OIT defende o reforço da contratação colectiva e dos salários

Portugal é um dos países onde a proporção dos salários no rendimento nacional mais diminuiu, refere um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O documento sugere o reforço da regulação do mercado de trabalho através do reforço da contratação colectiva e do aumento do salário mínimo.

De acordo com o Relatório Global da OIT sobre salários, que será hoje apresentado em Lisboa, Portugal foi um dos países analisados onde mais caiu a proporção dos salários no rendimento nacional, passando de 60% do total do rendimento nacional em 2003 para os 52% em 2014 , «com consequências sociais e económicas negativas», refere a agência Lusa citando o relatório.

«No domínio social, dissocia o crescimento económico do crescimento salarial, o que pode ser percepcionado como injusto por um largo sector da sociedade, pondo em causa a coesão social», refere o relatório.

Segundo o documento, no domínio económico, pode ser prejudicial para o crescimento, uma vez que «a evidência empírica demonstra que, na maioria dos países, um aumento da proporção dos lucros no rendimento nacional não aumenta o investimento, mas diminui o consumo privado, uma vez que a propensão a consumir a partir dos salários é superior à propensão a consumir a partir dos lucros».

Esta é uma tendência internacional, uma vez que num total de 133 países analisados entre 1995 e 2014, esta proporção caiu em 91 países, manteve-se constante em 10 e aumentou apenas em 32, refere a Lusa.

A OIT explica a tendência global de queda desta proporção com a «divergência persistente entre a produtividade média do trabalho e os salários reais».

Para inverter esta trajectória, o relatório sugere a cada país o reforço da regulação do mercado de trabalho, nomeadamente através do reforço da contratação colectiva e do aumento do salário mínimo. Estas medidas foram também consideradas pela OIT como uma boa forma de reduzir as desigualdades salariais, que têm vindo a aumentar desde 1995. Segundo o relatório, Portugal «é um dos países mais desiguais».

Com Lusa

 

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Timothy Bancroft-Hinchey