Locarno: De retorno os autores de Little Miss Sunshine

Foi aqui em Locarno, na Piazza Grande, que começou a carreira de sucesso do filme em todo o mundo e no Brasil, de Little Miss Sunshine. Jonathan Dayton e Valerie Faris, os cenaristas e realizadores estão de volta com outro filme, destinado também ao sucesso.

Trata-se de Ruby Sparks, nome da personagem do jovem escritor Calvin, que, de repente, sai praticamente de sua máquina de escrever para se transformar numa mulher real em carne e osso e pela qual ele se apaixona.

Inicialmente, Calvin mantém distância dessa jovem alegre, viva e inteligente, imaginando ser uma visão ilusória de sua excessiva imaginação. Porém, a dúvida se desfaz, quando seu irmão vindo lhe visitar encontra Ruby Sparks em sua casa. Os três almoçam, conversam e fica evidente ser real a namorada de Calvin.

Intrigado, Calvin explica, à parte, para seu irmão não saber como explicar aquela materialização de sua personagem. O irmão não fica convencido e pede uma prova para Calvin de que Ruby é personagem de romance e não uma jovem real. Calvin vai até a máquina de escrever e bate uma frase, segundo a qual a jovem Ruby fala francês. E imediatamente ouvem Ruby lhes chamando em francês.

Calvin exige de seu irmão não contar a ninguém essa incrível capacidade de manipular uma personagem com sua escritura, porém logo surgem alguns problemas. Calvin percebe estar manipulando Ruby e tenta lhe tornar uma personagem livre, porém isso lhe causa sofrimento, pois Ruby descobre outras amizades, quer estudar arte e nem sempre volta para dormir em casa. Até que, consciente de ser uma personagem irreal e manipulada Ruby se revolta e vai embora, enquanto Rubin se conscientiza da irrealidade vivida e troca de máquina mecânica para um computador.

O filme lembra outro recente, embora com história diferente, de Woody Allen, Meia Noite em Paris, no qual o escritor por um passe de mágina à meia-noite, vive com escritores e personagens de um romance em fase de escrita. Porém, Ruby Sparks é mais explícito - o escritor, como um Pigmalião, cria e controla a vida real da personagem, como os escritores fazem com suas personagens fictícias e não materializadas ou encarnadas.

Conjugando a escrita com a cena real, o filme pode parecer um bem sucedido exercício de estilo. Feito pelo casal diretor, o filme reúne um casal real de atores Paulo Dano e Zoe Kazan, por sinal a neta do grande cineasta Kazan. Antonio Banderas faz o personagem do irmão do escritor Calvin.

 Rui Martins

 


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Pravda.Ru Jornal