O dilema do 'ocidente' depois da derrota em Debaltsevo

O que fazer de Poroshenko?!
18/2/2015, Moon of Alabama - http://www.moonofalabama.org/2015/02/obamas-dilema-after-debaltseve-what-to-do-about-poroshenko.html


"Apesar de todos termos dado o melhor de Nós - do valente combate das forças militares e navais, da diligência e da assiduidade de Nossos funcionários públicos, e do devotado serviço de Nossos cem milhões de cidadãos - a situação da guerra desenvolveu-se não necessariamente para benefício do Japão" (Imperador Hirohito reconhecendo a derrota do Japão).


O presidente fantoche da Ucrânia, Petro Poroshenko deveria fazer discurso semelhante. Não há dúvida alguma de que a situação da guerra na Ucrânia desenvolveu-se não necessariamente para benefício de seu governo. Mas Poroshenko fez discurso (veja abaixo) muito mais delirante, muito mais sem-noção que a fala-cortina de Hirohito.

Há seis dias, vários milhares de soldados do governo ucraniano foram cercados no bolsão de Debaltsevo. A única estrada em direção a linhas amigas foi minada e ficou sob fogo direto e indireto da oposição. Houve várias tentativas para escapar do cerco, pelos que estavam dentro, e de invadir o cerco, por soldados ukies que estavam fora; todas foram derrotadas, com altas perdas de vida e materiais.

Desde ontem, e depois de vários dias de preparação, as tropas das Repúblicas Populares de Donestk e Lugansk, atacam ininterruptamente a cidade. Anunciaram que cerca de 3 mil soldados de Kiev foram mortos e cerca de mil renderam-se e foram presos. Umas poucas centenas escaparam a pé durante a noite e hoje cedo chegaram a Artemivsk, controlada pelo governo, a cerca de 30km ao norte de Debaltsevo. Outros fugiram para o sul, para longe das próprias linhas, penetrando no caldeirão. Logo serão capturados. Quantidades enormes de armas e munição foram deixadas para trás, entregues aos federalistas. Repórteres em Artemivsk viram chegar 40-50 mortos e 200 feridos. Foram feridos e mortos, disseram os repórteres, durante a fuga sob fogo, não antes, em combates em Debaltsevo. Os que escaparam vivos dizem que foram abandonados por Kiev, entregues à própria sorte e reclamam dos superiores.

A reunião chamada "Minsk-2" foi arranjada em ritmo de emergência pela chanceler alemã Merkel, quando a situação em torno de Debaltsevo já estava gravemente deteriorada. Mas durante as negociações em Minsk, Poroshenko sempre repetiu que não havia cerco, nem bolsão, nem caldeirão, e que suas tropas tinham perfeito controle da situação. O presidente francês tentou explicar-lhe a real situação em campo, mas nada conseguiu.

Acertou-se um cessar-fogo, mas os protocolos não fizeram qualquer referência direta à situação em Debaltsevo. Os federalistas, bem razoavelmente, concluíram que o bolsão estava dentro de suas linhas reconhecidas e poderia ser eliminado sem romper as linhas gerais acertadas para o cessar-fogo. Ao longo dos últimos dias, nada se ouviu, de protesto do 'ocidente' sobre esse movimento. Haveria aí um 'de acordo' silencioso, para induzir Poroshenko a mastigar a própria gravata, como Saakashvili mastigou? (O mesmo Saakashvili que é agora conselheiro pessoal de Poroshenko.)

O que acima se lê é a realidade. Na página do governo da Ucrânia, leem-se os delírios de Poroshenko, em discurso hoje.  (...) 

Não há muitos jornalistas 'ocidentais' em Debaltsevo, mas em breve começarão a aparecer relatos sobre a verdade das baixas do exército ucraniano naqueles combates. Será muito difícil esconder tudo.

Então, será muito difícil para o 'ocidente' continuar a trabalhar com Poroshenko. Já se viu claramente demais que o homem está absolutamente descolado da realidade. Não será possível, daqui em diante, continuar a impô-lo à opinião pública como portador da verdade, cavaleiro galante do bem, em luta contra as obscuras forças putinescas russas.

O que farão o 'ocidente', Obama e seu neoconservadorizado Departamento de Estado?! Como reagirão?! Será que organizarão imediato golpe contra Poroshenko? Ou terão outros meios para se livrarem de fantoches já sem serventia? Ou para salvar a situação? ****** 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey