"Voltando à Vaca Fria" (VIII)

"Voltando à Vaca Fria" (VIII)

No espaço de cinco dias comemoraram-se dois acontecimentos, filhos de uma Revolução nascida há 44 anos festejada na rua com cravos vermelhos e vivas à "Liberdade".

                                                              Duas Datas... Dois Dias

                                                               o 25 de Abril... e, o 1º de Maio

No espaço de cinco dias comemoraram-se dois acontecimentos, filhos de uma Revolução nascida há 44 anos festejada na rua com cravos vermelhos e vivas à "Liberdade". Acabava-se o chamado obscurantismo "a Política de fazer alguma coisa com o objetivo de impedir o esclarecimento da massa por considerá-lo um perigo para a sociedade".

O poder instituído, era um estado de espírito oposto à razão e ao progresso intelectual e material. Vivia-se no medo de "abrir a boca", não havia lugar à livre expressão. À liberdade do nosso eu. A expressão dos nossos sentimentos e sensações. O vazio entre os ricos e os pobres era uma triste realidade. Com o golpe militar de 25 de Abril de 1974, com a deposição do poder da II República, gritou-se "Liberdade" naquele dia e, no dia 1 de Maio vimos de braço-dado lado a lado os embrionários partidos e centrais sindicais, a exigir a proteção dos trabalhadores.

Cantava-se Grândola Vila Morena, como se evocassem um novo e patriótico hino. Bradando em alta voz "Victória" e "Liberdade"... "Liberdade"! Quantas ilusões não se criaram nas cabeças das 8.754 milhões de almas que componham a população do país naquela data. Umas pela positiva e outras, chamadas de "cabecinhas pensadoras" que pensaram por a Liberdade festejada, só e só em seu proveito próprio. Ao longo dos 44 anos de vivência dita de Democrática muito por aí se viu e se vê desses últimos.

Muita briga de comadres, muitos actos pouco ortodoxos se viu, no período entre o 25 de Abril de 1974 e a entrada em vigor da Constituição a 25 de Abril de 1976 redigida pela Assembleia Constituinte eleita na sequência das primeiras eleições gerais livres no país, em 25 de Abril de 1975.  

Confirmou essa Constituição a garantia a todos os portugueses, os "direitos e liberdades individuais", salientando-se: Igualdade de todos perante a lei; Liberdade de expressão, de opinião, de reunião e associação; O direito à greva e à organização sindical; O direito ao trabalho, à segurança social e à protecção da saúde; O direito à educação.

Já se efetuaram ao longo dos 42 anos e de 23 Legislaturas, 7 revisões à Constituição estando em "águas de bacalhau" a Revisão constitucional de 2010 (XI LEG/2.ªSL com o patrocínio de S. Exa. o senhor presidente da República que diz que não vamos pensar agora em tal acontecimento. Há tempo para o fazer.

Mas da Liberdade aplaudida no dia 25 de Abril e do entusiasmo do dia 1º de Maio em relação ao Trabalho muito há a dizer bem assim aos Direitos e Liberdades referidos e expressos no "Livro das Leis" ou "Bíblia" dos políticos que a interpretam conforme a sua religião e interesses.

LIBERDADE: Falar de ética, é falar de Liberdade: - Liberdade para decidir entre o bem e o mal; Liberdade para decidir sobre o certo e o errado; Liberdade de conduta; Liberdade com responsabilidade

A ética faz as seguintes perguntas: - Isto é correto? - Isto é justo? - Esta prática está de acordo com o bem comum? Os que pensam assim antes de agir, tem carácter, sentido ético, coerência, honestidade. Quantos ao serviço dos cidadãos agem de conformidade?

Para Descartes, "age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas que precedem à escolha

 

A terminar deixai-me que pergunte: - Será que a Liberdade instituída na Constituição de 1976 que referimos no 4º parágrafo do presente escrito, está a ser vivida no seu verdadeiro sentido, por parte de ambos os protagonistas da república?

Referimo--nos aos cidadãos comuns, aos políticos e responsáveis pela gestão dos destinos do país quando o crime organizado alastra nas diversas áreas da sociedade, a corrupção se encontra na ordem do dia, a constatações públicas voltam em força à rua.

Li algures que " A questão da liberdade entra na história na medida em que o homem, para viver em sociedade, deve se adequar a normas sociais que atendam a necessidades da coletividade e não a particulares ou individuais, o que implica em por limites a sua liberdade individual"

"Os verdadeiros valores não perdem tendência nem saem de moda e ficam sempre bem a quem os tem"

                                                               (anónimo)

Continua: com e, o 1º de Maio

José Ventura

2018-05-04

O autor por opção não respeita o acordo ortográfico

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey