O Brasil está livre de passar por uma crise no setor de crédito imobiliário semelhante à que ocorre atualmente nos Estados Unidos, segundo o superintendente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Pereira Gonçalves, em entrevista à Agência Brasil.
"Os mercados de crédito brasileiro e americano são muito diferentes", diz Pereira, segundo O Globo. Ele explica que o Brasil utiliza, para financiamento da casa própria, recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da poupança, "que são bastante seguros e atualmente têm recursos em abundância para ser aplicados".
No caso norte-americano, o imóvel é financiado com dinheiro do mercado secundário, em que os bancos emprestam o dinheiro e transformam essa divida em títulos vendidos a outras instituições. A crise estourou porque uma grande quantidade de empréstimos foram feitos no grupo do subprime, de altíssimo risco, com tomadores que não são obrigados a apresentar documentos que assegurem o pagamento da dívida, como comprovante de renda.
Muitas pessoas e grupos com histórico ruim de pagamento fazem parte desse mercado. Como as taxas de retorno são bastante elevadas, investidores mais ousados acabam apostando nos papéis ofertados no subprime.
No Brasil, ao contrário, além de o processo incluir a exigência de várias garantias, o crédito imobiliário não passa pelo mercado secundário. "Nosso sistema não tem nada a ver com esse modelo", afirma Pereira Gonçalves.
"O nosso mercado de crédito é uma coisa mais estável, por isso não estamos observando nenhuma possibilidade de qualquer impacto da crise americana."
A Abecip mantém as projeções para o setor, neste ano, de que o volume de operações contratadas com recursos das contas de poupança no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somando R$ 15 bilhões, o que representaria crescimento de 60% em relação a 2006. Até julho, o volume contratado totalizou R$ 8,525 bilhões, superando em 71,81% o volume contratado no mesmo período de 2006.
A mesma crise teve efeitos praticamente residuais em Portugal. Mesmo assim, foram investidos cerca de 19 milhões e meio de euros em fundos ligados ao problema, de acordo com TvI.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), entidade que regula o mercado de capitais, confirma que em Portugal, os efeitos da crise americana são mínimos. A CMVM diz ainda que os fundos de investimento portugueses estão a funcionar normalmente, com liquidez suficiente para pagar os resgates por parte dos investidores.
Em relação à venda de fundos ligados aos créditos imobiliários de alto risco, os 19,5 milhões de euros que foram subscritos, envolvem 212 investidores.
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