A longevidade é um imenso desafio

longevidade é um imenso desafio

por Floriano Pesaro, sociólogo

Ainda imersos nas urgências que nos trouxe a pandemia do novo coronavirus, assuntos correlatos - em especial da área social - que foram postos temporariamente de lado, merecem nossa especial atenção. Um deles é o envelhecimento acelerado da população brasileira. Os idosos brasileiros representavam 2,6 milhões da população geral em 1950; foram para 21,8 milhões em 2018; devem terminar este ano em 29,9 milhões; e, por fim, alcançar 72,4 milhões em 2100, segundo dados divulgados pela Divisão de População da Organização das Nações Unidas.

Trata-se de um crescimento exponencial que demanda políticas públicas focalizadas por parte do Governo e conhecimento apurado da sociedade para que nossas idosas e idosos sejam respeitados e tenham seus direitos garantidos. Nesse contexto, é fundamental termos à mão ferramentas que nos possibilitem difundir valiosas informações e conhecimento.

A pandemia do novo coronavirus jogou luz a uma série de problemas sociais e econômicos que já detinham nosso conhecimento há muito tempo. Eles foram agudizados e as populações vulneráveis tiveram suas condições ainda mais precarizadas.

Um boa porção da população idosa vive com menor renda e sob precárias condições de habitabilidade, exposta a uma doença que lhe atinge de forma agravada e viu-se sem amparo médico adequado, orientações de isolamentos e cuidados especiais por parte das famílias e, muitas vezes, em abrigos que não respeitavam um protocolo mínimo de segurança e saúde.

Além disso, não menos lamentável, assistimos a comentários nas redes sociais, logo no início da pandemia, minimizando a doença por "só matar os idosos". Esses são sinais claros de um sintoma já por nós conhecido: há um desconhecimento da agenda da pessoa idosa no Brasil tanto no Governo, quanto na sociedade e esse tema deve ser tratado com urgência - tão logo, se tudo correr bem, todos engrossaremos as fileiras desse grupo populacional.

Enquanto esse tema vem, aos poucos, tomando relevância na agenda pública nacional, a comunidade judaica já se atenta há muito para a importância dos cuidados com as pessoas idosas, tanto por razões religiosas, quanto civilizatórias, que permeiam, ambos, nossa existência e nossas atitudes. Além dessas ações individuais e de famílias, nossa comunidade também é famosa pelas instituições que, há muitos anos, se dedicam integralmente, ou em parte, a esse grupo.

O Residencial Einstein, mantido pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, o Núcleo de Convivência dos Idosos da Unibes, o curso de Formação de Cuidadores de Idosos, uma realização da CIP em parceria com a OLHE, Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento, com apoio do Einstein, e o serviço de alimentação do Ten Yad são bons exemplos, este último, em especial, reforçou a entrega das refeições garantindo segurança alimentar durante a pandemia.

A Hebraica, sob comando do nosso presidente Daniel Leon Bialski, junta forças nesse coletivo de entidades judaicas que respeita o passado e pensa no futuro. São inúmeras ações no clube durante todo o ano voltadas ao envelhecimento ativo e aos cuidados com os mais idosos. Em especial, nesse período de pandemia, o clube têm sido referência em lives que mantem os sócios ativos, informados e partícipes de um coletivo social, característica tão importante para nossa saúde mental.

Construir políticas públicas voltadas às pessoas idosas, compartilhar conhecimento técnico e didático sobre o tema, promover ações, de forma individual ou coletiva, que assegurem os direitos dessas pessoas são atitudes civilizatórias, à primeira vista. Caso fuja essa concepção da vista de alguns, basta lembrá-los que, do ponto de vista individual, estaremos nós, em breve, cerrando as fileiras do envelhecimento.

Foto: By User:Dantadd - Own work, CC BY-SA 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1842137

 


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Pravda.Ru Jornal