Povos do Território Indígena do Xingu lutam contra a Covid-19

Campanha da Associação Terra Indígena Xingu busca apoio para garantir o isolamento social e a saúde dos 16 povos que vivem no território
 
“A doença chamada Covid-19 despertou novamente lembranças de um passado tenebroso”, com esse apelo, a Associação Terra Indígena Xingu (Atix) lançou uma campanha para garantir que os 16 povos que vivem no Território Indígena do Xingu (TIX) possam permanecer em suas aldeias e se proteger do avanço da pandemia do novo coronavírus.
Por meio do departamento de Mulheres Indígenas do Xingu, a associação se mobilizou para adquirir mantimentos, itens de higiene, e instrumentos de agricultura para garantir a colheita e a segurança alimentar durante o período do isolamento.


Canarana, cidade referência para muitos povos que vivem no TIX, já tem cinco casos da Covid-19 confirmados e possui apenas um respirador. Já Querência, vizinha da Terra Indígena Wawi, que também faz parte do TIX, contabiliza dez casos. Enquanto o número de contaminados cresce nas cidades mais próximas ao território, a infraestrutura de saúde se mostra insuficiente para atender a população. A proliferação do vírus entre povos mais vulneráveis preocupa indígenas e parceiros, por isso o recado é claro: “o melhor remédio é ficar na aldeia”.

Os indígenas têm alertado para os perigos da Covid-19 por meio da lembrança das memórias dos antigos sobre os períodos de epidemia de gripe, varíola e sarampo, que assolaram o Xingu no período dos primeiros contatos com os não indígenas. “O meu avô não tinha irmãos, todos foram mortos pelo sarampo”, conta Watatakalu Yawapaliti, coordenadora do departamento de mulheres da Atix.
Münain Katupulá Mehinako, tio avô de Watatakalu, lembra que após uma ida a Brasília em 1961 contraiu o sarampo e retornou à aldeia sem saber que já carregava a doença em seu corpo: “Eu já estava com o sarampo dentro de mim e não sabia, pois não tinha os sintomas.! Retornei para a aldeia e no dia seguinte me deu febre. Eu fui o culpado pela morte das mulheres Mehinako”.

 
“Não sei por onde vai entrar, não receberemos o aviso de que está chegando a doença! Ela não dá sinal, estão entendendo? Obedeçam! Meus parentes! Não contrariem isso”. Os brancos também estão preocupados com eles mesmos e estão se escondendo.Vamos ser dizimados, como na época do sarampo! Estão ouvindo? A doença é silenciosa, ela não avisa. Vocês estão entendendo?”, pede Münain.


“Não queremos que a história se repita”, pedem na campanha. "E as poucas reservas que a gente tinha estão acabando. É por isso que precisamos do seu apoio!" reitera Tariwaki Kaiabi Suiá.
Ajude os xinguanos a se manterem protegidos em suas aldeias! A data limite para doação é dia 12 de junho. Acesse aqui a campanha.

Isabel Harari e Silia Moan
ISA

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Pravda.Ru Jornal