Tempo quente

Dizem que um mal não vem sozinho.

            A afirmação não é só brasileira; muitos povos a repetem.  O fato é que depois de cessadas as passeatas que protestavam contra irregularidades comprovadas no governo federal, parecia que uma trégua estava estabelecida. Só parecia.

            Fechou o tempo de paz que Dilma Rousseff estava desfrutando.  Em plena campanha para a eleição do ano que vem, fazendo inaugurações de pequenas obras no Rio Grande do Sul, explodiu a notícia de que o Tribunal de Contas da União havia apurado superfaturamento em sete obras federais, uma delas a da rodovia BR-448, situada nas cercanias de Porto Alegre, capital do Rio Grande.  A presidente ficou furiosa, afinal estava inaugurando obras visando o pleito e as manchetes tiraram o pequeno brilho que estava conseguindo, já que a importância das mesmas não é grande.

            Passado o primeiro desconforto, vem o segundo.  Um dos ministros mais chegados a presidente, Fernando Pimentel, da pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior teve os seus bens pedidos como garantia de pagamento de dívida, por superfaturamento de obras públicas quando era prefeito em Belo Horizonte, Minas Gerais.

            Como estes dois fatos não bastassem, o Supremo Tribunal Federal acaba de concluir que as penas aplicadas aos réus do chamado mensalão devem ser cumpridas por elementos de proa do PT, como José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, em regime semiaberto, aquela onde o sentenciado apenas dorme na prisão.  É obrigado a recolher-se às seis horas da tarde.

            Ora, para quem está fazendo força para ganhar votos, a carga foi pesada contra.  Em todos os acontecimentos mencionados, a causa original é corrupção.  Um fato grave e que nada ajuda a imagem da candidata.

            Por falta de líder fortemente politizado, como eram Ulisses Guimarães e Leonel Brizola, o Partido dos Trabalhadores vem perdendo o crédito que tinha quando foi fundado.  Seus melhores nomes, como o senador Cristovão Buarque, por exemplo, migraram para outras legendas.    

Jorge Cortás Sader Filho é escritor

 


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Pravda.Ru Jornal