Rússia se diz "desapontada" com cancelamento de reunião

Rússia se diz "desapontada" com cancelamento de reunião entre Obama e Putin -  Decisão veio após concessão de asilo para o ex-analista da CIA Edward Snowden


A decisão do presidente norte-americano Barack Obama de cancelar a reunião que teria em setembro com seu colega russo Vladimir Putin deixou o Kremlim "decepcionado", segundo afirmou nesta quarta-feira (07/08) Yuri Ushakov, conselheiro da Presidência da Rússia.


"Estamos decepcionados com a decisão do governo norte-americano de cancelar a visita do presidente Obama a Moscou, que estava prevista para o início de setembro", declarou Ushakov, de acordo com agências de notícias russas. Ele também disse que era "evidente" que o cancelamento se deveu à situação do ex-analista da CIA Edward Snowden, que a Rússia "não criou".


No dia 1º de agosto, o Kremlim decidiu conceder asilo temporário de um ano a Snowden, que permaneceu por mais de um mês na zona de trânsito do aeroporto de Sheremetievo, em Moscou. Os Estados Unidos se disseram "desapontados" com o acontecimento e, hoje, cancelaram a reunião que Obama teria com Putin às vésperas do encontro do G20, previsto para setembro na cidade de São Petersburgo.


"Está claro que essa decisão está relacionada com uma situação que nós não criamos", afirmou Ushakov. "Esse problema mostra que os EUA continuam despreparados para construir uma relação de igualdade". A Casa Branca justificou o cancelamento da reunião pelo fato de "não haver suficiente progresso recente em nossa agenda bilateral para a realização de uma cúpula EUA-Rússia no início de setembro".


Washington chegou a reconhecer que a decisão da Rússia de conceder asilo temporário a Snowden "foi um fator" que influenciou na decisão, mas mencionou também a "falta de avanços" em temas como a defesa antimísseis, as relações comerciais e assuntos de segurança global e de direitos humanos, entre outros.


Ushakov, por sua vez, reiterou que Moscou não pode entregar Snowden aos EUA, apesar da grande insistência norte-americana, porque os dois países não possuem um acordo bilateral de extradição.


"Através dos anos, os norte-americanos se recusaram a assinar um acordo de extradição [com a Rússia] e constantemente recusaram nossos pedidos para entregar indivíduos que haviam cometido crimes na Rússia, referindo-se à falta de tal acordo", informou Ushakov.


Apesar disso, o conselheiro de Putin acrescentou que "os representantes russos estão dispostos a seguir trabalhando no futuro com seus parceiros americanos sobre todas as questões cruciais da agenda bilateral e multilateral".


Para Andrey Klimov, vice-presidente da Comissão de Assuntos Internacionais do Soviete da Federação Russa, a decisão dos norte-americanos mostrou que os EUA vão prontamente "sacrificar sua relações bilaterais com a Rússia" por causa de sua "agenda interna".


Ele também afirmou que os russos não vão "esquecer esse comportament, mas ele não pode, de jeito nenhum, ser um sinal do início de uma nova Guerra Fria", acrescentando que há "problemas demais" nos quais os EUA e a Rússia ainda precisam trabalhar juntos.


Mesmo com o cancelamento da reunião, Obama ainda deve participar da reunião da cúpula do G20, grupo que reúne as maiores potencias mundiais, que ocorrerá nos dias 05 e 06 de setembro em São Petersburgo.
Opera Mundi

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Timothy Bancroft-Hinchey