22º curso anual do NPC

22º curso anual do NPC

Comunicação popular e sindical como ferramenta de mobilização contra as forças retrógradas da sociedade

Confira entrevista exclusiva de Claudia Giannotti, coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação, ao Terra Sem Males sobre os objetivos e a importância do Curso Anual do NPC.

[Por Paula Zarth Padilha - Terra Sem Males]

Estão abertas as limitadíssimas inscrições para a 22ª edição do Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, entidade de formação da mídia popular e sindical no Brasil, idealizada pelo saudoso Vito Giannotti. Em 2016, são apenas 180 vagas, direcionadas a jornalistas, intelectuais, dirigentes sindicais. A programação deste ano debate o tema central "Fusão da mídia com o Estado e a manipulação de consciências". De acordo com Claudia Santiago Giannotti, que assumiu a coordenação do Núcleo e decidiu com a equipe do NPC continuar na formação popular após o falecimento de Vito, em julho de 2015, a abordagem vai retratar os desafios da comunicação no Brasil desde a ditadura militar.

"A preparação para a implantação da ditadura militar no Brasil foi precedida de uma forte campanha através do instituto PES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) fundado em 1961 por altos empresários brasileiros para veicular propaganda para desestabilizar o governo do presidente João Goulart. Depois de dado o golpe, coube às organizações Globo a função de mantê-los no poder. Vamos ver isso didaticamente no curso com João Braga Areas. Na mesma mesa, Francisco Fonseca vai falar de uma a mídia sustentou a implantação do projeto neoliberal no Brasil e Luís Felipe Miguel sobre a articulação do golpe de 2016. Tudo isso arrematado pelo conhecimento histórico e filosófico do professor Nilson Lage, que formou centenas de jornalistas brasileiros.  Esse tema também vai estar presente na mesa "Os donos da mídia e suas ramificações" com Venício Lima, Maringoni e Eduardo Granja Coutinho", relata Claudia.

Acesse aqui informações sobre os debatedores.

Além da programação oficial, o curso permite aos participantes a integração aos movimentos populares do Rio de Janeiro, como uma visita noturna guiada ao morro Santa Marta.  "Já é tradicional a visita à favela Santa Marta, em Botafogo, devido à proximidade que temos com pessoas que moram lá e que são do curso de Comunicação Popular do NPC. Todos os anos o repper Fiell organiza uma turma e leva para conhecer a localidade que tem uma das vistas mais belas do Rio, com direito a parada no Bar do Zé Baixinho, que é um grande amigo nosso. Neste ano de 2016 a manhã de domingo vai estar liberada para que as pessoas possam passear pelo Rio, a cidade maravilhosa. Se quiserem poderão ver de perto as mudanças que ocorreram na cidade em função dos megaeventos e ter a sua opinião a respeito", convida.

 

Terra Sem Males - Quais são os principais desafios que vão nortear os debates do 22º curso anual do NPC?

 

Claudia Santiago Giannotti - Análise de conjuntura, análise do resultado das eleições e o papel dos meios de comunicação nisso tudo. São eles onipresentes e onipotentes, como nós afirmamos no Núcleo Piratininga de Comunicação?  E a mídia sindical, popular, qual o peso que ela tem na disputa de hegemonia? As questões não são novas, porém estamos diante de um intensivo ataque das forças da direita, das forças retrógradas da sociedade, o que nos obriga a estudar muito, conversar muito e produzir comunicação organizadamente. Com foco, com objetivo e com muita qualidade. E com muita proximidade com os trabalhadores. Fazer juntos a comunicação. Nos sindicatos, nos bairros, nas favelas. Uma comunicação que aglutine, seja participativa, que os leitores sejam também seus produtores.

  

Quais são as novidades deste ano para quem já participou nos anos anteriores?

 

Volto na questão da conjuntura. Não estamos mais vivendo o sonho contado no cinema por Oliver Stone e Tariq Ali, no filme "Ao Sul da Fronteira". Não estamos vivendo momentos de Fórum Social Mundial e de esperança em dias melhores para os trabalhadores. Estamos debaixo de um retrocesso do ponto de vista da perda de direitos laborais, como também do ponto de vista do simbólico, da censura, da Lei da Mordaça que vai atrapalhar bastante a vida dos professores. Estamos em um momento de insegurança institucional.  Assim, a novidade é enfrentar esse momento político. Uma das mesas que considero muito importante é a que vai tratar das batalhas da mídia desde 1964 até os dias de hoje. Ou seja, em eu batalhas os meios de comunicação se envolveram de lá para lá. Na verdade vamos pensar desde Vargas e Juscelino Kubitschek. Outra novidade é que vamos trazer Francisco Louça, um dos criadores da Frente de Esquerda de Portugal para discutir com os brasileiros sobre os desafios dos trabalhadores na Europa neste momento.

 

Qual o objetivo do NPC com a realização desse encontro anual?

 

Preparar a classe trabalhadora para seus desafios no campo da comunicação. Ajudar os trabalhadores a entender que sem comunicação não tem tesão de mudar o mundo.

 

Quantas pessoas já participaram do curso em todos esses anos?

 

Essa é a pergunta mais difícil. Umas três mil pessoas, talvez. Começamos com pouquinhos em um convento, em São Paulo, umas 40 pessoas. Depois viemos para o Rio, outro convento, em Santa Tereza, umas 50 pessoas. Daí pulamos para um hotel com cem pessoas, depois para o Sindipetro com 120 e passou para 300 pessoas por ano. Nos últimos anos têm participado cerca de 300 pessoas, mas algumas se repetem ano após ano.

 

Qual a importância da participação de dirigentes e jornalistas sindicais nessa oportunidade de formação via NPC?

  

É uma oportunidade única de encontrar praticamente todos os setores da esquerda brasileira, do rosinha ao roxo, como dizia nosso coordenador Vito Giannotti, falecido em 24 de julho do ano passado. Se encontrar e debater políticas de comunicação com professores, jornalistas, diplomatas, policiais. Sair daqui fortalecido para enfrentar os tremendos desafios que temos pelo frente hoje.

 

Até quando as inscrições podem ser feitas? Serão aceitas inscrições no local?

  

As inscrições estão terminando. Temos apenas 180 vagas este ano. Decidimos fazer o curso todo centralizado em um hotel e isso nos obrigou a nos adequarmos ao tamanho do salão. Não poderão ser feitas inscrições no local. Acesse aqui para saber mais e fazer sua inscrição.

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Pravda.Ru Jornal