O coração de D. Pedro não podia ficar fora dessa

Um dos últimos pedidos de Dom Pedro I foi de que o seu coração fosse preservado na cidade do Porto, em Portugal, onde recebeu apoio nos seus últimos dias. O governo brasileiro solicitou o coração para homenageá-lo no sete de setembro. Portugal atendeu ao pedido, mesmo temendo que o coração se perca ou estrague. 

A história vai registrar que em 2022, uma ex-colônia, recebeu o coração do ex-colonizador, para participar da celebração do bicentenário de sua Independência, e que foi entregue nas mãos do impiedoso ‘caçador da rainha má’, também conhecido como o homem da casa de vidro. 

De volta à ex-colônia, o coração do Imperador se assustou ao perceber que o país não progrediu como o resto do mundo. Com capacidade de desenvolvimento industrial, as fábricas estavam com as portas fechadas e o país parecia retroceder aos primórdios da colonização, época da monocultura agrícola. 

Nas metrópoles as pessoas vivam como no tempo da escravidão, dormiam nas ruas e faziam filas nas padarias por um pedaço de pão, doentes morriam sem atendimento nos postos de saúde, moleques gazeteavam perambulando pelas vias sem escolas, saqueadores invadiam casas para roubar. 

O imperador da atualidade parecia não se importar com a miséria do seu povo. Prevaricava na compra das vacinas, debochava de doentes, não se compadecia dos mortos e seus familiares; permitia o desmatamento e queimadas nas florestas e o genocídio dos povos indígenas; 

De caráter violento, fazia apologia à tortura e facilitava o acesso às armas para que se montassem milícias urbanas e no campo de apoio ao seu governo; defendia homens ricos condenados e pastores evangélicos picaretas; 

Atacava a imprensa, mulheres jornalistas, homossexuais, negros, militantes de outras legendas, urnas eletrônicas, países vizinhos e parceiros comerciais; estimulava manifestos antidemocráticos e a xenofobia regional. 

A ex-colônia estava um caos na economia, educação, saúde, meio-ambiente, segurança pública, enquanto o Imperador organizava extensas motociatas pelo país para demonstrar sua popularidade nociva e limitada. 

O que mais impressionou o coração impulsivo e mulherengo de Dom, causando até inveja, foi o poder das Capitanias Hereditárias centralizadas em nome da mãe, filhos, irmãos, primos, ex-mulheres e ex-cunhados do Imperador.  

Contudo, havia um clima de mudança no país, e isso fez com que o sentimento de frustração da guerra perdida na Cisplatina ficasse à flor do átrio, então o coração de Pedro percebeu que o Imperador também estava para perder a sua e que sofria, como ele, uma forte crise e resistência da sociedade brasileira. 

O coração do Imperador D. Pedro I, se não se perder ou estragar, vai voltar para Portugal com a certeza de que mesmo aumentando a sua artilharia para furar o teto de gastos, assinando decretos anticonstitucionais que beneficiam temporariamente eleitores necessitados, tudo indica que o pseudo Imperador vai sucumbir à preferência do povo, que sente saudade de um dos seus, pelo bem de todos e felicidade geral da nação. 

Ricardo Mezavila 

 

 

 


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Mezavila Ricardo