Uma lição em Demonologia: Russofobia e a psique ocidental

Se você quer controlar alguém, deixe-o com medo. Se você quiser se justificar, crie um “eles” para justificar o “nós”. Um estudo em Russofobia, uma doença ocidental

Eu poderia, suponho, terminar o artigo antes de começar. Quero dizer, tudo o que eu teria que fazer é afirmar que o orçamento militar coletivo dos estados membros da OTAN em sistemas de armas para assassinar pessoas, destruir infraestruturas (e famílias) para que projetos bilionários de reconstrução ​​possam ser entregues a amigos é de um vírgula dois trilhões de dólares por ano, todos os anos. Isso é mais de mil biliões de dólares e que em um único ano seria mais do que suficiente para erradicar a pobreza, globalmente, para sempre.

Rússia preenche todas as caixas

Como funciona? Bem, é fácil. A OTAN é nada mais nada menos que um clube que funciona como a vanguarda dos lobbies das Armas, Banca, Comida, Drogas, Energia e Finanças. O fato é que se precisa de um inimigo poderoso para justificar sua existência. E a Rússia preenche todas as caixas.

O exército russo é o mais bem equipado do mundo, sua aviação militar é incomparável, seus sistemas de mísseis explodiriam qualquer cabeça de ponte da OTAN em pedaços e a afundariam em uma cratera de meio quilômetro de profundidade e dez quilômetros de largura. Em qualquer parte do planeta. Em três segundos. Possui recursos, grande riqueza mineral e é líder em reservas de petróleo e gás natural. As pessoas são educadas e seus soldados ... bem, perguntem a Napoleão e ao Hitler.

Mas o problema é que a Rússia não faz nada, de facto, em termos belicosos. Quero dizer, quando foi a última vez que a Rússia invadiu a Europa sem ser provocada (a Wehrmacht de Hitler foi responsável por 26 milhões de mortes soviéticas)? Portanto, para perpetuar o mito de que a Rússia é perigosa, para justificar a existência do clube da OTAN, ou a Rússia deve ser provocada ou então mentiras devem ser contadas.

A OTAN fede quando se trata do direito internacional

Vamos ver como opera a OTAN. A Geórgia atacou e assassinou soldados da paz russos na Ossétia do Sul em 2008 e planejava enviar tropas para a Abkházia (ambos atos em contradição direta com o direito internacional em vigor, nomeadamente as obrigações da Geórgia ao abrigo da Constituição da URSS, que obrigava os Estados-Membros a realizarem referendos para resolver questões de nacionalidade, que a Geórgia se recusou a fazer). Mas a OTAN não tem reputação tão boa quando se trata de seguir o direito internacional, pois não?

A reação ocidental? Em vez de contar a história como ela era, eles viraram-na de cabeça para baixo e do avesso e disseram que a Rússia invadiu a Geórgia, com imagens de TV de mísseis "russos" disparando para o sul quando na verdade eram mísseis georgianos disparando para o norte. Eu próprio fui rotulado de “louco” quando contei a verdade, na altura, numa entrevista a uma estação de rádio no Canadá. A resposta da Rússia? Uma campanha de pacificação comedida e gentil para reduzir as tensões. Isso significa que tudo o que você precisa fazer é pegar uma história da mídia ocidental sobre a Rússia, virá-la de cabeça para baixo, ao avesso e você começa a chegar perto da verdade.

Seguiu-se uma miríade de provocações no cenário internacional, em que o Ocidente atacou a Sérvia, a Líbia e a Síria e orquestrou um golpe fascista na Ucrânia (2014), destituindo o Presidente democraticamente eleito e substituindo-o por um regime que realizou massacres de cidadãos russófonos no leste da Ucrânia, em meio a gritos de “Morte a russos e judeus” nas ruas de Kiev. Quanto disso foi relatado na mídia ocidental? Senhoras de limpeza, avós, estranguladas com fio de telefone por escroques fascistas e o quê é que a mídia ocidental disse? Nada, como sempre.

Na verdade, a mídia ocidental alguma vez disse a verdade? Onde estão os relatórios de países da OTAN brincando com terroristas na Líbia nas próprias listas de grupos proscritos da OTAN? Repito, usando terroristas nas suas próprias listas de grupos proibidos? Onde estavam os relatórios de violações da OTAN das Resoluções do Conselho de Segurança 1970 e 1973 (2011), na Líbia? Vejam por exemplo meu documento de acusação contra OTAN pelos seus actos criminosos na Líbia, metendo na busca: https://english.pravda.ru/opinion/119534-indictment_nato/

Sabem o que aconteceu? Nada. O Tribunal da Haia nada fez porque tem de ser um Estado e não uma pessoa individual a proferir um indiciamento destes, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos fechou-se em silêncio, as minhas contas de mídia sociais foram invadidas por um jooj30@hotmail.com e as plataformas nada fizeram para proteger as contas. Se não tivesse escrito a minha lista de contactos a mão, teria perdido milhares de fontes, e ainda por cima recebi ameaças de morte e mensagens de ódio dizendo que iriam colocar meu cão em ácido. Olhem, em bom português, e peço desculpa, para o tipo de filhos da puta e cabrões de merda com que estamos lidando.

Tudo o que vemos é uma enxurrada constante de histórias negativas sobre a Rússia, acompanhadas com imagens negativas sobre o "regime" (em vez do governo democraticamente eleito), sobre uma "ditadura" (que é um insulto à Rússia e suas instituições, porque o presidente é eleito democraticamente), sobre os chamados "líderes da oposição" (o líder da Oposição é o líder do segundo maior partido político, o Partido Comunista da Federação Russa, não criadores de problemas à margem da sociedade russa que ganhar um punhado de votos, tipo Kasparov no passado e aquele ...como se chama... Navalny ou quê, agora) e referências de uma palavra ao líder, “Putin”. No entanto, eles dizem Joe Biden, Boris Johnson, Angela Merkel. É Vladimir Putin, ou se quiserem Vladimir Vladimirovich.

Muito é relatado sobre os programas de ajuda dos EUA e da Grã-Bretanha no exterior, com fotos de sacolas com “US AID” ou o emblema da União (Union Jack do Reino Unido) estampados na parte lateral de sacos de arroz, muito pouco ou nada é mencionado sobre a ajuda russa no exterior em situações de emergência, muitas vezes a primeira a chegar, anonimamente, porque Moscovo/Moscou não faz alarde de eventos monopolizando a câmera e dizendo “Olhem todos, vejam como ajudamos”. Moscou/Moscovo arregaça as mangas, mãos ao trabalho, poucas palavras e mais acções.

Pouco é relatado sobre as atrocidades perpetradas por terroristas apoiados pelo Ocidente na Síria, forças que a Rússia ajudou as autoridades sírias a derrotar. E nada é dito sobre os deploráveis ​​registros de direitos humanos dos próprios países da OTAN, rápidos em criar e semear mentiras e apontar o dedo quando, após uma análise mais aprofundada, as coisas não são o que relatam.

Quantos cidadãos dos EUA ou do Reino Unido já ouviram a triste história das Ilhas Chagos? Ai não sabem? Pois, onde toda a população foi presa e deportada pelos britânicos, que gasearam seus animais de estimação, repito, que gasearam seus animais de estimação e depois entregaram o território a quem mais? Chefe da cama, EUA. Bem-vindos à OTAN, senhoras e senhores. :-)

Menos arrogância, mais boa vontade

Então, talvez se houvesse um pouco menos de agressividade e um pouco mais de boa vontade, este mundo seria um lugar melhor. É bastante óbvio que a mudança terá que ser assumida pelas bases, os ativistas políticos nos níveis mais baixos, porque na política, quanto mais você sobe, maior o fedor dos lobbies que desejam perpetrar as mentiras para justificar sua nojenta existência. Há exceções, claro mas quantos parlamentares/senadores/congressistas não estão ligados aos Lobbies, directa ou indirectamente?

Portanto, talvez seja hora de responsabilizar os representantes políticos pela situação em que nos encontramos hoje. Um mundo que enfrenta um temeroso vírus, um mundo poluído do fundo dos oceanos até ao espaço, um mundo sem qualquer direito internacional funcional, um mundo sem direitos iguais (tudo depende de um “passaporte”, documento de merda que dita quem você é e quais os seus direitos, dependendo de um acidente, onde nasceu). Mais boa vontade, mais cooperação, mais colaboração internacional e menos beligerância, provocação e orquestração de conflito?

Somos capazes disso? Pessoalmente, duvido.

Pravda.Ru

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Timothy Bancroft-Hinchey