O embaixador chinês na França, Lu Shaye, desencadeia discussões históricas na Europa

O embaixador chinês na França, Lu Shaye, disse no canal de TV LCI que a Crimeia era historicamente russa e continua sendo até hoje.

Os jornalistas perguntaram ao diplomata a qual país a península pertencia. Lu Shaye disse que Nikita Khrushchev deu a Crimeia à Ucrânia em 1954.

"Depende de como você percebe o problema. Existe a história. A Crimeia era originalmente russa", disse Lu Shaye.

O embaixador chinês também acrescentou que os países da ex-URSS não têm um status real de acordo com a lei internacional, já que não há nenhum tratado internacional que especifique seu status como estados soberanos.

"No direito internacional, mesmo esses países da ex-União Soviética não têm o status, o [status] efetivo no direito internacional, porque não há nenhum acordo internacional que materialize seu status como um país soberano", disse ele.

As autoridades ucranianas criticaram o embaixador e disseram que as observações de Lu Shaye foram contrárias à posição oficialmente declarada de Pequim sobre o conflito ucraniano.

Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, também criticou as declarações de Lu Shaye sobre a Crimeia e os países pós-soviéticos.

"A UE só pode supor que essas declarações não representam a política oficial da China", disse Borrell.

De acordo com o Le Monde, 80 parlamentares europeus escreveram uma carta pedindo à ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, que declarasse o embaixador chinês em Paris, Lu Shaye, persona non grata devido à sua negação da soberania dos países da ex-URSS.

A carta afirma que Chaillet "confirmou publicamente que as ex-repúblicas soviéticas não têm status válido na lei internacional, observando que não há nenhum acordo internacional que possa especificar seu status".

"Além de representar um profundo insulto à história, à cultura e à integridade fundamental das nações envolvidas, as palavras do embaixador procuram minar os princípios fundamentais dos quais dependem as relações diplomáticas previsíveis. Não cabe à China - ou a qualquer outra nação - questionar a soberania de outras. A soberania não é um brinquedo diplomático, mas o núcleo indispensável das relações internacionais, do direito internacional e da Carta das Nações Unidas", diz a carta.


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Petr Ermilin