1º Congresso Mundial sobre Marxismo em Estado Comunista

"Oferecemos aos presentes três canais de tradução simultânea" - explicou um dos organizadores. - 

"Não queremos que o idioma inglês domine, como antes, todos os nossos eventos. 
Nesse Congresso Mundial, os idiomas oficiais são chinês, russo e inglês" 
(Sobre o mesmo evento ver também Pensadores marxistas chineses e russos reunidos
1/11/2015, Andre Vltchek, New Eastern Outlook (ing.)
(Adiante, alguns excertos traduzidos [NTs]).
___________________________________________________

O primeiro congresso mundial sobre marxismo em estado comunista de toda a história aconteceu na Universidade de Pequim, dia 10/10/2015. Mais de 400 especialistas em marxismo e em estudos chineses, de mais de 20 países e regiões participaram dos dois dias de seminário sobre "Marxismo e o Desenvolvimento da Raça Humana".

O congresso convidou vários professores e especialistas mundialmente conhecidos, dentre os quais o prof. Samir Amin, economista marxista egípcio, e Roderick MacFarquhar, professor da Universidade de Harvard e especialista em questões chinesas. Em termos de escala e nível dos especialistas convidados, deve ter sido a mais importante reunião de especialistas internacionais no campo dos estudos do marxismo jamais realizado na China.

Simultaneamente, realizaram-se oito subfóruns e três sessões especiais - com convidados e conferencistas reunidos para discutir os complexos problemas da sociedade contemporânea, estudar e partilhar a experiência chinesa, promover a comunicação, a disseminação e o desenvolvimento do marxismo - e para promover o avanço da civilização mundial na direção de construir uma comunidade de destino fraterno para toda a humanidade.

Lin Jianhua, presidente da Universidade de Pequim, presidiu a cerimônia de abertura do Congresso. Na sequência, vários especialistas apresentaram suas conferências. 

Samir Amin elogiou a contribuição do marxismo chinês contemporâneo para a civilização humana: "nos estudos e na reflexão sobre o marxismo, temos todos de olhar o marxismo chinês, que é reflexo realista da vitalidade e da popularidade do pensamento marxista."

Roderick MacFarquhar disse que a noção de "sonho chinês" exposta pelo presidente Xi deve ser tomada como desenvolvimento inovador do marxismo, que terá efeito construtivo no desenvolvimento humano. 

Na tarde de 10/10/2015, e manhã do dia seguinte, aconteceram oito subfóruns que reuniram especialistas chineses e estrangeiros, sobre vários tópicos, dentre os quais "Origem e Desenvolvimento do Marxismo", "Marxismo e Cultura Científica", "Marxismo e Globalização", dentre outros. Além dos subfóruns, realizaram-se três sessões especiais, com conferências dos especialistas presentes e diálogos ativos, quando os especialistas interagiram com os presentes. 

O Congresso Mundial sobre Marxismo foi encerrado na tarde de 11/10/2015. Na cerimônia de encerramento, foi apresentado o "Consenso dos Especialistas reunidos no Congresso Mundial sobre Marxismo", no qual se destacou que o marxismo, renovado ao longo do tempo, ainda tem potência como luz-guia para a sociedade humana do século 21, para ajudar o povo a livrar-se da miséria.


*****

Pensadores marxistas chineses e russos reunidos
1/11/2015, Andre Vltchek, New Eastern Outlook (excertos)

Um dos conferencistas, conhecido pensador russo, professor Aleksandr Buzgalin da Universidade Estatal de Moscou, disse que "Rússia e China têm excelentes precondições para construir pontes".

O professor Buzgalin falou sobre a União Soviética: "Na URSS, vivíamos na cultura mundial, não em alguma cultura local, fechada. Em nosso país se imprimiram mais edições de livros de Shakespeare e Hemingway, que nos EUA e Grã-Bretanha". E continuou: "Para nós, cultura não é roupas de moda, mas o que cada um pode fazer por nosso povo, pelo povo da Índia ou da África."

Falou sobre dois grandes países, China e Rússia, e sobre cooperação futura que pode levar a criar um mundo no qual o progresso não seja aferido pela balança comercial, mas pela produção artística, científica e pelas condições de educação. "Nova ordem cultural mundial" - como a chamou -, "com raízes na gigantesca área científico-cultural bilíngue sino-russa."

Sua esposa, professora de Direito e Finanças na Universidade de Moscou, Liudmila Bulavka-Buzgalina, argumentou adiante que "o potencial criativo da personalidade não significa capital humano, que não passa de medida monetária (investimento) para o desenvolvimento, e reduz as qualidades e valores humanos ao lucro, como meta de todas as ações humanas."

O professor Li Shenming, diretor do Centro de Pesquisa sobre Socialismo Mundial e vice-diretor da Comissão para Assuntos Internos e Judiciários do Congresso Nacional do Povo, empenhou-se na defesa do marxismo chinês e mundial:


"Alguns dizem que o 'espectro do marxismo' já nos deixou, mas não, não deixou! Flutua por aí, como sempre, nos observando. Nunca nos separamos dele!"


Um após o outro, especialistas chineses, russos e do resto do mundo falaram sobre cultura, marxismo, a República Popular da China e nosso atormentado (principalmente pelo imperialismo ocidental), mas maravilhoso planeta.

"A cultura chinesa é uma das quatro únicas civilizações globais que não foram interrompidas" - disse Zhang Quanjing, ex-presidente do Departamento de Organização do Comitê Central do PCC. "Graças ao marxismo e ao comunismo, sob a liderança do Partido Comunista, nossa nação sobreviveu e prosperou (...) Encontramos a cultura durante a Revolução, com todo seu valor espiritual." 

O camarada Zhang falou sobre a Cultura Vermelha e sobre como sempre se opôs à opressão e à superstição religiosa.

"A cultura pertence ao povo, não a alguma minoria" - concluiu. - O comandante Mao disse, em 1945, que arte e cultura têm a ver com princípios e devem servir ao povo." 

Que tremendo otimismo! Cuspiu na cara de todos o niilismo sombrio que está começando a espalhar-se pelo ocidente com a propaganda distribuída pela mídia-empresa de massa, terríveis filmes de depressão e horror e dogmas religiosos.

Nasceu o Fórum Cultural Mundial!

"É realmente necessário estabelecer o "Fórum Cultural Mundial" que realmente reflete o desejo dos trabalhadores de todo o mundo" - disse o professor Cheng Enfu, diretor da Divisão Acadêmica de Estudos Marxistas. Disse que o espírito do marxismo deve ser amplamente divulgado por todo o mundo.


*****


Os organizadores convidaram-me a falar ao final do Fórum, para resumir os tópicos que haviam sido tão apaixonadamente discutidos ao longo daqueles dois dias. Que grande honra!

Contei sobre os últimos quatro anos, durante os quais viajei pelo mundo reunindo provas, expondo as tais 'revoluções' 'coloridas', 'guarda-chuva' e outras do mesmo tipo. Disse a eles sobre as ações subversivas que o ocidente planeja e executa para confundir, desencaminhar e até destruir todos e quaisquer movimentos, governos e até países inteiros que sejam realmente revolucionários e marxistas. 

Falei-lhes do livro que escrevi, 840 páginas - Exposing Lies of The Empire, que nasceu dessa minha jornada complexa e difícil.

"O papel dos atos subversivos, hostis e, do ponto de vista da lei internacional também ilegais, cometidos por países ocidentais durante anos, décadas e séculos sempre foi um e o mesmo: quebrar, destruir toda e qualquer resistência contra o controle do mundo pelo ocidente. Todos e quaisquer governos de pensamento independente que tenham servido principalmente ao próprio povo, foram atacados em algum momento e, com raras exceções dentre as quais China, Cuba, Venezuela e Vietnã, completamente arrasados." 

Os acadêmicos russos me abraçaram (...) e convidaram-me a falar em Moscou e São Petersburgo - cidade onde nasci. Os camaradas chineses trataram-me como se eu fosse russo. Todos tão calorosos. Estávamos, afinal, no mesmo barco. Afinal.

Levei a eles a mensagem da América do Sul, continente que se tornou meu lar adotivo por tantos anos: "Nossas revoluções latino-americanas estão agora sob ataque direto do ocidente. Agora que vemos nascer sob nossos olhos e graças aos nossos esforços comuns, essa maravilhosa unidade entre China e Rússia, por favor não se esqueçam de Venezuela, Equador, Cuba e outras nações orgulhosas que também estão na linha de frente da luta contra o imperialismo ocidental e o fascismo. 

Há hoje no mundo três grandes centros de resistência anti-imperialista: China, Rússia e América Latina. E a América Latina é a parte mais vulnerável, que luta hoje pela própria sobrevivência."

Há também, claro, outros grandes países - Síria, Irã, África do Sul e Eritreia, que se levantaram firmemente contra o terror ocidental. Mas aquele encontro, aquele show de unidade, foi rápido demais para discutir todas as dificuldades pelas quais passa o nosso mundo; claramente, foi só o começo. Mas que grande começo! No futuro, nada e ninguém será deixado para trás. *****

13/10/2015, Zhang Xinyu, PKU News Center

 


Author`s name
Pravda.Ru Jornal