FARC: Convocamos a um pacto pela não violência na campanha eleitoral

Convocamos a um pacto pela não violência na campanha eleitoral

Escrito por Conselho Político Nacional - Farc

"Às vítimas do conflito, lhes reiteramos o compromisso de assumir nossas responsabilidades e cumprir com os propósitos de reparação integral, nas condições assinaladas pelo Acordo Final. Às pessoas humildes, aos colombianos e às colombianas lhes reafirmamos nosso compromisso por qualificar a contenda política democrática e por lutar e pela consecução das transformações que nossa sociedade reclama"


Uma característica comum de todo acordo de paz consiste em que os que recorreram ao levantamento armado para a transformação da ordem social desistem dele e fazem deixação de armas para transitar à vida legal e dar continuidade a seus propósitos através da contenda política aberta e democrática.

No nosso caso, subscrevemos os acordos de Havana sob o entendido que com sua implementação devem ser geradas condições para empreender um ciclo de reformas exigidas historicamente pela sociedade colombiana. Como um componente deles, se combinou algumas condições particulares para nossa participação política.

Reconhecemos a aprovação do marco constitucional que deu vida legal ao Partido, definiu condições excepcionais de representação no Congresso e de financiamento; ademais, a criação e posta em marcha da Jurisdição Especial para a Paz, à qual -apesar de suas notórias alterações- nos acolhemos.

Temos cumprido plenamente o pactuado e, apesar de manifestos descumprimentos na implementação do Acordo Final, decidimos participar na atual contenda eleitoral. As restrições e limitações são proeminentes:

Ainda assim, nos pusemos à altura do momento histórico a fim de consolidar a perspectiva da paz democrática com justiça social, da reconciliação nacional e de oferecer com nossas propostas programáticas resposta aos graves problemas que afetam a economia e a população colombiana. Nossa candidatura presidência, encabeçada por Rodrigo Londoño, Timo, e as do Senado e Câmara são a manifestação desse propósito.

Às condições e restrições assinaladas se acrescentaram eventos de orquestrada sabotagem a nossa campanha, que transcendem o legítimo direito ao dissenso e ao protesto, e derivaram em indesejáveis fatos de violência política. Se não se controlar a tempo e se escalar, tal como ocorreu no passado, podem conduzir a um novo genocídio político e ao desencadeamento de um novo ciclo de violência. Tais fatos são auspiciados por estruturas criminais descentralizadas porém coordenadas, de tipo fascista, que encontram eco em variadas expressões da ultra direita, opostas sistematicamente primeiro à solução política, e agora à perspectiva de superar a guerra para uma nova etapa de construção democrática da sociedade.

Nos vimos obrigados à suspensão temporária de nossa campanha eleitoral nos territórios. Manteremos tal suspensão enquanto não apreciemos uma mudança significativa nas assinaladas circunstâncias adversas.

Enquanto isso, acordamos:

Às vítimas do conflito, lhes reiteramos o compromisso de assumir nossas responsabilidades e cumprir com os propósitos de reparação integral, nas condições assinaladas pelo Acordo Final, tal como esperamos ocorra com todos aqueles que participaram de maneira direta ou indireta na longa e dolorosa contenda militar.

Às gentes humildes, aos colombianos e às colombianas, lhes reafirmamos nosso compromisso por qualificar a contenda política democrática e por lutar com toda paixão possível pela conquista das transformações que nossa sociedade reclama.

 

POR UM GOVERNO DE TRANSIÇÃO PARA A MUDANÇA E A RECONCILIAÇÃO

CONSELHO POLÍTICO NACIONAL

 

Tradução > Joaquim Lisboa Neto

 


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Pravda.Ru Jornal