordaram em liberar seus mercados, mas todo mundo tinha sua opinião a respeito dos métodos de como e em que medida a liberação do mercado deveria ser efetuada. Em julho de 2006, o Diretor Geral da OMC, Pascal Lamy, declarou que a rodada de negociações de Doha havia sido suspensa. Presentemente, essa autoridade acredita ser possível melhorar a situação.

Entretanto, o atual estado de coisas na OMC deixa muito a desejar. Um de seus maiores problemas é o grande número de membros. Por exemplo, só 30 países dos 150 membros da OMC estão representados nas atuais negociações. Nem é preciso dizer que os países maiores e mais desenvolvidos do mundo participam das negociações, mas o mundo de hoje é diferente: podem-se esperar quaisquer surpresas (inclusive grandes problemas) de países pequenos.

Nos dias atuais, os países ocidentais desenvolvidos não conseguem impor seus pontos de vista a outros estados e ditar que o comércio pode ser mais livre para alguns. A era atual de interdependência global e a atual ascensão do mundo em desenvolvimento ditam a necessidade de negociarem-se coisas demais em países demais.

Atualmente, a OMC discute questões a respeito da situação dos setores agrários e industriais. Poderá parecer, à primeira vista, que o mundo em desenvolvimento só possa verberar contra os países desenvolvidos a propósito da injustiça dos mercados agrários. Eles têm, entretanto, outras alternativas.

Os Estados Unidos fizeram uma concessão muito grande no início das atuais conversações. Concordaram em restringir para $14 biliões os subsídios anuais aos produtores rurais dos Estados Unidos, embora pudessem proporcionar subsídios muito maiores sem ferir a observância das atuais condições da OMC. Apesar disso, entretanto, foi uma concessão ridícula: os produtores rurais receberam $7 biliões de subsídios no último ano e só podem ficar mais felizes com o dobro. Todavia, a administração dos Estados Unidos mostrou que os países em desenvolvimento sempre têm espaço para manobras.

A revista The Economist resolveu calcular os ganhos que adviriam não fora o fracasso das presentes negociações. O cálculo foi obviamente planejado para patentear a importância da OMC. Entretanto, o resultado mostrou o contrário: 0,1 por cento do produto mundial. Esse pequeno número não satisfaz os interesses nacionais, o que significa que não há motivo para modernizar-se a OMC.

Politcom

 Tradução da versão inglesa:Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme [email protected]@gmail.com

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Author`s name Lulko Luba