A safra de soja quebrou o recorde em 2006, com 52.464.640 toneladas colhidas, 1.282.566 t a mais (2,5%) do que em 2005 e 1% a mais do que a safra de 2003 (51.919.440 t), a maior até então. Ainda assim, a área colhida foi 3,9% menor e houve queda de 15,1% no valor da produção no ano passado.
Produção Agrícola Municipal - Cereais, Leguminosas e Oleaginosas Fonte IBGE
A safra de soja quebrou o recorde em 2006, com 52.464.640 toneladas colhidas, 1.282.566 t a mais (2,5%) do que em 2005 e 1% a mais do que a safra de 2003 (51.919.440 t), a maior até então. Ainda assim, a área colhida foi 3,9% menor e houve queda de 15,1% no valor da produção no ano passado.
É o que mostra a Pesquisa Agrícola Municipal Cereais, Leguminosas e Oleaginosas (PAM-CLO). Em 2006, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas conhecidos como grãos - foi de 117,3 milhões de toneladas, 4,1% superior à de 2005. Paraná (19,8%), Mato Grosso (18,9%), e Rio Grande do Sul (17%) foram os grandes responsáveis pelo crescimento, puxado pela soja e pelo milho, que representaram 44,3% e 36,1% da safra, respectivamente. Em 2006, a área plantada dos grãos teve redução de 5,2% (2,5 milhões de hectares) em relação a 2005. O valor da produção caiu 15,1% (R$ 7,3 bilhões, em termos nominais). Na comparação com 2004, a queda chega a mais de R$ 22 bilhões (35,4%).
Das culturas que apresentaram ganhos de produção em 2006, a soja foi o grande destaque, quebrando um novo recorde nacional, com safra de 52.464.640 toneladas, 2,5% superior à de 2005. O índice positivo não impediu, no entanto, que o grão sofresse redução de 3,9% da área colhida e que seu valor de produção caísse 15,1%. O segundo lugar no ranking dos grãos coube ao milho, que registrou um aumento de 21,5% na produção, recuperando-se dos efeitos das estiagens que afetaram a região Sul. Soja e milho foram responsáveis, respectivamente, por 44,3% e 36,1% do total de grãos produzidos no país, conforme mostra o gráfico a seguir.
A falta de chuvas regulares contribuiu para uma redução de 5,2% na área plantada de grãos no país em 2006. O resultado representou 2,5 milhões de hectares a menos e interrompeu uma seqüência de crescimento que se mantinha desde 2001. Também houve diminuição de 15,1% no valor da produção frente a 2005, equivalente a R$ 7,3 bilhões em termos nominais. Comparada a 2004, essa queda chega a mais de R$ 22 bilhões (-35,4%). O trigo e o arroz foram os produtos com as maiores reduções de produção: respectivamente 2.193.854 e 1.668.429 toneladas a menos. Elas devem-se principalmente à menor área plantada pelos agricultores, desestimulados pelos baixos preços desses produtos no mercado.
Paraná volta ao topo do ranking e produz 19,8% dos grãos do país
O Paraná liderou em 2006 a produção de grãos, concentrando 19,8% da safra do país. Foi seguido de perto por Mato Grosso (18,9%) e Rio Grande do Sul (17%), que se recuperou, após ter sido atingido por severa estiagem em 2005.
O Paraná é o maior produtor de feijão, milho, trigo, triticale, aveia e cevada e o segundo maior de soja. A diversidade de produtos permite que, em caso de danos a alguma cultura, outra possa compensar o prejuízo, diminuindo os impactos na economia do estado. Além do clima, a utilização de tecnologias, como o plantio direto e a rotação de culturas, favorece essa variedade de produção, proporcionando o plantio de lavouras de verão e de inverno em uma mesma área.
Em Mato Grosso, a soja respondeu por cerca de 70% da produção. O estado também é o maior produtor de algodão herbáceo do país. Em 2005, o Mato Grosso havia ultrapassado o Paraná, vítima das estiagens. Em 2006, além da recuperação do Paraná, as produções de soja e algodão herbáceo de Mato Grosso apresentaram reduções de -12,2% e -14,6%, respectivamente.
São Desidério (BA) assume liderança no valor da produção; Sorriso (MT) é o maior produtor em volume
Os principais municípios produtores de grãos reduziram o valor de sua produção em 2006. No topo do ranking para esse indicador, figurou São Desidério (BA), que, apesar das quedas de 17,6% no volume de produção e de 16,8% no valor da safra, superou Sapezal e Campo Verde, ambos de Mato Grosso, que tiveram reduções ainda maiores, devido à menor produção e aos preços mais baixos de seus principais produtos: soja, milho e algodão herbáceo. A queda do dólar nos últimos anos diminuiu a margem de lucro dos produtores, principalmente os da região Centro-Oeste, que pagam um frete maior para exportar seus produtos.
O município de Sorriso (MT) foi o maior produtor nacional de grãos em 2006, com 2.238.315 toneladas, um aumento de 9,6% frente a 2005. Mesmo assim, o valor da produção do município sofreu um decréscimo de 23,5%, acompanhando tendência do restante do estado.
Soja tem aumento de 6,7% na produtividade
Em 2006, foi alcançado um novo recorde de produção de soja no país. Foram colhidas 52.464.640 t, que superaram em 1% o recorde anterior, de 51.919.440 t colhidas em 2003. A área plantada somou 22.082.666 ha, 5,7% menor que a de 2005; por sua vez, o rendimento médio foi de 2.380 kg/ha, 6,7% maior que o registrado em 2005, ano em que a sojicultura do Rio Grande do Sul foi bastante afetada pela estiagem, tendo o menor rendimento médio de todos os tempos (654 kg/ha).
Os seis principais estados produtores de soja em 2006 foram Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Entre os 20 maiores municípios produtores, o destaque foi Sorriso (MT), que concentrou 3,4% do total da soja brasileira, mantendo a primeira colocação no ranking nacional, embora sua produção tenha sido 0,8% menor que a de 2005. Em Goiás, Jataí e Rio Verde foram os destaques. Na Bahia, o grande produtor foi São Desidério.
Rio Grande do Sul recupera participação na safra de milho
A produção nacional de milho, considerando as duas safras, totalizou 42,7 milhões de toneladas, 21,5% acima do alcançado em 2005. A área colhida foi de 12.612.077 ha, com um rendimento médio de 3.382 kg/ ha. A região Sul teve a maior participação na produção nacional do milho 1ª safra. Na 2ª safra, a maior contribuição foi do Centro-Oeste, que tem grande parte de suas terras agrícolas ocupadas com soja na época da primeira safra. As condições climáticas irregulares de 2004 e 2005 não se repetiram em 2006.
Os seis estados maiores produtores de milho foram Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso e Goiás. O Rio Grande do Sul, após as duas últimas safras frustradas pela falta de água, passou da oitava posição em 2005 para a terceira posição em termos de participação nacional.
No Brasil, 5.317 dos 5.564 municípios (95,6%) plantam milho - é o produto agrícola de ocorrência mais generalizada. Lucas do Rio Verde (MT) manteve-se na liderança em termos de volume produzido em 2006, com um total de 596.030 t.
Área plantada cai, mas rendimento médio do arroz é recorde
Em 2006, a produção nacional de arroz somou 11.524.434 toneladas, 12,6% a menos que em 2005. O recuo ocorreu principalmente devido à redução da área plantada em Mato Grosso, onde foram semeados apenas 287.974 ha em 2006, contra 855.067 ha no ano anterior e, desse total, 8.161 ha foram totalmente perdidos por causa de intempéries climáticas. Em razão disso e da queda no rendimento médio, de 2.651 kg/ ha para 2.576 kg/ ha, a produção de arroz de Mato Grosso sofreu redução de 68,1%, somando apenas 720.834 toneladas.
Nacionalmente, porém, em 2006, o arroz teve recorde de rendimento médio (3.881 kg/ ha), fortemente influenciado pelas lavouras do Rio Grande do Sul, principal produtor nacional e onde estão todos os 20 municípios maiores produtores de arroz. Além do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Maranhão e Pará também se destacam na cultura do grão.
Unaí (MG) supera Cristalina (GO) na produção de feijão
A produção nacional de feijão em 2006, considerando-se as três safras do produto, foi de 3.455.918 t, 14,4% maior que a de 2005 e superando o recorde de 1994 (3.369.684 t). Isso ocorreu em face dos bons preços praticados no mercado, sobretudo na 1ª e 2ª safras. Também é importante ressaltar o aumento na produtividade, decorrente, em geral, de condições climáticas favoráveis.
O produto é cultivado em todo o território nacional sendo que cinco estados (PR, MG, BA, SP e GO) foram responsáveis por cerca de 64,2% do total produzido. Em 2006, o Paraná retomou a liderança, que havia sido perdida para Minas, e colheu 818.015 toneladas, 23,7% do total nacional. São Paulo também suplantou Goiás, com uma produção de 296.270 toneladas (8,6% da safra nacional).
Os 20 maiores municípios produtores de feijão, com um total de 595.777 toneladas, responderam por 17,2% da produção nacional. O maior produtor foi Unaí (MG), com um total de 75.900 t (2,2% da produção nacional). Cristalina (GO), com uma produção de 64.200 t (1,9%), caiu da primeira para a segunda colocação.
Produção de algodão herbáceo cai 20,9% em 2006
A produção nacional de algodão herbáceo (em caroço), em 2006, foi de 2.898.721 t, 20,9% menor do que a de 2005. O decréscimo deveu-se à retração da área de colheita, que foi de 898.008 ha, 28,6% menor que em 2005, devido aos baixos preços do produto na comercialização da safra de 2005.
Em Mato Grosso, maior produtor nacional, responsável por quase metade da produção do país, a área colhida foi de 392.408 ha; e a produção, de 1.437.926 t. Comparativamente à safra anterior, houve quedas de 18,7% e 14,6%, respectivamente. As perspectivas são desfavoráveis para o produto no estado, conseqüência dos baixos preços no mercado, do alto custo de produção da cultura e da dificuldade de obtenção de novos financiamentos. Goiás e Mato Grosso do Sul também tiveram decréscimos na produção, de 53,0% e 46,6%, respectivamente, devido a menores áreas plantadas.
Na Bahia, segundo maior produtor nacional, a queda na safra foi de apenas 1,5%, bem menor que nos demais estados. O município baiano de São Desidério teve a maior produção (374.230 t ou 12,9% do total nacional e 42,9% do estadual). Graças às condições climáticas favoráveis e a um programa de incentivo ao desenvolvimento da cultura, o oeste baiano vem se destacando nos últimos anos como uma das principais regiões produtoras de algodão herbáceo do país, onde sobressaem Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Formosa do Rio Preto, Correntina e Riachão das Neves.
Trigo tem a pior safra em cinco anos
A produção nacional de trigo em 2006 foi de 2.464.936 toneladas, 47,1% inferior à de 2005 e a menor dos últimos cinco anos. Com os produtores descapitalizados, em razão das dificuldades enfrentadas nas duas últimas safras, como a estiagem e os baixos preços obtidos na comercialização, ocorreu uma queda de 25,1% na área plantada. Além disso, a implantação das lavouras com baixa tecnologia e a ocorrência de geadas provocaram uma redução de 19,9% no rendimento médio. A baixa cotação do dólar em relação ao real tem favorecido o aumento das importações, o que também desestimulou os produtores e contribuiu para determinar a queda da área plantada.
Paraná e Rio Grande do Sul, responsáveis por 50,2% e 33,4% da produção brasileira, respectivamente, foram os que mais sofreram com esses problemas, reduzindo suas produções em 55,3% e 40,8%. Nesses estados, as altas temperaturas em junho e julho também aumentaram os problemas fitossanitários. Muitos Capões (RS) foi o maior município produtor de trigo do país, com 54.000 toneladas, um aumento de 42,9% em relação a 2005. A recuperação deveu-se à melhor produtividade da lavoura. No Paraná, entre os principais municípios produtores, Assis Chateaubriand e Tibagi, foram os mais afetados pela redução da área plantada e pelo rendimento médio, sendo ultrapassados por Muitos Capões.
Jataí (GO) é maior produtor de sorgo
Em razão dos baixos preços, houve redução de aproximadamente 67.000 hectares (8,5%) na área colhida de sorgo em 2006. Por outro lado, a produtividade cresceu 15,2%, devido à melhor distribuição das chuvas no período, o que resultou num acréscimo de 5,4% na produção em 2006.
Goiás continua sendo o maior estado produtor, com 35,4% da produção brasileira. Mato Grosso ocupa a segunda posição. Com um aumento de 24,2% na produção, em razão do melhor rendimento médio, o município de Jataí (GO) passou a ser o primeiro produtor nacional de sorgo, com 63.360 toneladas, ultrapassando Rio Verde e Montividiu, também em Goiás.
Ricardo Bergamini
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