Colômbia: Cúpula Agrária anuncia mobilizações "a partir de agosto" após encontro com Santos

Depois de se reunir anteontem, quinta-feira, com o presidente Santos por cerca de três horas, os líderes da Cúpula Agrária caracterizaram o modelo de negociações que já leva mais de um ano como "um fracasso" e chamaram as organizações a que "comecem a se mobilizar por acordos descumpridos em temas estruturais e de política social".

Fonte: Colombia Informa

A reunião que a delegação da Cúpula sustentou com o primeiro mandatário contou, ademais, com a presença dos ministros do Interior e da Agricultura, do Assessor Presidencial para os Direitos Humanos, dos vice-ministros de Minas e Defesa; de um delegado do Departamento Nacional de Planejamento e do vice-fiscal geral da Nação. O encontro teve como propósito revisar o estado da negociação da lista de exigências e o cumprimento dos acordos assumidos pelo governo nacional; de igual forma, abordou a situação dos direitos humanos das comunidades e das garantias para a mobilização. Jimmy Moreno, porta-voz nacional do Congresso dos Povos e integrante da Cúpula Agrária, explicou: "Expressamos ao presidente nossa preocupação pela pouca vontade política assumida por seu gabinete para a solução das reivindicações e o cumprimento dos acordos pactuados desde o ano passado".

"Esta foi a oportunidade para reiterar a Santos que as políticas refletidas no Plano Nacional de Desenvolvimento, a agenda legislativa proposta por seu governo, a violação sistemática de direitos humanos e a falta de garantias vão na contramão das reivindicações construídas pelas organizações inscritas na cúpula e da paz que os colombianos tanto ansiamos", ressaltou Moreno.

Frente ao tema de garantias para a mobilização e direitos humanos, os delegados da cúpula foram enfáticos. Enquanto o modelo continuar atuando de maneira agressiva, o número de violações de direitos humanos continuará crescendo no país. Prontamente se solicitou agilizar os processos de investigação pelas 19 pessoas assassinadas durante as jornadas de paralisação do ano anterior; além disso, proceder com o esclarecimento de diferentes ameaças às comunidades e a vários dirigentes sociais. Finalmente, se pactuou um compromisso para buscar fórmulas que destravem os processos judiciais das pessoas detidas durante os protestos dos anos 2013 e 2014.

Com relação ao Fundo de Fomento Agropecuário, recurso que se acordou depois das negociações da Paralisação Nacional Agrária, o presidente Santos se comprometeu em garantir os duzentos e cinquenta bilhões de pesos para a viabilidade e execução dos projetos formulados pelos processos e pelas organizações sociais.

Outro tema crucial na discussão com o governo nacional teve a ver com o fracasso do modelo de negociação da lista de exigências assumida depois da Paralisação Agrária de 2014. Jimmy Moreno explicou que até o momento a equipe de negociação do governo não expressou vontade política para cumprir os acordos, comportando-se nas reuniões com uma atitude indiferente e de pouco compromisso com as comunidades. Ante esta situação, se criará uma comissão entre delegados do governo e delegados da Cúpula Agrária, com mediação da Organização das Nações Unidas -ONU-, para construir uma nova metodologia que permita avançar de forma diligente nos oito pontos da relação de exigências. "Se bem que se tenha avançado em dois pontos [mineiro-energético e economia própria], há uma série de propostas às quais não se lhes deu resposta. Por tal situação, lhes demos um prazo de quinze dias a um mês para que nos respondam sobre as inquietações que saíram em relação a estes pontos", explicou Moreno.

A mobilização não dará espera

A cúpula é clara neste tema e sua assembleia assim o definiu. Se insistirá na negociação com o governo, porém esse cenário não limitará as organizações para convocar a futuras mobilizações; toda vez que se vêm implementando uma série de políticas como o Plano Nacional de Desenvolvimento, não cessam as ameaças, a militarização e o despojo dos territórios. "Necessitamos que as organizações comecem a se mobilizar por uma série de acordos descumpridos em temas estruturais e política social. Fazemos um chamamento às comunidades e às distintas mesas regionais para que nos juntemos a partir de agosto aos processos de mobilização, protesto e exigência de nossos direitos", concluiu Moreno.

Equipe ANNCOL - Brasil

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