Crianças palestinianas sofrem maus-tratos nas cadeias israelitas

Crianças palestinianas sofrem maus-tratos nas cadeias israelitas

Os menores palestinianos detidos em cadeias israelitas são alvo de maus-tratos físicos e verbais, revelou uma comissão palestiniana. Na sua maioria, os jovens - alguns com 12 anos - são acusados de atirar pedras.

A Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos publicou um relatório no domingo passado, com base nos testemunhos de 45 menores de 18 anos de Jerusalém Oriental que se encontram detidos na prisão israelita de Damon, noticiou o jornal egípcio em língua árabe al-Youm al-Sabe'.

De acordo com a fonte, a que a PressTV teve acesso, as crianças afirmaram ter sido severamente espancadas pelas chamadas forças «Nahshon», que os acompanharam nas transferências entre a cadeia e os tribunais e entre o presídio de Damon e outras prisões.

Os jovens afirmaram que os militares israelitas lhes deram socos e pontapés em todo o corpo, além de os insultarem, tanto nas viaturas de transporte como nas salas de espera dos tribunais.

Um dos prisioneiros mais velhos em Damon, responsável pelas crianças no cárcere israelita, destacou o agravamento da situação, afirmando que têm vindo a aumentar os casos de maus-tratos verbais e físicos por parte das forças israelitas, e que as marcas das tareias são visíveis nas caras e nos corpos dos menores quando estes regressam às suas celas.

Esta fonte, consultada pela Comissão, acrescentou que foram apresentadas de imediato queixas às autoridades prisionais, sem qualquer resposta.

De acordo com o relatório, os agentes da unidade conhecida como «Nahshon», que tem a seu cargo as prisões e as transferências dos prisioneiros palestinianos entre prisões e para os tribunais, obrigam regularmente os menores a despirem-se - com o pretexto de os inspeccionar -, invadem as suas celas e mexem nos seus pertences.

Organizações palestinianas estimam que, actualmente, haja nas cadeias israelitas cerca de 5700 prisioneiros palestinianos, 500 dos quais estão presos sob o regime de detenção administrativa, que permite a Israel manter prisioneiros palestinianos na cadeia, sem acusação formal ou julgamento, por períodos de seis meses, prorrogáveis indefinidamente.

«Uma viagem ao inferno»

Em Junho último, uma comissão, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação com as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos».

«Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender», lia-se no texto da ONU.

No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção».

De acordo com o texto, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores.

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Foto: al-Monitor.com

 


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Timothy Bancroft-Hinchey